sábado, 04 de maio de 2024
"Meu pai era uma lenda"

Filha de construtor morto após espancamento contesta versão: "foi um assalto"

Ela acredita que Osmar Aparecido de Castro foi brutalmente assassinado por reagir a um assalto

24 Nov 2023 - 09h36Por Marcos Escrivani
Osmar e a filha Paola - Crédito: arquivo pessoalOsmar e a filha Paola - Crédito: arquivo pessoal

“Meu pai era uma lenda. Deus deu a ele sabedoria, uma enorme fé e muita determinação. Estão tentando sujar o nome dele, mas espero que a Justiça seja feita e a verdadeira história seja revelada”. Com esta frase, a arquiteta Paola Silva de Castro, 25 anos, definiu o caráter do construtor Osmar Aparecido de Castro, 51 anos, espancado até a morte na madrugada de sábado, 18, no Jardim Paulistano.

Na manhã desta sexta-feira, 24, o São Carlos Agora entrevistou a filha de Osmar, que não escondeu a sua dor, misturada com emoção e revolta, já que acredita que o pai teria reagido a um assalto.

“Ele (Osmar) ela uma pessoa batalhadora”, disse. Natural de Faxinal/PR, veio para São Carlos com pouco estudo ainda adolescente. “Ele tinha 16 anos e constituiu família. Tenho três irmãos. Meus pais se separaram quando eu tinha 7 anos, mas ele sempre foi presente, amoroso e muito carinhoso”, comentou Paola.

Orgulhosa, a filha disse que seu pai “começou por baixo”. “Era servente e foi aprendendo até se tornar um profissional excelente e estar sempre envolvido com a construção civil. Criou uma construtora e há dez anos mais ou menos, construiu imóveis em todos os bairros de São Carlos.

“Foi um assalto”

De acordo com Paola, sobre a tragédia que culminou com a morte do pai, ela disse que discorda da versão do boletim de ocorrência, onde da conta que tudo teria começado com Osmar entrou em um estabelecimento comercial com uma garrafa de uísque e teria agredido uma pessoa.

“Na minha opinião foi um assalto. Levaram dinheiro e a arma de fogo do meu pai (ele possuía licença para ter porte). Tentaram levar ainda a Hilux que ele lutou muito para ter. Ele foi covardemente espancado por 10 ou 12 pessoas. Juntaram e mataram meu pai. Ele não teve chance de se defender”, afirmou. “E quem disse que meu pai jogou a garrafa é a pessoa que acho que o assassinou. Quem deu essa versão é quem o matou”, repetiu.

Limpar o nome

Abalada emocionalmente, Paola disse que irá lutar para limpar o nome do seu pai. “Sujaram o nome dele com essas afirmações. Só quero Justiça. Tem pessoas que estão lendo notícias e fazendo um julgamento equivocado, onde não há nada de verdadeiro. Só quero Justiça”, reforçou.

Uma lenda, o legado

Indagada sobre o legado que o pai irá deixar para ela e seus irmãos, Paola não pensou duas vezes ao definir o caráter de Osmar. “Ele é uma lenda. Deus deu uma sabedoria enorme para ele. Além de muita fé e determinação. Foi um homem batalhador e agora o que fica é a dor da saudade. Nenhum filho espera enterrar um pai dessa maneira”, finalizou.

O que diz o BO

De acordo com o boletim de ocorrência registrado como homicídio, testemunhas disseram que Osmar estacionou a caminhonete Toyota Hilux na esquina das ruas Iwagiro Toyama e Raphael Di Tomazo e teria entrado em uma adega com uma garrafa de whisky vazia nas mãos e posteriormente teria atirado a garrafa contra a cabeça de um homem identificado como Samuel que estava passando perto de onde estava parada a caminhonete. Populares não teriam gostado da atitude de Osmar, iniciando-se as agressões mútuas e o tumulto.

Samuel então deixou o local junto com a namorada, enquanto que Osmar teria dado volta no quarteirão a pé e mesmo sendo advertido para não voltar, retornou e passou a ser brutalmente agredido com socos e chutes por pessoas que estavam em uma praça.  Mesmo caído, ele recebeu vários chutes no rosto. Duas mulheres que tentaram defendê-lo também acabaram agredidas. O Samu chegou a comparecer no local, mas Osmar faleceu antes da chegada do socorro.

Com a chegada da PM, os agressores e populares se evadiram. Já a caminhonete de Osmar foi encontrada a alguns quarteirões do local, com a porta danificada, porém os policiais não conseguiram descobrir quem colocou o veículo ali. Dentro da picape estava a carteira com dinheiro e o celular da vítima. Um pedaço de caibro e um par de chinelos foram aprendidos nas proximidades. Duas bicicletas que estavam abandonadas na praça também foram apreendidas.

O corpo de Osmar foi sepultado no último domingo no cemitério Nossa Senhora do Carmo, em São Carlos. Ele deixou quatro filhos.

Leia Também

Últimas Notícias