Crédito: Marcos EscrivaniCom 34 anos dedicados ao futebol, Carlos Guilherme Dalla Dea, são-carlense de nascimento e aos 48 anos é campeão mundial sub17 como técnico, título conquistado recentemente em território brasileiro, ao bater o México por 2 a 1. O Brasil já havia sido campeão em 1997, 1999 e o último, em 2003.
Mesmo no topo do futebol mundial em sua categoria, não perdeu a simplicidade que o acompanha desde o início de sua carreira e na manhã desta quinta-feira, 21, em um dos berços de sua formação, o estádio municipal Professor Luís Augusto de Oliveira, o Luisão, recebeu a reportagem do São Carlos Agora para uma entrevista exclusiva. Atencioso, simpático e coerente, respondeu a todas as perguntas.
Guilherme iniciou como a carreira como goleiro. Posteriormente passou a ser treinador de goleiros e técnicos nas categorias de base e profissional.
Em sua cidade natal, trabalhou no São Carlos Clube, Gol de Placa, Clube Atlético Paulistinha e São Carlos FC, onde chegou a dirigir o time profissional na Copa Paulista. Em 2012 foi contratado pelo São Paulo FC e em Cotia trabalhou a base. Está na Confederação Brasileira de Futebol desde 2015 e trabalhou na sub15 e agora na sub17 onde chegou ao ápice.
Com o título se disse realizado como pessoa e como profissional, mas disse que o futuro a Deus pertence. Sonha um dia dirigir um clube de expressão e quem sabe, a seleção brasileira principal. “Mas tudo ao seu tempo. Tenho que me preparar para isso”, disse.
A ENTREVISTA
TÍTULO MUNDIAL
É a realização de um sonho. Isso, desde garoto. Confesso que como jogador não tive esse dom. Então estudei, me preparei para ser técnico. E consegui tornar o sonho, uma realidade com o título mundial sub17.
OBSTÁCULOS
Encontrei muitos. Um dos mais doídos, a eliminação recente no sul-americano. Ser técnico de seleção é diferente. Primeiro porque em um clube, você vive o dia-a-dia com o atleta. Na seleção, são poucos dias. Então tem que ser muito objetivo, com ideias claras sobre o futebol. Como jogar, o que você pensa. A única certeza é que para torcida, tem que jogar bem e fazer bonito. Mas as dificuldades são imensas.
TALENTOS
Hoje, todas as seleções mundiais são organizadíssimas. Mas só nós, brasileiros, além da técnica, temos talentos precoces. Mas os adversários estão se preparando e se desenvolvendo para ter jogadores diferenciados. Logo-logo vamos encontrar muito mais dificuldades.
RESGATE DO ORGULHO
É muito bom saber que o torcedor brasileiro resgatou o orgulho e torcer com paixão pela seleção. Eu tentei formar uma equipe que jogasse bonito, mas que obedecesse a questão tática. Mas que em sua essência fosse um grupo ousado e técnico e com atuais verticais. Ser agressivo, mas ter responsabilidades. Respeitar o adversário e taticamente ser comprometido. Nossa seleção jogou assim e caiu no agrado do torcedor.
PACIÊNCIA
Com a seleção sub20, sub23 e principal, o torcedor tem que ter mais paciência. Tudo passa por uma fase de mudanças. Quando o Tite assumiu a seleção principal, resgatou a identidade, com um grupo alegre e envolvente. Nós vamos melhorar, mas é necessário paciência.
RESULTADOS
Acredito que a cobrança maior na seleção principal é pelo resultado. Por isso a responsabilidade aumenta para quem está no topo da pirâmide. Na base a pressão é menor. Já na principal, a necessidade é por resultado imediato. Mas tudo necessita de tempo. Por isso a necessidade de ter mais paciência.
FUTURO
Está nas mãos de Deus. Na semana que vem irei para o Sul-Americano sub15 observar os atletas, pois eles farão a partir de 2020, partir da seleção sub17. É o processo de renovação. Após isso, irei para o Rio de Janeiro e conversarei com o Branco e com o presidente Rogério Caboclo e ver a sequência do trabalho. No momento, quero agradecer a ambos pelo apoio, confiança e incentivo e que eles são parte fundamental na conquista deste mundial. Tive toda a retaguarda necessária para realizar um trabalho com metas que culminou com o título.
CLUBE PROFISSIONAL, SELEÇÃO
Hoje, não tenho nenhuma proposta na mão. Mas um dia sonho em dirigir um clube de expressão no Brasil. Mas hoje sou rotulado como treinador da base. Sei que está na essência de qualquer profissional galgar etapas em sua carreira. Sonho com ter chance no sub20, sub23, principal. Mas tenho que me preparar antes. Estudar mais, adquirir mais experiência. Ambição temos, mas sem pressa. Tudo ao seu tempo.
FELICIDADE PLENA
Tenho ciência que deixei todos os torcedores do Brasil felizes. Especialmente os são-carlenses que estão orgulhosos em dobro. Minha família, meus amigos. Quero que todos participem deste momento. Mas divido esta felicidade com todos os treinadores do nosso país. São eles os responsáveis pela seleção também. Trabalham forte para formar atletas. Então, parabéns para todos esses profissionais. Por isso espero ter representado bem nossa categoria e toda a cidade de São Carlos. Agradeço a todos o carinho que tenho recebido todos os dias.
Crédito: Marcos Escrivani
Crédito: Marcos Escrivani
Crédito: Marcos Escrivani
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