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Villa-Lobos em Violino e Voz será atração do projeto Em Concerto no Sesc São Carlos

12 Set 2017 - 10h17Por Redação
Foto: Divulgação - Foto: Divulgação -

O grupo Villa-Lobos em Violino e Voz se apresenta quinta-feira, 14, às 20h, com entrada gratuita. O O espetáculo é inédito e foi pensado especialmente para a segunda temporada do "Em Concerto". Ele é voltado para obras de Heitor Villa-Lobos para voz e violino - a maioria delas raramente apresentadas em nossas salas de concerto. Para isso, foram convidados ótimos músicos brasileiros. Soprano atuante não apenas no repertório operístico como na música de câmara e contemporânea, Caroline De Comi é uma das mais versáteis cantoras da nova geração. Cláudio Cruz é o grande violinista brasileiro da atualidade, além de um destacado regente de carreira internacional. O pianista Nahim Marun é descendente da grande tradição do piano brasileiro, detentor de prêmios em importantes concursos e ainda um pesquisador da música brasileira. O jovem violoncelista Rafael Frazzatto é um talento da nova geração que atualmente integra a Academia da Osesp.

Heitor Villa-Lobos nasceu no Rio de Janeiro a 5 de março de 1887, filho de Raul Villa-Lobos e Noêmia Umbelina Santos Monteiro. Teve sete irmãos e recebeu as primeiras lições musicais em casa. O pai, músico amador, tratou de ensiná-lo a tocar violoncelo (instrumento que ele próprio tocava) ainda criança, adaptando um espigão (apoio que fixa o instrumento ao chão) a uma viola. Além das aulas com o exigente progenitor, mais tarde Villa-Lobos passou a frequentar o ambiente musical boêmio carioca, tocando violão com os chorões, e consta que em 1904 matriculou-se no Instituto Nacional de Música para ter aulas de violoncelo num curso noturno - porém não existem registros de que tenha frequentado as aulas nos anos seguintes. De outro lado, ele também tocava em pequenas orquestras sinfônicas. É espantoso pensar que esse foi, provavelmente, todo o "estudo" que proporcionou a Villa-Lobos escrever o conjunto de sua obra - mesmo se levarmos em consideração que muito do que produziu caracterizou-se justamente por peculiaridades advindas da sua falta de conhecimentos musicais formais.

Excetuando-se a seleção final de canções, as obras que compõem este concerto datam das décadas de 1910 e 1920. De forma bem sintética, pode-se dizer que as principais características da música de Villa-Lobos nesse período foram: 1. a grande influência da música francesa da virada do século (o "impressionismo"), especialmente Debussy; 2. o início de uma composição utilizando elementos da música popular e tradicional brasileira; 3. a experimentação e grande liberdade de um compositor que estava formando sua personalidade musical. A primeira característica fica patente na obra que abre o programa, a "Sonata fantasia n.1", que leva inclusive um subtítulo em francês. Já as três "Canções típicas brasileiras" mostram Villa-Lobos dialogando com as tradições africana, sertaneja e indígena. O "Choros bis" é um instigante duo para violino e violoncelo que integra um das mais importantes conjuntos de obras de Villa-Lobos, os "Choros", no qual ele se dedicou na década de 1920 e que incluem tanto pequenas obras camerísticas quanto peças para grandes formações orquestrais. Na "Suíte para canto e violino", composta em Paris, podemos acompanhar as experimentações de Villa-Lobos, que escreveu sob o impacto do que de mais novo se fazia na capital francesa, como as obras de Stravinsky. Esse mesmo espírito de experimentação já está presente em "O martírio dos insetos", conjunto de três peças de grande originalidade e que exigem alta virtuosidade do violinista. Finalmente, as três canções que encerram o disco estão entre as mais conhecidas e admiradas de Villa-Lobos. E aqui, uma surpresa para o público: elas serão apresentadas numa versão especialmente encomendada para este concerto, em arranjos para trio com piano e voz feitos pelo compositor Maurício De Bonis.

Repertório

Obras de Heitor Villa-Lobos (1887-1959)

"Sonata fantasia n.1", Desesperance (1913), para violino e piano

Das "Canções típicas brasileiras" (1919), para voz e piano:

Estrela é lua nova

Viola quebrada (letra: Mário de Andrade)

Nozani-ná

"Choros bis" (1928) para violino e violoncelo

"Suíte para canto e violino" (1923):

A menina e a canção (poema de Mário de Andrade)

Quero ser alegre

Sertaneja

"O martírio dos insetos" (1916-1925), para violino e piano:

A cigarra no inverno

O vagalume na claridade

A mariposa na luz

Seleção de canções (em arranjo para trio com piano e voz de Mauricio De Bonis):

Remeiro de São Francisco (1941; poema de Sodré Vianna)

Veleiro (1958; poema de Dora Vasconcellos)

A gatinha parda (1937; texto infantil popular do século XIX)

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