quinta, 25 de abril de 2024
Artigo Antonio Fais

Sombras das Sombras

30 Mai 2020 - 11h10Por (*) Antonio Fais
Sombras das Sombras - Crédito: Divulgação Crédito: Divulgação

Poucas coisas causam mais estranheza do que ouvir a própria voz.

A imagem parada no espelho não reflete quem somos, nem nossa voz, nem nossa alma. Não nos vemos como os outros nos veem e vice-versa

Somos estranhos para os outros, que nos olham de fora, e ainda mais estranhos para nós mesmos.

Para um animal isso é mais simples, pois ele mira apenas a caça e o caçador, pensa em comer e não ser comido, ele não pensa no que pensa, não vê o avesso nem o avesso do avesso.

O pensamento é um espelho pretencioso que, olhando de fora, almeja ver dentro, e, olhando de dentro, quer ver fora, como se fosse possível ver o avesso do avesso do avesso do avesso.

Esses dois espelhos que refletem a si mesmos nada dizem, são apenas sombras das próprias sombras para as quais não há luz suficiente.

Onde não há luz não há sombras. Desfaça-se a luz! Desfaça-se o verbo!

Viva o silêncio da escuridão.

(*) O autor é escritor/filósofo, especialista em Aprendizagem, Linguagem e Escrita Criativa

Esta coluna é uma peça de opinião e não necessariamente reflete a opinião do São Carlos Agora sobre o assunto.

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