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Qualidade de Vida

Infecção por Rotavírus

11 Jul 2019 - 07h00Por (*) Paulo Rogério Gianlorenço
Infecção por Rotavírus -

Rotavírus é uma infecção que causa gastrenterite aguda (Diarréia ou disenteria), existem sete sorotipos diferentes de Rotavírus, mas somente três deles infectam o homem e causam gastrenterite aguda. A infecção por Rotavírus pode ocorrer em qualquer idade, estima-se que até os cinco anos de idade todas as crianças terão pelo menos um episódio de infecção e que uma em cada 300 infectadas pode morrer em consequência das complicações, é uma das mais importantes causas de diarréia grave em crianças menores de 5 anos no mundo, particularmente nos países em desenvolvimento,  em adultos a infecção costuma ser mais benigna.

O Rotavírus é transmitido por via fecal-oral, pelo contato direto entre as pessoas, por utensílios, brinquedos, água e alimentos contaminados. Medidas de saneamento básico são fundamentais para prevenir a transmissão do vírus.

O Rota Vírus é altamente transmissível, causando manifestações clínicas que variam de quadros leves, com diarreia líquida e duração limitada, a quadros graves com desidratação, febre e vômitos, podendo ocorrer também casos assintomáticos que não causam sintomas. Em todo o mundo quase 600 mil mortes em crianças menores de 5 anos são atribuíveis ao rotavírus, assim como se estima que 40% dos casos internados por diarreia grave, afetando basicamente grupos de crianças menores de 5 anos, especialmente, os menores de 2 anos.

As infecções em crianças mais velhas e adultos estão relacionadas a surtos ou ocorrem em grupos populacionais submetidos a risco como viajantes para áreas endêmicas/epidêmicas, indivíduos que trabalham em espaços fechados como creches, berçários, escolas e hospitais, comunicantes de crianças doentes, pessoas idosas e indivíduos imunocomprometidos.

O diagnóstico clínico de Rotavírus pode ser confirmado por um exame laboratorial específico para pesquisar a existência do vírus nas fezes do doente. A época ideal para detecção do vírus nas fezes vai do primeiro ao quarto dia de doença, período de maior excreção viral.

O diagnóstico diferencial é feito com Norovirus e Adenovirus. Outras gastrenterites por outros agentes, bacterias ou parasitas, podem apresentar clínica similar.

Em alguns casos, a infecção pode ser assintomática, quando os sintomas aparecem, os mais importantes são, Diarreia aguda geralmente aquosa, sem sinais de muco e sangue, Vômitos, Febre e mal-estar, Coriza e às vezes tosse, Desidratação em quadros graves. Os quadros leves de Rotavírus são autolimitados a infecção dura alguns dias e regride, os quadros mais graves estão associados à desidratação e podem ter complicações fatais.

A forma clássica da doença, principalmente na faixa de seis meses a dois anos é caracterizada por uma forma abrupta de vômito, na maioria das vezes há diarreia e a presença de febre alta. Podem ocorrer formas leves nos adultos e formas que não apresentam sintomas na fase neonatal (recém-nascido) e durante os quatro primeiros meses de vida.

Crianças e adultos com imunodeficiência (congênita ou adquirida) ou submetidos a transplantes de ossos podem ter gastrenterite severa e prolongada por rotavírus. Existem vários relatos na literatura associando a infecção por rotavírus a algumas complicações como encefalites, Síndrome de Reye e à Doença de Kawasaki.

Não existem medicamentos específicos para combater a infecção por Rotavírus, é fundamental manter a criança hidratada, repondo constantemente o líquido perdido nos vômitos e nas evacuações, pode ser água, chá, água de coco, sucos ou isotônicos. Medidas simples de combate à desidratação, como o uso de soro caseiro, reduzem drasticamente o número de mortes.

São sinais de desidratação: letargia, irritabilidade, muita sede, diminuição do volume da urina, boca seca, olhos encovados, ausência de lágrimas, perda do turgor da pele.

Os quadros leves podem ser tratados em casa, com soro caseiro, muito líquido e alimentação normal, especialmente se for leite materno, mas sempre respeitando a orientação médica. Os quadros graves exigem internação hospitalar.

Como preparar o soro caseiro, pegue um copo de 200 ml de água filtrada e fervida e dilua um punhado de açúcar e uma pitada de três dedos de sal, misture e prove. O soro não deve ser nem mais doce e nem mais salgado que água de coco ou lágrima.

A vacina contra o Rotavírus produzida com vírus humano atenuado começou a ser usada, no Brasil, em 2006, e faz parte do calendário do Programa Nacional de Imunizações. Foram devidamente licenciadas econsideradas seguras as duas formas de apresentação, a monovalente, que deve ser administrada por via oral em duas doses (aos dois e quatro meses) e a pentavalente, em três doses (aos dois, quatro e seis meses), sendo que o intervalo mínimo entre uma dose e outra é de 30 dias, desde que essas duas formas da vacina começaram a ser administradas, os casos de gastrenterite diminuíram muito.

Em 2014, os prazos limites máximos para aplicação da vacina monovalente foram estendidos. A primeira dose pode ser administrada até os 3 meses e 15 dias e a segunda, até os 7 meses e 29 dias.

Segue aqui algumas dicas de prevenção: seguir os cuidados com higiene pessoal e doméstica, lavar sempre as mãos antes e depois de utilizar o banheiro, trocar fraldas, manipular/preparar os alimentos, amamentar, manusear materiais/objetos sujos, tocar em animais, proteger os alimentos e as áreas da cozinha contra insetos, animais de estimação e outros animais,  ensacar e manter a tampa do lixo sempre fechada, ter cuidado para não contaminar as fontes de água com fezes e lixo, manter o aleitamento materno aumenta a resistência das crianças contra as diarreias, evitar o desmame precoce.

O autor é graduado em Fisioterapia pela Universidade Paulista Crefito-3/243875-f Especialista em Fisioterapia Geriátrica pela Universidade de São Carlos e Ortopedia.

Esta coluna é uma peça de opinião e não necessariamente reflete a opinião do São Carlos Agora sobre o assunto.

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