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Artigo Tati Zanon: Precisa-se de Thetés

30 Jun 2016 - 09h58Por (*) Tati Zanon
Foto: Divulgação - Foto: Divulgação -

Tenho uma mania muito esquisita: quando estou morrendo de fome, adoro colocar em canais de TV que estejam exibindo programas culinários e ficar passando vontade para, na sequência, fazer aquela refeição gostosa. Sinta-se à vontade para debochar dessa doidice, querido leitor (rs).

Para satisfazer essa mania esquisita, o Masterchef Colômbia e o Masterchef Argentina eram meus programas preferidos, mas, há pouco tempo, desisti de assisti-los, simplesmente porque ver a grosseria com a qual os chefs tratam os participantes começou a me fazer mal. Chamem-me de sensível demais, se quiserem, mas a humilhação que dá ibope a esse tipo de programa nunca me fez bem- e nunca fará.

Nesse mundão que, nos últimos tempos, tem sido infestado por violência e intolerância, o que a gente mais precisa são de exemplos de amor e carinho. Por que transformar "inocentes" programas de culinária em mais um palco de maus tratos? Tudo em nome da audiência, mesmo?

Pra mim, não tem coisa mais gostosa do que andar pela rua e receber um "bom dia" de estranhos (bem intencionados, é claro). Adoro quando cedo um lugar no ônibus ou ajudo uma pessoa a atravessar a rua e ganho um "obrigado" acompanhado de um belo sorriso. Amo gente que ri a toa, que abraça e beija, que compartilha vídeos e ideias de amor no Facebook, que faz comentários construtivos e positivos (à propósito, meus queridos, obrigada pelos comentários de vocês em minha página).

Não é porque o mundo está como está que clamo por mais amor, por mais educação, por mais carinho. Isso tudo não fez, não faz e nunca fará mal a ninguém, e é disso que estamos precisando, inclusive espalhar por aí: uma verdadeira corrente do bem. E tudo pode começar com um simples sorriso, com um simples "obrigado", com um simples "eu te amo".

Luis Fernando Veríssimo, em mais um de seus belos textos ("O quase"), questionava: "Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor, não me pergunto. Contesto. A resposta eu sei de cor. Está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos 'Bom dia' quase sussurrados. Sobra covardia e falta coragem até pra ser feliz".

Há alguns anos, assisti a uma palestra do TED, na qual o palestrante falava que precisamos criar um novo padrão de qualidade de vida, no qual se preza, entre outras coisas, passar mais tempo com a família em vez de gastar nossa curta vida enterrado na mesa do escritório. Seria muito ilusório pensar que a gentileza é que deveria ser a característica principal para trazer ibope aos programas de TV? Acredito que, com a proliferação da bondade em nosso dia a dia, essa ilusão pode se tornar um fato- seja no Masterchef, seja na vida real.

Dedico este artigo à Theté, a verdadeira representação da bondade, do amor e do carinho que esse mundo necessita com urgência

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