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Artigo Rui Sintra: Ásia não perdoa tráfico de drogas

18 Jan 2017 - 05h54Por (*) Rui Sintra
Foto: Divulgação - Foto: Divulgação -

Quais os motivos que levam cidadãos brasileiros, supostamente inteligentes, cultos e com dinheiro, tentarem traficar drogas para a Ásia? Não estou falando de bandidos comuns, mas de cidadãos que, em princípio e perante suas fichas pessoais, deveriam estar acima de suspeitas. Todos devem estar recordados dos lamentáveis acontecimentos ocorridos em 2015, quando os brasileiros Marco Archer e Rodrigo Gularte foram executados na Indonésia, após serem condenados pelo crime de tráfico de drogas. Marco Archer, instrutor de voo livre, foi preso em 2004, ao tentar entrar na Indonésia com 13 quilos de cocaína escondidos nos tubos de uma asa delta. A droga foi descoberta pelo raio-x, no Aeroporto Internacional de Jacarta. Rodrigo Gularte foi preso nesse mesmo ano com 6 quilos de cocaína escondidos em pranchas de surfe.

Mais recentemente, em outubro do ano passado, a jovem Yasmin Fernandes Silva (20) embarcou num voo de São Paulo, com parada em Dubai e, ao chegar em Manila (Filipinas), foi detida por agentes da imigração que encontraram em sua bagagem um travesseiro com 6 quilos de cocaína. A situação é dramática, já que sua detenção acontece exatamente no momento em que o presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, defende o regresso da pena de morte para condenados por tráfico de drogas.

Contudo, a pergunta que fiz acima mantem-se: o que leva essas pessoas a tentarem traficar drogas para países que não toleram esse tipo de crime? Para e por que o fazem? Para ganhar dinheiro, arriscando suas vidas? Vejamos: supostamente, a hipótese mais cabível é que Archer, Gularte e Yasmin já teriam saído do Brasil com as drogas escondidas, até porque nas conexões os passageiros não têm acesso às bagagens de porão. Então, é legítimo perguntar se a Polícia Federal e outros órgãos de fiscalização aeroportuária não têm como detectar o embarque dessas drogas em nossos aeroportos. É claro que têm. Se conseguem detectar drogas que entram em nosso território, via aeroportos, podem detectar aquelas que saem deles.

Não está aqui em análise se nossa sociedade concorda, ou não, que nossos compatriotas sejam tratados como traficantes internacionais de drogas, nem se a pena capital é a melhor solução, principalmente em países que notoriamente não têm dúvidas em seguir suas leis e aplicar esse tipo de pena, para desespero e angústia dos familiares. Neste momento, o que está em causa é saber o motivo pelo qual essas drogas embarcam tão facilmente em nossos aeroportos.

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