sexta, 26 de abril de 2024
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Artigo Rui Sintra: Arrojada e perigosa

02 Mar 2016 - 08h58Por (*) Rui Sintra
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Tenho entre o meu reduzidíssimo lote de amigos, uma pessoa de São Carlos que foi um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores. Tenho a máxima consideração por ele, respeito e admiração, não só por sua integridade, como também pela forma honesta, transparente e direta na forma como ele analisa a conjuntura política de nosso país e, claro, a própria atuação do partido que ele ajudou a criar. O PT, que outrora mobilizou milhares (milhões) e que espalhou esperança mesmo entre aqueles que não subscreviam sua filosofia política, deixou-se invadir ao longo do tempo, segundo esse meu amigo, por uma verdadeira gang de malfeitores que corroeu e acabou por destruir aquilo que era considerado um sonho para o Brasil, depauperando a própria Nação através de diversos crimes (muitos deles já provados).

Podemos ser a favor ou contra ideias de esquerda, da mesma forma que podemos ser a favor ou contra ideias do centro, sejam elas mais à esquerda ou mais à direita, o que não podemos é deixar que essas ideias e posturas se transformem em ferramentas que destruam a Liberdade e Democracia. Seguindo o exemplo desse meu amigo, muitos foram aqueles que abandonaram o PT por discordar do rumo que o partido tomou a partir de um determinado momento: e os que abandonaram foram exatamente aqueles que mais destacadamente assumiam posições coerentes, que pensavam no País em primeiro lugar. Sobraram os outros. Ao longo dos anos, nosso País se escandalizou assistindo aos mais diversos desmandos e a centenas de absurdos que não podem ser disfarçadamente ocultados atrás da célebre frase "O Brasil é uma democracia jovem e temos que dar tempo para o aprendizado". De fato, nesse rol de absurdos e desmandos existiram e continuam a existir intenções explícitas, autoritarismos, truques e incompetências de todo nível, que fazem corar as faces até dos mais cépticos.

Recentemente, a saída do ministro da justiça, José Eduardo Cardozo, para dar lugar a alguém "mais maleável e amigo do PT" - Wellington César Lima, afilhado de Jacques Wagner - configura mais um desses episódios caricatos, onde um partido político, que deveria ser sério nas suas atitudes governamentais, não se escusa de "cilindrar" um dos seus mais competentes membros, apenas para que a ânsia de seu poder desmedido possa seguir em frente, triturando as ameaças que se colocam em seu caminho. Tendo mantido sempre uma postura minimamente séria no que respeita a não interferir nas atribuições e competências da Polícia Federal e do Ministério Público, que investigam os esquemas de corrupção que envolvem, inclusive, a classe política, com destaque para renomados nomes do PT, o partido não hesitou em pressionar as mais altas esferas do governo para que no lugar de Cardozo entrasse uma espécie de "marionete" de Jacques Wagner, com a missão de fazer aquilo que Cardozo não quis fazer.

Para o meu amigo que cito no início deste artigo, existem muitas formas de atentar contra a Democracia e a Liberdade, sobejamente conhecidas de todos nós, só que esta é inusitada, arrojada, perigosa e asquerosa.

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