quinta, 25 de abril de 2024
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Artigo Rui Sintra: Ele é o cara

07 Dez 2016 - 09h43Por (*) Rui Sintra
Foto: Divulgação - Foto: Divulgação -

Réu na operação "Lava Jato", supostamente por corrupção e lavagem de dinheiro no esquema de propinas da Petrobras, o ex-presidente Lula da Silva atacou diretamente os procuradores da força-tarefa do Ministério Público Federal e da Polícia Federal durante um jantar em que participou semana passada com petistas e integrantes de outros partidos de esquerda e de movimentos sociais: "moleques que falam bobagens", terá afirmado ele em uma das passagens de seu discurso improvisado.

É óbvio que a força-tarefa da operação "Lava Jato" está já habituada a estes ataques que visam, acima de tudo, minimizar e desacreditar o seu trabalho perante uma opinião pública que, indubitavelmente, apoia e acredita nela. Contudo, quer acreditem ou não, essas alusões e acusações foram mais uma vez o destaque do discurso de Lula: inclusive, responsabilizou a "Lava Jato" pela grave crise econômica que o país enfrenta e pelo aumento do desemprego.

Assim, pressupõe-se que, na visão do ex-presidente da república, o assalto que foi feito á Petrobras, principalmente nos últimos treze anos, não passou de um mero incidente envolvendo uns trocados, da mesma forma que os sucessivos esquemas de corrupção que estão sendo desmontados aos poucos, envolvendo políticos de todos os partidos, mas com destaque para o PT, não passam de acusações sem nexo, de perseguições "seletivas" (adoro esta palavra!), e que a incompetência e incapacidade governativa, durante pelo menos oito anos, foram dos "outros"

Não sei se as palavras do ex-presidente ecoaram fundo nos corações de quem estava nesse jantar, inclusive quando o Lula afirmou que só ele estaria em condições de resistir àquilo que afirmou ser "insanidade judicial", disponibilizando-se, assim, para concorrer às eleições de 2018. Sabendo-se que o PT está rachado, duvido que o "mago" acolha muitos apoios, até porque ainda tem muita gente inteligente dentro do partido.

Resumidamente, o certo é que a sociedade civil já viu de tudo um pouco nos últimos anos: uma presidente da república afastada, um presidente da Câmara dos Deputados cassado, um presidente do Senado réu; então, tudo é possível acontecer neste país onde a ordem e o progresso apenas existem simbolicamente impressos na bandeira nacional. Restam as ruas...

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