Crédito: FreepikEmbora muitas vezes confundidas, tristeza e depressão não são a mesma coisa. A psicóloga e psicanalista Fabiana Guntovitch explica que a tristeza é uma emoção natural e passageira, associada a situações específicas, enquanto a depressão é uma condição clínica que envolve alterações químicas e estruturais no cérebro. “A tristeza faz parte da vida, é uma reação saudável e adaptativa às frustrações, perdas ou desafios. Já a depressão compromete o funcionamento global da pessoa, afetando humor, energia, motivação e os pensamentos”, afirma Fabiana.
Diferença essencial para evitar preconceito
Segundo a especialista, compreender essa diferença é fundamental para combater o preconceito e evitar o atraso no diagnóstico.“Vivemos em uma sociedade que tem dificuldade em lidar com sentimentos difíceis. Existe uma cobrança de estar feliz o tempo todo, o que é impossível. Quando invalidamos a tristeza, corremos o risco de minimizar a depressão e até mesmo julgá-la como frescura ou fraqueza. Isso agrava o quadro e dificulta que as pessoas busquem a ajuda necessária”, destaca.
Critérios clínicos
De acordo com o DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), a depressão é identificada quando a pessoa apresenta cinco ou mais sintomas durante pelo menos duas semanas, incluindo humor deprimido ou perda de interesse em atividades antes prazerosas. Entre os sinais de alerta estão: alterações no sono, no apetite, na energia, sentimentos de culpa, dificuldades de concentração e até pensamentos suicidas.
Fabiana reforça que os sintomas devem ser levados a sério quando persistem e comprometem a vida diária.“É urgente buscar ajuda não apenas quando há risco à própria vida, mas quando a qualidade de vida está impactada pela depressão. Ainda que o apoio consistente de familiares e amigos, sem julgamentos, seja fundamental para a recuperação, depressão é um transtorno grave cujo tratamento deve ser conduzido por profissionais qualificados da área da saúde mental”, ressalta.
Tratamento e esperança
A psicanalista lembra ainda que a depressão tem causas multifatoriais — biológicas, psicológicas e sociais — e precisa ser tratada observando toda essa complexidade. O tratamento pode envolver psicoterapia, uso de medicação e mudanças no estilo de vida.“A depressão deve ser compreendida sob o tripé biopsicossocial. A boa notícia é que quando o tratamento é bem conduzido, as chances de sucesso são muito altas”, conclui.
Por Raphael Nascimento Comuniquese





