Vape - Crédito: FreepikO uso de cigarros eletrônicos pode aumentar o risco de incidência de AVC (Acidente Vascular Cerebral) ou de infarto do miocárdio, as duas maiores causas de morte no mundo. Embora não haja ainda um estudo conclusivo sobre o tema, pelo fato de o uso do produto — também chamado de “vape” — ser um fenômeno recente, a presença de substâncias tóxicas já indica essa tendência.
Pesquisas recentes têm demonstrado que o uso frequente de vapes pode ter impactos significativos na saúde cardiovascular, além de afetar outros órgãos. “Em resumo, há evidências de associação entre o uso de cigarro eletrônico e aumento do risco de IAM e AVC, especialmente em usuários duais ou com histórico de tabagismo convencional. No entanto, para usuários exclusivos de ENDS, os dados são inconclusivos e não demonstram aumento significativo de risco em estudos longitudinais ajustados para fatores de confusão. A literatura recomenda cautela e desencoraja o uso de ENDS para prevenção primária de eventos cardiovasculares e cerebrovasculares, especialmente em não fumantes”, explica o médico cardiologista da Santa Casa de São Carlos, Vicente Matinatta.
Vicente Matinata, médico da Santa Casa de São Carlos.
UM MILHÃO DE PESSOAS – O epidemiologista e consultor médico da Fundação do Câncer, Alfredo Scaff, destacou que, de acordo com estudo da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), o consumo de cigarros eletrônicos aumentou 600% nos últimos seis anos em todo o mundo. “E no Brasil não é diferente”, afirmou.
Dados do Ministério da Saúde mostram que mais de 1 milhão de pessoas já experimentaram esses dispositivos eletrônicos, apesar de sua comercialização ser proibida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) desde 2009. O mais grave é que 70% desse público é formado por adolescentes e adultos jovens, entre 15 e 24 anos, complementou Scaff.
O foco é conscientizar a população em geral, mas, sobretudo, os jovens, que ficam vulneráveis à falsa ideia de que o cigarro eletrônico não faz mal, travestido de sabores e aromas, destacou Luiz Augusto Maltoni.
A proposta é levar o tema às salas de aula, acompanhado de filmes, para auxiliar professores a terem conteúdo qualificado e sensibilizar os estudantes. Em 2025, a Fundação do Câncer pretende lançar o Desafio Universitário, em parceria com a Anup Social, para estimular o ambiente acadêmico a refletir sobre a questão do cigarro eletrônico e propor soluções, por meio de projetos que possam alcançar alunos do ensino médio e universitários, evitando que iniciem o hábito de fumar — seja cigarro eletrônico ou convencional.
Mattoni lembrou que o tabagismo é considerado doença pediátrica. Uma publicação do Banco Mundial (BIRD) de 1999 mostrou que 90% dos tabagistas começam a fumar antes dos 19 anos, com idade média de iniciação aos 15. “Por isso, nosso movimento também visa levar essa questão para as escolas. Queremos incentivar professores a conversar com seus alunos sobre os malefícios do vape”, afirmou.
Em parceria com a Anup Social, a Fundação do Câncer criou um kit digital antivape, com peças para serem usadas gratuitamente por todas as escolas públicas e privadas do país. Foram disponibilizadas quatro videoaulas, com questionários para debate em sala de aula, cartaz, banner para sites, posts para redes sociais, filtro para Instagram e WhatsApp Card.
O objetivo é levar informações sobre os perigos do cigarro eletrônico à saúde por meio de uma linguagem que dialogue com os jovens. As peças estão sendo distribuídas a mais de 200 faculdades, centros universitários e universidades associadas à ANUP, que contam com mais de 4 milhões de estudantes matriculados. O material também ficará disponível na página do Movimento VapeOFF, para que qualquer instituição de ensino do país possa acessar. O acesso às videoaulas e ao kit digital antivape pode ser feito no endereço: www.cancer.org.br/vapeoff. (Com informações da Agência Brasil)





