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UFSCar discute elaboração de protocolo para uso de áreas naturais

26 Nov 2018 - 15h27Por Redação
UFSCar discute elaboração de protocolo para uso de áreas naturais - Crédito: Divulgação Crédito: Divulgação

Uma comissão composta por integrantes de diversas unidades da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) está elaborando uma proposta de protocolo para uso e manejo das áreas naturais do campus sede da Universidade, um documento que prevê boas práticas de utilização e conservação dessas áreas, que incluem o fragmento de Cerrado. O resultado de uma ampla discussão sobre o assunto será apresentado em reunião aberta à comunidade no próximo dia 12 de dezembro.

A ideia de elaborar o plano surgiu a partir de uma demanda apontada por outro documento, produzido pelo Departamento de Apoio à Educação Ambiental (DeAEA) da UFSCar, que apresentava sugestões para o estabelecimento de orientações e diretrizes de uso para as áreas de Cerrado. Essa compilação foi feita com apoio da comunidade, baseada em respostas a uma consulta online da qual participaram monitores e ex-monitores do projeto "Visitas orientadas à trilha da natureza", docentes que realizam pesquisas em áreas naturais do Campus São Carlos e integrantes da equipe de segurança patrimonial da Instituição.

"Em virtude desse primeiro documento e da necessidade de definir diretrizes para uso e manejo das áreas verdes situadas ao norte do Campus São Carlos da UFSCar, decidiu-se criar um grupo de trabalho, em julho de 2018, composto por diversos especialistas", conta a engenheira agrônoma Raquel Stucchi Boschi, da Secretaria Geral de Gestão Ambiental e Sustentabilidade (SGAS) da Instituição. Ela preside a comissão, composta por um total de 15 pessoas, entre servidores e alunos da Universidade. O grupo, multidisciplinar, produziu uma versão inicial do protocolo, contemplando questões relativas à segurança, infraestrutura, forma de controle de acesso e criação de um banco de dados.

"O protocolo é muito importante para melhorar a gestão ambiental da área assim como a interação e uso, tanto pela comunidade acadêmica como pelo restante da população de São Carlos, que também utilizam os espaços", defende Diogo Loibel Sandonato, doutorando do Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais (PPGCAm) da UFSCar e um dos integrantes da comissão. Entre os usos do Cerrado, Diogo cita a realização de pesquisas científicas e aulas práticas, além de inúmeras atividades como, por exemplo, as desenvolvidas pelo projeto "Visitas orientadas à trilha da natureza" - caminhadas diurnas e noturnas, passeios ciclísticos, observação de plantas e animais que compõem o bioma etc.

Desde que foi instituído via Portaria GR 3181, de 31 de julho de 2018, o grupo de trabalho vem se reunindo com periodicidade mensal. As etapas previstas na construção do protocolo do Cerrado são: 1. Produção de um organograma com os pontos a serem desenvolvidos; 2. Realização de reuniões mensais para discussão de pontos específicos e produção do manuscrito; 3. Apresentação pública em evento gratuito; 4. Reunião aberta com a comunidade; e 5. Produção do relatório final, prevista para o final de dezembro.

PARTICIPAÇÃO DA COMUNIDADE

Das etapas previstas, três já foram cumpridas, incluindo a apresentação de uma versão preliminar do protocolo, durante o Workshop do Cerrado, realizado em outubro deste ano. "O evento propiciou um amplo fórum de discussão sobre a importância do fragmento de Cerrado da UFSCar e as suas potencialidades; envolveu a comunidade acadêmica, com a presença de um grande número de estudantes em formação e a comunidade externa com representantes do poder público municipal e da sociedade civil", relata a bióloga Liane Biehl Printes, do DeAEA/SGAS.

"Foi uma grande mobilização em torno do tema e contribuiu com a sistematização de um conhecimento que irá subsidiar as decisões a serem tomadas em relação à gestão da área. O Workshop também foi importante no sentido de apontar as inúmeras possibilidades para pesquisa, ensino e extensão que a área oferece. Destacou-se também a significância do fragmento de Cerrado da UFSCar no contexto das escassas áreas verdes urbanas de São Carlos", completa Printes. Entre as questões técnicas, o Workshop abriu espaço para discussões sobre uso do fogo como técnica de manejo e a ameaça das espécies invasoras e do perigo de animais domésticos em áreas naturais.

O DOCUMENTO

A proposta para área de acesso restrito e áreas de acesso público é um dos principais pontos contemplados no protocolo. "Essas áreas foram definidas com base no uso do solo e levaram em consideração aspectos ambientais, sociais, de infraestrutura e uso anterior. Essa delimitação visa à regulamentação com a finalidade de proteger a flora, a fauna, as belezas naturais, bem como para garantir sua utilização a objetivos educacionais, recreativos e científicos, buscando gerar o menor impacto possível", detalha a Presidente da comissão.

Esse tópico servirá, inclusive, de base para a gestão e manejo dos espaços. "Nas áreas de uso restrito estão previstas atividades de cunho acadêmico e administrativo. Já nas áreas de uso público estão previstas visitação aberta à população, ações esportivas de baixo impacto ambiental, observação e fotografia. Neste ponto também são apresentados comportamentos e procedimentos proibidos, como, por exemplo, a disposição de lixo e resíduos", detalha Boschi.

Outro ponto importante do documento, segundo a engenheira agrônoma, são as propostas de mecanismos de controle que visam à regulamentação do uso, a gestão e a criação de um banco de dados. Um exemplo apontado é a implantação, no site da SGAS, de um cadastramento prévio do requerente e da atividade a ser realizada nas áreas naturais.

Entre outros itens discutidos no protocolo estão a demanda por diagnóstico das áreas (para o levantamento da situação atual, incluindo a presença de espécies invasoras, identificação da necessidade de recuperação e restauro etc.); monitoramento (para avaliar a execução das ações planejadas); previsão de medidas de curto, médio e longo prazo por parte da Universidade; e iniciativas relativas à comunicação, controle de acesso e segurança.

Todos esses temas serão novamente debatidos, junto ao público interessado, em reunião aberta, a ser realizada no dia 12 de dezembro, no auditório 2 da Biblioteca Comunitária (BCo), na área Norte do Campus São Carlos da UFSCar. "Acredito que o grande desafio é que o protocolo seja fruto de um processo que leve em conta a visão de todas as pessoas interessados. Esse debate amplo é necessário para que o resultado final represente um processo participativo e democrático", conclui Diogo Sandonato.

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