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Treinamento físico desenvolvido na UFSCar tem eficiência comprovada em laboratório

29 Set 2017 - 02h48Por Redação
Foto: CCS-UFSCar - Foto: CCS-UFSCar -

O TCP® é um método de treinamento e qualificação do movimento humano que considera o indivíduo em seu aspecto integral e em sua interação com o meio em que vive. Foi desenvolvido por Ana Cláudia Garcia de Oliveira Duarte, docente do Departamento de Educação Física e Motricidade Humana (DEFMH) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), e tem sido aplicado em públicos de faixas etárias variadas com foco na qualidade de vida a partir da prática de atividade física.

É um treinamento aeróbio de alta variabilidade de movimentos, que permite ao praticante atingir a consciência corporal. Além de ser indicado para pessoas com problemas posturais, também traz benefícios referentes a coordenação, capacidade cardiorrespiratória, ganho de força, perda de gordura, bem-estar psicológico e social. Com uma proposta que une trabalho uniforme e balanceado da musculatura, os exercícios podem ser praticados em academias, escolas, hospitais e clínicas de recuperação.

O programa TCP® busca atingir sobretudo indivíduos sedentários, com dores, tímidos e sem preparo físico. O objetivo é oferecer diversão e resultados, com movimentos não lesivos e sem impacto e dentro dos limites de cada praticante. "Nosso programa é baseado na generalidade do sujeito, em questões biomecânicas e do meio em que o praticante vive. Por isso, nossas aulas são sempre abertas a todos, em qualquer faixa etária", descreve Duarte.

Primeira marca registrada da UFSCar, no ano de 2006, o método é aplicado em grupos abertos; é ensinado em curso de especialização para profissionais da área da Saúde - as atividades da quarta turma começam no primeiro semestre de 2018 -; será tema de livro a ser lançado em breve, com autoria de Ana Cláudia Duarte; e também tem sido objeto de pesquisas que estão comprovando sua eficácia em contextos variados.

Além disso, uma empresa de São Carlos tem parceria com a equipe do TCP®, que realiza, desde 1999, ginástica laboral para os funcionários de todos os setores. "É da natureza humana automatizar movimentos funcionais para liberar a atenção e aprender coisas novas. A repetição é fundamental para que os movimentos sejam executados corretamente. A partir dessas constatações, nós tentamos estabelecer um equilíbrio para que a repetição dos movimentos que cada grupo de trabalhadores executa seja o menos lesiva possível", afirma Duarte. "O funcionário não está preocupado com a maneira como vai agachar, mas sim com o parafuso que ele precisa apertar. Nosso trabalho é despertar a consciência corporal dos funcionários para que o movimento seja automatizado da forma correta, sem causar lesões", exemplifica a professora.

Outra aplicação do TCP® é na prática esportiva para atletas de alto rendimento. Desde 2009, Ana Cláudia Duarte integra o corpo técnico da equipe brasileira de rafting, aplicando o método no treinamento dos atletas. O foco do trabalho é diminuir as lesões que impedem os esportistas de competirem. "Estive com a equipe Sub 23 em cinco títulos mundiais. A equipe foi vitoriosa em todos eles e não tivemos nenhuma lesão nos atletas", conta ela. Neste ano, a professora vai acompanhar a equipe brasileira de rafting (adulto) no campeonato mundial que será realizado no Japão.

De acordo com a docente, o TCP® pode ser acrescentado em qualquer tipo de atividade física. "Ele é um complemento para garantir a qualidade do movimento. Nós passamos aos praticantes a filosofia do treinamento, é um processo de aprendizagem que mantém a modalidade aeróbia do movimento, permite gasto calórico considerável e é executado respeitando os limites de cada um", destaca a pesquisadora.

PESQUISAS

Vários estudos sobre os benefícios do TCP® estão sendo realizados no Laboratório de Nutrição e Metabolismo aplicados ao Exercício, instalado no DEFMH da UFSCar. O Laboratório iniciou suas atividades em 2000 e, atualmente, é coordenado pela própria professora Ana Cláudia Duarte. O local conta com uma infraestrutura que viabiliza a realização de testes experimentais com foco no exercício e em alterações metabólicas, como obesidade, diabetes e síndrome metabólica.

"No Laboratório, conseguimos padronizar uma dieta hipercalórica para os animais que nos permite ter condições similares à dos seres humanos, garantindo testes e resultados próximos da realidade humana. Com isso, nossas pesquisas passam a ter um rigor científico bastante apurado, com resultados fidedignos", garante a professora. Ela aponta que a nova infraestrutura do Laboratório permitiu também o estabelecimento de parcerias com outros docentes e instituições, para o aprofundamento das pesquisas.

Atualmente, há estudos sendo realizados em parceria com a Universidade de São Paulo (USP), para o levantamento de novos parâmetros para identificar a síndrome metabólica, e com o Departamento de Morfologia e Patologia (DMP) da UFSCar, para o teste de biomateriais, regeneração óssea e de tecidos atingidos pela obesidade. "Além disso, estamos fazendo análises proteômicas para avaliar o equilíbrio das proteínas que favorecem o desempenho metabólico", acrescenta Duarte. Em maio deste ano, a professora e uma orientanda apresentaram três trabalhos realizados no Laboratório durante o Congresso Europeu de Obesidade, em Portugal, reforçando a qualidade das pesquisas desenvolvidas.

Entre os trabalhos, Duarte destaca uma pesquisa de mestrado que está sendo finalizada no Laboratório, intitulada "Efeito do Treinamento intervalado de alta intensidade na regulação do processo inflamatório e metabolismo de ratos wistar alimentados com dieta hiperlipídica". O estudo  foi realizado por Leandro Ribeiro Costa, no âmbito do Programa Interinstitucional de Pós-Graduação em Ciências Fisiológicas UFSCar-Unesp, e avaliou o protocolo de treinamento HIIT (High Intensity Interval Training), que envolve exercícios aeróbios realizados em alta intensidade por um curto período de tempo, intercalados com momentos de descanso. "Por meio dos testes, vimos que esse tipo de treinamento, que é mundialmente reconhecido, tem resultados em pessoas 'comuns'. Um obeso, por exemplo, não consegue realizar esse tipo de protocolo e acaba não atingindo a queima de gordura necessária. Pessoas com hipertensão também não podem fazer esses exercícios", aponta a professora. De acordo com ela, o resultado da pesquisa mostra que é fundamental considerar a condição metabólica individual para que o resultado seja efetivo. "É importante respeitar as especificidades de cada sujeito para que a prática esportiva não seja lesiva e ofereça bons resultados com adesão constante do praticante. O TCP® é uma ferramenta positiva para essa mudança de estilo de vida", defende Duarte. "Com o TCP® nosso objetivo não é ser mais, é ser melhor", conclui.

Além das pesquisas já realizadas na área de exercícios e alterações metabólicas, a docente afirma que há a expectativa de iniciar também projetos na área de Nutrição, com estudos sobre os alimentos funcionais.

SERVIÇO

As turmas abertas de TCP® são destinadas a toda a população e são realizadas no DEFMH, na área Sul do Campus São Carlos. As aulas acontecem às terças, quartas e sextas-feiras, das 8 às 9 horas, e às segundas, quartas e sextas-feiras, das 18 às 19 horas. Não é necessário fazer inscrição. Mais informações pelo e-mail anaclau@ufscar.br ou pelo telefone (16) 3351-8294. Informações completas sobre o curso de especialização referente ao TCP® podem ser acessadas em https://tcp4.faiufscar.com.

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