A missão são-carlense que realiza trabalho voluntário na calha norte do Rio Amazonas, proporcionando atendimento médico-odontológico às comunidades ribeirinhas foram surpreendidos no início da manhã deste sábado, 7, na primeira parada do Barco Hospital Papa Francisco.
Os nove profissionais liberais que estão à disposição nesta expedição foram recebidos com festa. Bexigas, faixas e cartazes para recepcionar aqueles que levam além de calor humano, a possibilidade de uma qualidade de vida e dignidade em um tratamento médico e odontológico especializado.
Neste sábado, das 7h às 19h, foram atendidas famílias carentes das comunidades ribeirinhas do Centro Comercial, Boa Esperança, Santana e Vila Barbosa.
Mais um dia de labuta para os dentistas José Luiz Lopes Sanchez e Yeda Vieira; além dos médicos Laura Tavares (reumatologista), Marcos Aurélio Ogando (reumatologista e intensivista), Walter Konig (cirurgia pediátrica), Allan R. de Morais (gastrocirurgião), Luiz Alfredo Gonçalves Menegazzo (radiologia e diagnósticos por imagem), José Carlos Bonjorno Jr. (anestesista e intensivista) e Margarida Prado (oftalmologia) cumprem neste sábado, 7, mais um dia de missão voluntária.
Neste domingo, 8, São Pedro, Espírito Santos e Vira Volta serão as comunidades. Por fim, segunda-feira, 9, último dia da expedição são-carlense na calha norte do Rio Amazonas, Rio da Ilha, Ourives, Costa da Madalena e Costa do Iranduba serão atendidas.
LIÇÃO QUE FICA
O anestesista e intensivista e José Carlos Bonjorno Jr. foi o profissional liberal escolhido para dar seu depoimento sobre a missão. Não conteve a emoção e garantiu que mais recebeu do que pode oferecer.
Teve lições de vida que ficarão guardadas e que se propõe a voltar em futuras missões.
Abaixo, o depoimento do são-carlense:
“Totalmente indescritível a sensação durante a chegada na Vila Barbosa. Em plena escuridão da noite amazônica, sermos recebidos por pessoas da comunidade com lanterna para nos dar boas-vindas. Me senti em casa, num confortável e sincero carinho. Diferente do que esperava encontrar, pessoas frágeis e carentes, rapidamente encontramos muitas histórias de fortaleza e perseverança, capaz de sobreviver as carências das desigualdades. É impressionante a educação e a gentileza após uma imensa humildade.
Logo nas primeiras conversas, como em outras comunidades, descobrimos muitas histórias, sempre envolvendo a luta pela sobrevivência e pela coesão das famílias e da comunidade, e com muitos problemas e limitações, como um jovem que não pode trabalhar por uma hérnia há mais de dois anos em processo de encarceramento; uma mulher que nunca fez um ultrassom de mama como também uma gestante de oito meses que nunca teve um ultrassom obstétrico.
Todos com problemas dentários há anos.
Imaginem uma dor de dente sem saber quando poderá ser tratada. Atendemos ontem (sexta-feira, 6) uma criança com quatro anos com fratura de braço há duas semanas, sem nenhum tratamento. Sem chorar nos contou da dor e da limitação em estender o braço.
Fica muito fácil perceber como esse mundo é grande e distante, e como podemos e devemos buscar colaborar com o fim dessa desigualdade. Ela existe e é gigante e causa dor e impotência frente as limitações.
Passo a carregar comigo um registro de cada instante de cada história desses guerreiros, sabendo que vão estar gravados em meus valores em cada momento futuro da minha vida. E muitos desses momentos, foram dos mais gratificantes que eu já vivi na minha profissão que tanto me realiza diariamente.
E antes da metade da missão, já sinto um enorme desejo de voltar nas próximas.
É maravilhoso participar desse projeto onde, sem exageros, cada um dos voluntários, funcionários e religiosos trabalham com carinho e enorme competência. Aprendi e recebi muito mais do que pude colaborar.
Só posso dizer muito obrigado.”