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“Fofoquem sobre ciência”, diz a profa. Yvonne Mascarenhas às vésperas de evento em São Carlos

08 Set 2018 - 06h39Por Redação
“Fofoquem sobre ciência”, diz a profa. Yvonne Mascarenhas às vésperas de evento em São Carlos - Crédito: Divulgação Crédito: Divulgação

Entre os dias 24 e 28 de setembro, realiza-se no Instituto de Física de São Carlos, a 8ª Semana Integrada da Graduação e Pós-Graduação do Instituto de Física de São Carlos (SIFSC), em conjunto com a 13ª Semana da Licenciatura em Ciências Exatas (SeLic). O evento tem como cerne a integração entre os alunos de graduação, pós-graduação, pós-doutores, professores e funcionários ao redor da difusão científica, através da divulgação dos trabalhos de pesquisa mais recentes realizados no instituto e palestras.

A menos de um mês para a o início da oitava edição da SIFSC, em uma conversa informal, a pioneira do IFSC/USP, Profª. Drª. Yvonne Primerano Mascarenhas, abordou de questões que tangem a ciência e uma de suas funções mais fundamentais: a disseminação do conhecimento.

“O despertar para a ciência é um acontecimento muito pessoal, individual e único para cada um, sendo múltiplos os caminhos que nos levam a ela”, inicia a Profª Yvonne, proeminente cientista que dedicou e dedica ainda sua vida à pesquisa. “Todavia, enquanto nação, não temos uma cultura, um projeto educacional para incentivar essa aproximação. A mídia também não colabora, dando espaço a notícias e não à difusão das ideias científicas”, sublinha a pesquisadora. Para ela, educação e cultura são duas bases essenciais da sociedade, no entanto, o que se observa é uma fase na qual reina o desinteresse pelo conhecimento. “A educação que não falha no país é a do futebol, enquanto isso há uma grande lacuna de alfabetização científica. Entretanto, mesmo nesse contexto de desvalorização da ciência por parte do grande público, estamos cercados de iniciativas positivas e benéficas para difundi-la e despertar a vontade de investigar, entender como o mundo funciona.

A Profa. Yvonne nomeia alguns projetos e destaca como a cidade de São Carlos é um ambiente propício para movimentos deste cunho, visto o tamanho de sua população e a proximidade a duas importantes universidades - a USP e a UFSCar. O Centro de Divulgação Científica e Cultural (CDCC), assim como o Observatório Dietrich Schiel, são, para Yvonne Mascarenhas, iniciativas positivas, mas que necessitam de apoio e adesão tanto da parte de financiadores, quanto por parte da própria população. “A ciência não se difunde sozinha”.

Frente a esse quadro, Yvonne Mascarenhas reitera a necessidade de existir uma comunicação cada vez maior entre áreas de pesquisa. “O conhecimento é apenas um, sua separação em especializações inibe o pesquisador de ver o todo. O desenvolvimento científico e tecnológico é fruto de um contínuo trabalho em grupo, não de cabeças individuais”, pontua a cientista. Ela destaca a dificuldade enfrentada na realidade das universidades: a aplicação do conhecimento é interdisciplinar, formação dos estudantes, futuros pesquisadores, não é. “No caminho do expansão das fronteiras de conhecimento individuais, tem a iniciativa do Instituto de Física de São Carlos de toda semana reservar um horário destinado para colóquios, nos quais pesquisadores das mais diferentes áreas, tanto de dentro quanto de fora do Instituto, têm um espaço para divulgar seus avanços”. Sobre a integração proporcionada pela SIFSC entre a graduação e pós-graduação do IFSC, a Profa. Yvonne considera a ideia muito boa e que deveria se expandir até mesmo para fora do Instituto.   

Um dos destaques da SIFSC é a concessão do Prêmio Yvonne Primerano Mascarenhas, destinado às melhores apresentações de pesquisa realizadas por alunos de iniciação científica, mestrado e doutorado. Quanto ao impacto de prêmios como este, tendo em vistas o desenvolvimento dos pesquisadores jovens, Yvonne Mascarenhas ressalta a importância de se reconhecer o mérito acadêmico quando merecido. Principalmente quando este está atrelado ao trabalho e dedicação. No entanto, ressalva que a motivação não deve vir apenas do prêmio em si, mas que este deve servir como estímulo para continuar na trilha da ciência. Quanto ao fato do prêmio levar seu nome, no Instituto no qual foi pilar importante da fundação, a própria resume a sensação em poucas palavras: “É um reconhecimento do trabalho de uma vida, do constante e contínuo trabalho de “formiguinha”, pouco a pouco, passo a passo, dentro do amplo cenário da ciência e sua difusão”.

A Profa. Yvonne Primerano Mascarenhas tem presença confirmada, como em todo ano, na entrega do “Prêmio YPM”, sendo para ela uma honra e uma oportunidade de vislumbrar as novidades de pesquisa que estão sendo desenvolvidas no Instituto. Por fim, a decana do IFSC/USP deixa uma dica, um conselho que traz uma antiga sabedoria popular: “Fofoquem sobre ciência”.

Para Krissia Zawadzki, que concluiu recentemente seu doutorado no IFSC e que já conquistou o “Prêmio YPM”, sua principal motivação para se inscrever no prêmio foi tentar incluir na lista de destaques a área física da matéria condensada computacional, na qual seu projeto é contextualizado. "Em geral, problemas dessa área são vistos como muito abstratos e complicados e eu queria ter uma oportunidade para mostrar que um problema nessa área pode ser bastante interessante e divertido de se estudar. Eu poderia dizer que minha esperança era que colegas (graduandos e pós-graduandos) e professores pudessem ver minha área como "que legal, isso parece divertido de se pesquisar!", ao invés de "nossa, que coisa chata, difícil de entender!", comenta Krissia.

Quanto às apresentações programadas para esta edição do Prêmio, Krissia dá um conselho aos participantes: "Tentar expor seu trabalho de forma simples e contagiante no resumo e, principalmente, na apresentação. Nós aprendemos em escrita científica que a forma mais eficiente de divulgar nosso trabalho é tentar contextualizá-lo de forma simples e destacar o seu potencial para o progresso da grande área de pesquisa que estudamos. Essa é uma dica para o resumo: tentar ser conciso e explicar de forma simples como o seu trabalho se insere no contexto da sua área e qual a sua contribuição. Quanto à apresentação, eu diria para tentar fazer uma apresentação em que os espectadores possam ter uma perspectiva geral do seu trabalho e consigam sair com uma bagagem de conhecimento extra. Transmitir sua empolgação com o seu trabalho, de forma que qualquer pessoa consegue aprender algo, é especial. Essa dica eu aprendi com o meu orientador, o Prof. Luiz Nunes, cuja didática é tão eficaz que ele é capaz de explicar física para públicos diversos (de crianças na pré-escola até idosos)".

Krissia participa da SIFSC desde sua primeira edição: "Além de participar, fiz parte da organização em duas edições. Vi a evolução do evento ao longo desses últimos sete anos e gostaria de parabenizar todos os envolvidos em cada etapa. Eu adoro a SIFSC. Acho a ideia do evento genial e sempre tentei aproveitar o máximo de todas as atividades que a semana se propõe a oferecer.  É uma oportunidade incrível para, em uma semana, assistir a apresentações de palestrantes de renome, ver o trabalho de colegas e interagir com diversas áreas, além de participar de diversas atividades e discussões sobre o futuro profissional."

Para mais informações sobre a SIFSC, consulte o site: http://sifsc.ifsc.usp.br/ e acompanhe nossas redes sociais Instagram e Facebook: @SIFSC8 e SIFSC. (Roberto Furuta – Comissão Organizadora da SIFSC VIII) - Rui Sintra - Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

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