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Estudantes ocupam prédio da USP por causa de vagas no alojamento

28 Mai 2010 - 13h36Por Redação São Carlos Agora

Cerca de 25 estudantes da Universidade Estadual de São Paulo (USP)´, campus São Carlos, ocupam o prédio da coordenadoria desde segunda-feira (24). Eles afirmam que a ocupação é uma forma de reivindicar a participação do corpo discente na distribuição das 192 vagas no alojamento e das 65 bolsas-moradia, ajuda financeira de R$300 reais dada aos estudantes carentes.

Um regimento que estabelecia as normas do processo seletivo para as vagas no alojamento foi estabelecido em 2006, por um conselho gestor (órgão que trata de assuntos relacionados à infra-estrutura da USP) formado por quatro estudantes, quatro professores e uma assistente social. Em fevereiro deste ano, alegando que o regimento não havia sido aprovado pela Comissão de Legislação e Recursos (CLR) da USP, a universidade anulou esse regimento e realizou uma seleção sem a participação dos estudantes.

“O problema é que falta transparência nesse processo, porque os estudantes não sabem os critérios usados para distribuir as vagas”, afirma Paulo Tauyr, estudante da USP e membro do conselho gestor. Segundo ele, a seleção apresentou algumas irregularidades por conta disso. “Houve um caso de um estudante que está fora do país fazendo intercâmbio e foi selecionado para uma vaga no alojamento. Teve gente que nem se inscreveu e foi selecionado”, reclama Tauyr. 

Everton Oliveira, morador do alojamento da USP, acredita que a decisão de afastar os estudantes da seleção faz parte de uma postura da universidade de excluir o corpo discente de decisões administrativas. “A idéia é aplicar as diretrizes do Coseas (Coordenadoria de Assistência Social) de São Paulo em São Carlos”, afirma Oliveira, ressaltando que o prédio da entidade na capital também está ocupado, desde março. “Se isso acontecer, quando a gente quiser cobrar alguma coisa, terá que falar com o Coseas lá em São Paulo, e vai ficar mais difícil”, completa.

Os estudantes afirmam que, desde fevereiro, vêm tentando conversar com a Coordenadoria do Campus, mas que ela não se dispôs a negociar, chegando inclusive a suspender o fornecimento de água e energia para o prédio. Já a assessoria de imprensa da USP, em nota, afirmou que a Coordenadoria mostrou disposição para atender e dialogar com os alunos.

De acordo com a assessoria da USP, são três os motivos que levaram a administração a anular o regimento e afastar os estudantes do processo seletivo. O primeiro é que há um conflito de interesses na participação dos estudantes na seleção, por serem eles os maiores interessados na questão. O segundo é que as inscrições para as vagas requerem dos interessados a apresentação de documentos considerados sigilosos, como declarações de imposto de renda, entre outros, e a exclusão dos estudantes seria uma forma de evitar o acesso deles a esses documentos. O terceiro diz respeito à concessão das bolsas-moradia, que segundo a assessoria deve ser responsabilidade de um administrador público, por envolver dinheiro público.

A assessoria da USP também informou que a Armando Monteiro Neto, presidente da Confederação Nacional da Indústria não irá negociar com os estudantes enquanto eles mantiverem a ocupação, que a universidade chamou de “ato agressivo e desnecessário”. 

André Dantas/Jornal A Folha

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