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Abandono marca Fadisc; ‘noitadas’ acontecem e instalações estão infestadas de animais peçonhentos

18 Jan 2017 - 16h34Por Redação
Foto: Abner dos Santos/Folha São Carlos e Região - Foto: Abner dos Santos/Folha São Carlos e Região -

O prédio que funcionava a antiga Faculdade Integrada de São Carlos (Fadisc) está abandonado e atrai animais peçonhentos. A reclamação é dos moradores que moram nas adjacências do local e, além disso, a propriedade se tornou terreno fértil para foco do mosquito da dengue, lugar de 'noitadas' e de pernoite de moradores em situação de rua.

No prédio que recebia uma das bibliotecas com um dos acervos mais rico da região hoje pode ser encontrado peças de roupas íntimas, como sapatos, calças, pedaços de garrafas quebradas no chão. Ademais, as janelas foram quebradas e parte do telhado foi roubado.

Na piscina que era utilizada para lazer e práticas poliesportivas pelos estudantes, no interior foi encontrado entulho. No entorno havia muito mato alto e em cima de bancos quebrados garrafas de pinga, cerveja e copos descartáveis, ilustrando um ambiente de festa. "É certeza que tem festa aqui e um pouco mais durante a noite. Eu fico mais preocupado ainda porque jovens mal intencionados podem trazer garotas para esse local e estuprar, porque é escuro e longe das ruas", disse um homem que estava no local.

A depredação de banheiros, telhados e janelas roubados também são visíveis. A antiga academia não tem mais telhado nem porta. Onde eram salas aulas estão sem janelas e a maioria das salas estão com as paredes pinchadas com frases e desenhos enigmáticos.

A cantina é reconhecível por causa de cartazes que restaram de propaganda com nome de sorvetes e um balcão depredado que restou, porque o resto do prédio é irreconhecível, dentro de uma mata fechada.

Onde os diretores e os professores se encontravam para discutir assuntos e organizar projetos do ano letivo, a diretoria, virou um cenário desconhecido e assustador. No local tem telhas, pedaços de madeiras espalhados pelo chão e na entrada tem sofá, pedaços de privadas e mato, terreno fértil para o surgimento e procriação de animais peçonhentos.

"Estes dias encontraram uma cobra no terreno", disse uma morada de um condomínio ao lado da propriedade. "Eu fico preocupada porque tenho duas filhas pequenas e tenho medo porque já encontramos escorpião dentro de casa. A Prefeitura, alguém precisa fazer alguma coisa", acrescentou. O marido dela reclamou de outro espaço abandonado no local, a antiga Fazenda Hotel que também está abandonado.

Para quem ingressou como aluno no curso de Direito da Fadisc, e chegou a ser professor na mesma faculdade, é motivo de muita tristeza. "É lamentável constatar que uma das referências da formação jurídica da região não mais existe, o prédio se encontra depredado e muito dos ex-professores e demais empregados ainda não receberam seus direitos trabalhistas, pendendo ação na Justiça do Trabalho, em busca dos direitos violados", disse Renato Cassio Soares de Barro, advogado, professor universitário e presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de São Carlos.

"Da mesma forma é triste constatar a ausência de atuação, na época, dos Órgãos Públicos, a nomear um interventor para as questões relacionadas ao Ensino e consequentemente reestruturação", acrescentou.

A Prefeitura disse que pelo prédio ser propriedade privada a única intervenção que pode ser feita é o encaminhamento de reclamação à Vigilância Epidemiológica.

FADISC

A faculdade foi fundada em São Carlos em 1964. Manteve cursos superiores na área de Administração de Empresas, Ciências Econômicas, Direito, Engenharia Civil, Engenharia de Produção, Licenciatura em Computação, Letras, entre outros, além de pós-graduação latu sensu.

A decisão do MEC, no dia 30 de agosto de 2011, de descredenciar a Fadisc, na prática, fez a instituição fechar as portas, o que piorou a situação dos cerca de 60 professores que lá atuavam. Em fevereiro daquele ano os docentes se recusavam a trabalhar, pois 50% do salário estava sendo retido pela faculdade.

Nos meses, seguintes, a faculdade só funcionou "aos trancos e barrancos", com poucas aulas e falta de estrutura.

A decisão do ministério veio após a mantenedora não atender aos prazos para demonstrar a viabilidade acadêmica e financeira da instituição, que teria cerca de R$ 3 milhões somente em dívidas trabalhistas. Atualmente o prédio está penhorado e esperando uma decisão judicial. (Abner dos Santos/Folha São Carlos e Região)

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