sexta, 26 de abril de 2024
Entretenimento

Programação de novembro do Cineclube CDCC

30 Out 2009 - 21h00Por Redação São Carlos Agora

O Centro de Divulgação Científica e Cultural (CDCC) da USP em São Carlos promoverá a seguinte programação em seu Cineclube, neste mês de novembro, com sessões aos sábados, às 20h, e entrada franca:
 
 Sábado, dia 7
A ROSA PÚRPURA DO CAIRO
The Purple Rosa of Cairo, EUA, 1985, Comédia, 84 minutos
Direção: Woddy Allen
Elenco: Mia Farrow, Jeff Daniels, Danny Aiello
Seria necessário escrever um livro para abordar todos os elementos que são discutidos neste filme que o próprio Woddy Allen considera como seu melhor. Um belo elogio ao cinema, principalmente ao mostrar o papel da arte na vida das pessoas, bem como ao oferecer um quadro completo dos sentimentos vivenciados com verdadeira ingenuidade. E neste filme, o limite entre o real e o fictício foi abordado com muita poesia e perspicácia. A história se desenvolve em torno de Cecília, uma dona de casa sonhadora da década de 1920, casada com um letárgico beberrão, que busca no cinema um escape de sua vida árdua.
Durante uma sessão, tendo já assistido diversas vezes ao mesmo filme, surpreendentemente o herói da trama salta da tela e diz que está apaixonado por ela. Após o absurdo inicial, Cecília resolve ajudar o personagem a viver no mundo real e, além do que, também está apaixonada por ele.  Durante esta fuga o ator que interpreta o herói fica sabendo do ocorrido e vai até o encontro de Cecília para tentar convencer seu personagem a voltar para a tela.
Essa premissa absurda é profundamente metalingüística, pois além de se tratar de um filme dentro do filme, a todo o momento será confrontada a vida real com a idealizada. Também será discutida a importância da arte para uma estruturação emocional completa. Pois a vida é difícil e algumas vezes seria realmente preferível deixar-se iludir que enfrentar um mundo que causa sofrimento, mesmo tendo-se em mente que se trata apenas de uma fuga.
E tal metalinguagem termina no próprio espectador pois, mesmo com a proposital artificialidade da trama, fica-se torcendo tanto pelo destino de Cecília, que tal conto de fadas pode parecer mais verdadeiro ou íntegro que os dramas cotidianos de cada um.
Bruno Mialich
NÃO RECOMENDADO PARA MENORES DE 12 ANOS
Tema: cinefilia
Contém: baixa tensão, temática com impropriedade
 
Antes deste filme será exibida a:
III Mostra Internacional de Videodança de São Carlos
Lilium (versão reduzida), Brasil, 11 minutos
Sentidos da Dança, Brasil, 9 minutos
 
Sábado, dia 14
FLANDRES
Flandres, França, 2006, Drama, 90 minutos
Direção: Bruno Dumont
Elenco: Samuel Boidin, Adelaide Leroux, Henri Cretel
Já foi dito que nas obras do diretor e roteirista Bruno Dumont sua intenção é retratar em cada pequeno ato da vida de alguém a complexa dialética dos sentimentos que possuímos. Neste filme não é diferente, e ter-se-á uma exposição profunda da vida interior do homem e cada trivialidade ocorrida será representante de um contexto complexo que tem o homem como principal agente ativo.
Demester é um jovem aparentemente superficial que vive no interior francês e divide seu tempo entre o trabalho no campo e as frias relações sexuais que mantêm com uma amiga de infância. Esta pasmaceira é interrompida quando ele tem que lutar em uma guerra (não é mencionado qual é a guerra) e vivencia o horror de ter que dar vazão aos piores instintos da natureza humana. Seus colegas de batalhão também passarão pelas mesmas experiências e juntos eles enfrentarão as mais dramáticas situações.
Flandres é mais que um filme de guerra, pois a guerra em questão é só um artifício filosófico-artístico para representar a natureza violenta de nossa raça, que está sempre em conflito com o mundo e ainda foi incapaz de estabelecer uma paz coletiva. É teorizado também que tal incapacidade para o convívio social é advinda da árdua tarefa de se encontrar paz interior, e o que é mais dramático, tais conflitos existenciais, além de intrínsecos, são importantes para a compreensão completa de si, o que é uma espécie de paradoxo, e é daí que surge a dialética.
Longe de ser um filme agradável e repleto de atuações minimalistas, é brilhante em sua concepção.
Pode-se argumentar que Dumont é um moralista em busca de um padrão de comportamento que dignifique adequadamente a humanidade, mas com certeza ele tem em mente que devido às infinitas diferenças de personalidades de cada um, a busca pelo agir corretamente é trilhada meio a muita dor e tristeza. Apesar de que uma epifania pode ocorrer quando menos se espera..
Grande Prêmio do Júri em Cannes.
Bruno Mialich
NÃO RECOMENDADO PARA MENORES DE 18 ANOS.
Tema: convívio social
Contém: assassinato, estupro, tortura
 
Antes deste filme será exibida a:
III Mostra Internacional de Videodança de São Carlos
5 (cinco), Argentina, 10 minutos
Em Alguma Parte, Brasil, 3 minutos
 
Sábado, dia 21
O HOMEM QUE NÃO ESTAVA LÁ
The Man who Wasn´t There, EUA, 2001, Drama, 118 minutos
Direção: Ethan Coen/Joel Coen
Elenco: Billy Bob Thorton, Frances McDormand, Scarlett Johansson
Os irmãos Cohen utilizam muitas referências para caracterizar da forma mais ampla possível o comportamento humano. Mas neste filme, ambientado no final da década de 1940 e belamente fotografado em preto e branco, é fácil perceber que o personagem principal é uma espécie de Mersault, personagem principal do livro O Estrangeiro de Albert Camus.
Ed Crane é um barbeiro cuja esposa tem problemas com bebida e que desconfia que ela esteja tendo um caso com o chefe dela. Visivelmente um sujeito introspectivo, ele parece ser incapaz de demonstrar emoções, bem como nutrir empatia por qualquer pessoa. Um dia ele conhece Tolliver, um sujeito que diz ter um investimento de lucro garantido, mas que precisa de dez mil dólares para começá-lo. Ed consegue o dinheiro chantageando anonimamente o chefe de sua esposa, mas depois de entregar tal quantia para o investidor, este some sem deixar pistas.
Tratando-se de um filme que faz referências aos suspenses noir de Holllywood, aqui o personagem principal, mais que um homem confuso, é alguém que sabe que tem liberdade para fazer absolutamente o que quiser. Sabe também, que a única forma de ser detido em qualquer ação é pela interferência direta de uma lei baseada em valores sociais, mas que ainda estará sujeita aos valores de uma época ou povo.
Tais conceitos filosóficos referem-se grandemente ao existencialismo de Sarte, que também motivou O Estrangeiro, mas aqui certamente temos uma obra muito original que revisa o absurdo de uma época passada, com os valores do homem moderno. E é curioso perceber que ainda não houve tantas mudanças, e que quanto mais o homem busca explicações ou satisfações na vida, ao invés de angariar informações que lhe propiciem identidade, talvez esteja caminhando para um niilismo com consequências pouco desejáveis.
Bruno Mialich
NÃO RECOMENDADO PARA MENORES DE 14 ANOS
Tema: liberdade existencialista
Contém: temática adulta, tensão
 
Antes deste filme será exibida a:
III Mostra Internacional de Videodança de São Carlos
Catch 24, Inglaterra, 4 minutos
Do You See Me?, Inglaterra, 3 minutos
Cartographies 7, Suíça, 9 minutos
 
Sábado, dia 28
ONDE OS FRACOS NÃO TÊM VEZ
No Country for old Men, EUA, 2007, Suspense, 122 minutos
Direção: Ethan Coen/Joel Coen
Elenco: Josh Brolin, Tommy Lee Jones, Javier Barden
É curioso que esta produção tenha ganhado o Oscar de melhor filme em 2008, pois apresenta uma história com narrativa lenta e que nada mais é do que um conto de perseguição policial a um psicopata e o relacionamento dele com um cowboy a quem tenta matar.
Javier Barden interpreta um cruel assassino que está interessado em conseguir por as mãos em uma mala cheia de dólares, advinda de uma tentativa frustrada de traficar drogas na fronteira dos Estados Unidos com o México. Mas Llewlyn, um cowboy rústico mas com aparente bom coração encontrou antes tal mala. O xerife do lugar (Tommy Lee Jones) é encarregado de descobrir o paradeiro da mala e do psicopata. Também este assassino tenta encontrar Llewlyn a todo custo, e nisto vai eliminando indiscriminadamente todos que se interponham em seu caminho.
Este filme de certa forma atinge patamares mitológicos, pois além de tentar explicar a estruturação da sociedade norte-americana com base nos valores violentos dos quais sempre se valeu, tenta também caracterizar tal comportamento antiético como latente em qualquer indivíduo. Ou seja, é uma história que apesar de totalmente plausível (assassinatos acontecem a todo o momento) o comportamento dos envolvidos, ainda diz que agir desta forma tem um que de transcendentalismo ou no mínimo uma carga psicológica profundíssima, talvez inalcançável para o homem; um quê de mito.
E toda vez que alguma obra artística trata de assunto tão profundo, e, como neste caso, é muito bem realizada tecnicamente, o espectador sensível percebe que está frente a um entretenimento do mais alto nível.
Há sutilezas em todos os conceitos do filme, e também é uma obra um pouco deprimente. Ganhou também os Oscar de direção, roteiro e ator coadjuvante para Javier Barden.
Bruno Mialich
NÃO RECOMENDADO PARA MENORES DE 16 ANOS.
Tema: ganância
Contém: assassinatos, violência, exposição de cadáver
 
Antes deste filme será exibida a:
III Mostra Internacional de Videodança de são Carlos
Per Due, Itália, 14 minutos
Of The Heart, EUA, 6 minutos
 
Não haverá programação em dezembro. Retornaremos em fevereiro.
 
Apoio Cultural: Vídeo 21
 
 
III Mostra de Videodança de São Carlos
III São Carlos Videodance Festival
Realização: URZE Companhia de Dança/UFSCar
 
Dias 7, 14, 21, 28 de Novembro de 2009 – Cineclube CDCC USP
Dias 24 e 27 de Novembro de 2009 – SESC São Carlos
Dia 25 de Novembro de 2009 – Abertura Oficial – Auditório 01 da BCO (Biblioteca Comunitária da UFSCar – Campus São Carlos)
Dias 27, 28 e 29 de Novembro de 2009 – Mostra Selecionada - Teatro Florestan Fernandes (UFSCar – Campus São Carlos)
 
Programação Cineclube CDCC USP
“CIRCULA VIDEODANÇA”
A III Mostra de Videodança de São Carlos apresenta no Cineclube CDCC a Programação “Circula Videodança”, exibindo videodanças realizadas no mundo todo, formando um panorama da produção de videodança.
 
Dia 7 de Novembro – às 20h
- “LILIUM”, Direção/Realização: Francisco Silva, Gustavo Fataki, Paulo Zicarelli – 2008, Brasil – 10’26’’
- “SENTIDOS DA DANÇA”. Direção/Realização: Danilo Pericoli, Bruno Reinoldes, Elizabeth Paik – 2007, Brasil – 8’12’’
 
Dia 14 de Novembro – às 20h
- “5 (CINCO)”, Direção/Realização: Jonathan Perel – 2008, Argentina – 10’
- “EM ALGUMA PARTE”, Direção/Realização: Laura Teixeira, Gustavo Fataki, Flavia Salvador, Nely Tamashiro, Anna Kühl, Fabio Koji Tashiro – 2007, Brasil – 3’ (Adaptação de Coreografia Original de Francisco Silva)
 
Dia 21 de Novembro – às 20h
- “CATCH 24”, Direção/Realização: Isabelle Dambricourt – 2008, Reino Unido – 3’39’’
- “DO YOU SEE ME?”, Direção/Realização: Charlotte Miles/ South East Dance – 2006, Inglaterra – 3’
- “LE BASSIN – CARTOGRAPHIE 7”, Direção/Realização: Philipe Saire – 2008, Suíça – 9’
 
Dia 28 de Novembro – às 20h
- “PER DUE”, Direção/Realização: Cristina Caponera/ Dance Continuum – 2006/07, Itália – 14’
- “OF THE HEART”, Direção/Realização: Douglas Rosenberg, Allen Kaeja – 2008, Estados Unidos e Canadá – 3’
 
III Mostra de Videodança de São Carlos
CONTATOS:
saocarlosvideodancefestival@gmail.com
Fone: (16) 9607-8678 (Francisco Silva – Idealizador)
 
 
O CDCC fica na rua Nove de Julho, 1227, Centro.
 
(+) informações:
Tel.: (16) 3373-9772
E-mail: cdcc@cdcc.usp.br

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