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sexta, 05 de dezembro de 2025
Artigo Rui Sintra

Unir luz e antibióticos gera uma nova estratégia contra superbactérias hospitalares

09 Nov 2025 - 10h19Por Rui Sintra
Rui Sintra - Crédito: arquivo pessoal Rui Sintra - Crédito: arquivo pessoal

Uma pesquisa desenvolvida por cientistas da Universidade do Texas A&M e do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) propõe uma alternativa promissora para combater as superbactérias hospitalares, que se apresenta como um dos maiores desafios da medicina moderna.

Esse estudo mostrou que a combinação de terapia fotodinâmica — que usa luz e corantes especiais — com antibióticos tradicionais potencializa o efeito dos medicamentos e pode até reduzir a necessidade de doses elevadas.

Esta pesquisa teve como alvo a Klebsiella pneumoniae, uma bactéria comum em infecções hospitalares graves, especialmente em pacientes com pneumonia associada à ventilação mecânica. Altamente resistente a diversos antibióticos, essa bactéria é uma das principais causas de mortes por infecção hospitalar em todo o mundo.

Os cientistas testaram o uso de dois corantes — azul de metileno e fotoditazina — ativados por luz vermelha de LED. Essa técnica, chamada terapia fotodinâmica antimicrobiana, gera moléculas reativas de oxigênio que danificam as células bacterianas.

Sozinha, a terapia teve efeito moderado, mas quando combinada com antibióticos, como ciprofloxacino, gentamicina e ceftriaxona, o resultado foi surpreendente: a bactéria foi praticamente eliminada. Segundo o estudo, a associação da luz com o azul de metileno foi a mais eficaz, resultando em uma redução de até seis vezes na carga bacteriana em comparação ao uso isolado dos medicamentos.

Os autores do estudo, Koteswara Rao Yerra e o cientista são-carlense Prof. Vanderlei Bagnato, pontuam que a luz age como uma espécie de “abridor de caminho”, tornando as bactérias mais vulneráveis aos antibióticos.

Além de aumentar a eficiência dos tratamentos, a técnica pode diminuir a dose necessária de antibióticos, o que reduziria efeitos colaterais e ajudaria a conter o avanço da resistência bacteriana — um problema que a Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica como uma das maiores ameaças à saúde pública global.

As chamadas “superbactérias” são micro-organismos que desenvolveram resistência a vários tipos de antibióticos, tornando o tratamento de infecções muito mais difícil. Essa resistência surge, em grande parte, pelo uso incorreto ou excessivo de antibióticos — como, por exemplo, quando são tomados sem prescrição médica, interrompidos antes do tempo indicado ou usados para tratar doenças virais, como gripes e resfriados.

Nos hospitais, o problema se agrava porque os pacientes já estão debilitados e frequentemente precisam de procedimentos invasivos, como cateteres, sondas e ventilação mecânica, que podem servir de porta de entrada para esses microrganismos. Ambientes hospitalares com limpeza inadequada e falhas no controle de infecções também favorecem a disseminação das superbactérias.

Caros leitores, a prevenção é a principal forma de combate às superbactérias e isso inclui medidas simples e eficazes, como:

  1. Higienizar as mãos regularmente com água e sabão ou álcool em gel;

  2. Usar antibióticos apenas com prescrição médica e seguir corretamente o tempo e a dose indicados;

  3. Evitar o uso desnecessário de antibióticos para infecções leves ou virais;

  4. Garantir boas práticas de limpeza e desinfecção em hospitais e clínicas; e

  5. Isolar pacientes infectados, quando necessário, para impedir a transmissão.

Os pesquisadores acreditam que a combinação entre luz e antibióticos poderá ser aplicada, futuramente, em infecções localizadas, como feridas, úlceras e infecções respiratórias. Por já empregar substâncias e equipamentos usados em ambiente clínico, a proposta tem potencial para chegar rapidamente à prática médica.

O Prof. Vanderlei Bagnato pontua que essa é uma forma inteligente de reaproveitar tecnologias seguras e conhecidas para enfrentar um dos maiores desafios da saúde pública.

O estudo, publicado na revista Antibiotics, reforça a importância da inovação no uso de terapias combinadas e aponta um caminho promissor para um futuro com tratamentos mais eficazes e menos dependentes de antibióticos potentes.

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