terça, 07 de maio de 2024
No Rio Amazonas

Voluntários são-carlenses participarão de missão médica e odontológica no Barco Hospital Papa Francisco

30 Dez 2019 - 07h20Por Marcos Escrivani
Voluntários são-carlenses participarão de missão médica e odontológica no Barco Hospital Papa Francisco - Crédito: Divulgação Crédito: Divulgação

Em uma ação social onde a filosofia é “fazer o bem, sem ver a quem”, uma equipe de médicos e odontólogos de São Carlos realizará em março de 2020, uma missão voluntária na calha norte do Rio Amazonas.

Serão nove profissionais liberais que partirão de Óbidos, no Pará, no Barco Hospital Papa Francisco. O objetivo é cobrir uma extensão de 800 quilômetros do rio Amazonas, onde vivem espalhadas 700 mil pessoas. A meta é atender aproximadamente 1,3 mil pacientes.

A formação da equipe são-carlense foi idealizada pelo dentista José Luiz Sanchez que irá participar pela segunda vez da ação solidária. Em contato com amigos e profissionais da área da saúde, já recebeu sinalização positiva dos médicos Laura Tavares e Marcos Aurélio Ogando (casal de clínicos/especialistas), Luiz Menegazzo (médico radiologista), José Carlos Bonjorno Júnior (médico anestesista) e Alan Morais (cirurgião). Além da odontóloga Yeda Vieira.

Segundo Sanchez, em entrevista ao São Carlos Agora faltam compor o grupo mais dois profissionais (médico cirurgião e um oftalmologista). “Até o início de janeiro necessitamos desses profissionais para não comprometer nossa missão. Quem quiser participar desta missão voluntária, basta entrar em contato pelo fone 16 99758-5366 (WhatsApp). Será muito bem-vindo e poderá ser voluntário em outras missões também”, comentou Sanchez. “A associação franciscana paga as passagens e a hospedagem é dentro do barco, mas com todo o conforto e segurança para trabalharmos tranquilos e manter a família longe despreocupada”, adiantou.

COMO COMEÇOU

Com 46 anos, José Luiz Sanchez já foi professor universitário por 15 anos e há 24 exerce a odontologia em São Carlos. Casado com a também odontóloga capixaba Janaina Gomes, 43 anos, é pai de Heitor, 8 anos.

Através de um amigo, Sanchez conheceu a Associação Franciscana Divina Providência, estabelecida na cidade de Jaci (região de São José do Rio Preto) e criada pelo Frei Francisco. Hoje, a entidade religiosa tem 62 obras sociais no Brasil, Portugal e Haiti e se interessou em ser voluntário.

Em entrevista, o dentista são-carlense disse que em 2013, durante a visita do Papa Francisco ao Brasil, ele conheceu as atividades da Associação Franciscana durante o Encontro Mundial da Juventude, ocorrido no Rio de Janeiro.

Na oportunidade, o Papa indagou ao Frei se havia obras sociais na Amazônia. Diante da negativa, o Pontífice salientou que “deveria ter”.

A partir daí o franciscano iniciou uma pesquisa em observou que no Pará, um estado de vasta região onde pessoas não eram atendidas, encampou hospitais em Óbidos e em Juriti.

“Não satisfeito, o Frei Francisco buscou recursos e embarcou literalmente na ideia de construir um barco hospital de 32 x 12 metros para atender a população ribeirinha do Rio Amazonas, dos quais muitos jamais foram atendidos por médicos ou dentistas pelas distâncias e dificuldades de deslocamento. Se tornou um milagre na vida dessas pessoas quando um Barco Hospital montado com os melhores recursos disponíveis ancora próximo a uma localidade”, relatou Sanchez, salientando que na embarcação há centro cirúrgico, radiografia, mamografia, UTI e internação 24 horas. Além de consultórios dentários, laboratório de análises clínicas e farmácia.

“A equipe fixa conta com 20 profissionais. Mas nas missões há ainda sempre nove voluntários”, comentou o dentista são-carlense.

A ESTREIA

Sanchez afirmou ao São Carlos Agora que participou em setembro da sua primeira missão, sendo um dos nove voluntários que ficaram por nove dias no Barco Hospital. “São duas missões por mês”, explicou.

Participou de um trajeto que atendeu comunidades ribeirinhas em Faro e Terra Santa e fizeram ao todo 1.006 atendimentos médicos, dentre consultas cirurgias e até uma cesárea de emergência.

Segundo ele, a jornada é desgastante, pois são atendidos somente na odontologia, aproximadamente 200 pacientes no trajeto. “São restaurações, extrações, tratamentos de canal”, comentou. “E tudo isso começou através de um amigo de universidade que largou tudo para virar frei. Em um dado momento, conversei com ele, me interessei e revelei o desejo de viver a experiência. Acredito que tomei uma decisão acertada”, ponderou.

FAZER O BEM

Após participar da primeira missão oficial do Barco Hospital, Sanchez, em seu consultório no Medical Center, mostrava-se com a satisfação de um dever cumprido. “Fazer o bem, faz com que a gente possa se sentir mais leve. Estudei em escola pública e carrego comigo que tinha um dever para com a sociedade. Por isso, acredito que tomei uma decisão correta ao participar desta missão e iniciar a formação de uma segunda, somente com são-carlenses”, admitiu. “A gente se sente mais leve, com o espírito renovado. E recebe em troca, a gratidão de pessoas desconhecidas, as quais proporcionamos carinho, qualidade de vida e um atendimento profissional”, ponderou.

CRESCER COMO SER HUMANO

Indagado sobre o legado que missões no Barco Hospital deixa, Sanchez usou a síntese. “Crescemos como ser humano. Temos a chance de proporcionar qualidade de vida aos nossos filhos. Mas enxergamos nossos filhos em uma situação humilde, como as que vemos nessa nossa ação. Então acredito que é nosso dever, nossa obrigação, poder levar condições humanas para famílias que vivem em situações precárias. É algo que não tem preço”, finalizou.

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