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Estudantes oficializaram ontem o final da greve do curso de medicina da UFSCar

07 Jun 2013 - 08h48
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Os estudantes do curso de medicina da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) oficializaram na tarde de quinta-feira (06) o final da greve que já durava 82 dias.

Durante uma assembleia realizada no ultimo dia 4, onde estiveram presentes de 88 alunos, foi votado o fim da greve. Foram 49 votos a favor, 18 contra e houve ainda 21 abstenções.

Fotos:Tiago da Mata / SCAEm contato com o São Carlos Agora, a aluna do 3º ano Ana Clara Bortotti afirmou que a greve foi encerrada não por ter condições mínimas de aula ou ter atingido as pautas de reivindicação, mas por ter esgotado todas as energias.

"Encerramos a greve não por ter atingido a pauta, mas sim por ter esgotado nossas energias, estamos esgotados, é uma sensação de desconsolo. Tomamos a decisão de encerrar para tirar das nossas costas a responsabilidade da paralisação e colocar sobre a Universidade e a Prefeitura", afirmou ela.

Ainda segunda a estudante, mesmo eles tendo conseguido a aprovação da lei que regulamenta a preceptoria em São Carlos pelos médicos da rede pública municipal e a Universidade já ter aberto o edital para a contratação, a adesão é quase zero, não tendo condições mínimas de retomar as atividades. "O resultado é que quase nenhum médico da cidade de São Carlos aceita ser preceptor do curso de medicina da UFSCar porque esse emprego paga  R$ 21,48 por hora, ou aproximadamente R$ 19,00 com os descontos. E também porque mesmo com esse valor, muitos já trabalharam por anos sem receber nenhum centavo" afirmou Ana Clara.

Confira abaixo alguns trechos da nota emitida pelos estudantes de medicina do 1º ao 4º ano:

O que nós vivemos é o reflexo de uma política de sucateamento e precarização da saúde pública e da educação. No futuro o Brasil sofrerá as consequências dessas medidas na qualidade do atendimento de saúde que a população receberá.

O curso foi paralisado devido à falta de preceptores (médicos da rede que acompanham e orientam a prática profissional dos alunos) e 82 dias depois, tendo conseguido aprovar uma lei municipal para finalmente abrir o edital de contratação desses profissionais, estamos parados, pois as condições do contrato são precárias e vexatórias.

No entanto é consenso entre todos os alunos que as condições mínimas para a realização de um curso de medicina de qualidade não foram conquistadas. O movimento esbarrou em todo tipo de burocracia e morosidade dos órgãos públicos e somos reféns desses processos para retornar às atividades.

Estamos hoje sem hospital escola, sem prédios e laboratórios, que estão atrasados há anos, numa política que não pode se dar ao luxo de planejar e garantir uma estrutura antes de abrir um curso. Numa política educacional de criar cursos sem investimentos. O que o Brasil não pode se dar ao luxo é de formar médicos de forma tão irresponsável, pois isso não está acontecendo apenas em São Carlos, mas no país todo. Saúde não é luxo.

Por tantos empecilhos e provas da incapacidade da universidade, do departamento e do Ministério da Educação de criar condições adequadas, e mínimas, para o ensino da medicina os alunos pedem que o curso seja fechado para evitar que outros estudantes entrem numa estrutura que não é compatível com o ensino da medicina. Não queremos ser coniventes com a negligência na formação dos futuros médicos do Brasil. Por isso os alunos exigem que as providências para garantir uma formação daqueles que já estão matriculados sejam tomadas, por realocação em outras universidades públicas, dessa vez com qualidade.

Parabéns UFSCar, parabéns São Carlos. Após 8 anos vocês ainda não têm um curso de medicina.

Problemas antigos

Em outubro do ano passado, na época das eleições municipais, alunos do curso de medicina da UFSCar protestaram na Câmara Municipal devido aos mesmos problemas. Na época, vereadores da situação queriam "cortar" o discurso de uma aluna que fazia uso da Tribuna Livre e foi forçada a concluir sua fala.

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