Nos conflitos jurídicos que envolvem menores ligados à área do Direito de Família, podemos verificar que a “escola” possui um papel de suma importância, posto que às vezes, percebem algo em relação à criança, que os pais ainda não estavam atentos ou até mesmo podem contribuir no processo de divórcio dos pais, quando este seja o conflito jurídico entre eles, e convenhamos, quando os pais estão em litígio, podem tornar o ambiente escolar dos filhos também um lugar de desentendimentos, pois não estão “olhando” para as necessidades das crianças, presos muitas vezes nas suas “dores”, que é natural nesse processo de separação conflituoso, mas que, caso exista um esforço maior dos pais, pode favorecer pelo menos, que esse sentimento de “raiva e briga” não passe para o ambiente escolar.
A abordagem sistêmica desenvolvida por “Bert Hellinger”, alemão, educador e terapeuta, traz à luz as leis que regem a relação entre a escola, à família e os professores, e nos mostra que cada um tem o seu lugar, a sua importância nesse lugar, e invadir o limite do outro é uma das principais causas dos conflitos que as escolas podem enfrentar. Mas quando a instituição percebe a importância da comunicação “escola e pais” da inclusão destes neste ambiente e comunicam eles das decisões tomadas em relação aos seus filhos, e principalmente, quando estão atentos à alteração de comportamento da criança e conversam em conjunto, passam a contribuir para a saúde e a melhoria de vida destas crianças.
A escola também é um “sistema” e possui sua hierarquia e deve ser respeitada pelos pais, mas quando cada um entende seu papel e em conjunto conseguem passar para as crianças que elas são “metade do pai e da mãe” e estas não ouvirão críticas de nenhum deles, é muito importante, pois uma criança não está bem quando tem que escolher um dos pais e sentir-se leal à somente um deles, devido algum conflito que os mesmos estejam passando.
A escola pode ser vista e além do mais, assumir uma posição de parceira do aluno e a favor do seu crescimento, e também um local onde todos precisam exercitar a sua própria atuação a partir do lugar que lhes é devido, ao promover a inclusão dos pais e olhar para esse aluno sentido essa força através deles, estará agindo dessa forma, a serviço da promoção da paz e do entendimento de suas dificuldades pessoais.
Essa visão sistêmica de integração “aluno/escola/pais” diferente de há pelo menos uns anos atrás, pode demonstrar uma evolução das instituições que perceberam essa necessidade e que deram um lugar para este novo olhar e estarão contribuindo até para a solução do processo de separação judicial dos pais, sendo uma forma de ajuda para o Judiciário, que também tem em suas mãos esse conflito jurídico, portanto, quando percebemos essas interligações tudo pode se tornar mais ameno.
Dessa forma, ao retornar para casa e para o conflito ali existente, essa criança pode sentir-se segura e fortalecida e da mesma forma quando é “entregue” no ambiente escolar por um deles, a consequência pode ser extremamente positiva, no sentido de que um possível déficit de atenção, hiperatividade ou qualquer outra alteração que poderia ocorrer, fruto de alguma situação difícil, poderá não ocorrer ou se acontecer, em graus menores, devido a essa atenção “pais e escola” que foi oferecida a criança, pois a sensação de “segurança/pertencimento” é muito importante, principalmente nessas situações mais delicadas.
Assim o favorecimento de sentimentos de “respeito, integração, pertencimento, inclusão e não de exclusão”, nos ambiente familiar e escolar, somente favorecerem o crescimento saudável das crianças e essa postura adotada pelos “pais e escola”, de forma conjunta somente contribuem para a existência de uma sociedade melhor.
* A autora é Advogada Sistêmica, inscrita na OAB/SP 225.058 e Presidente da Comissão de Direito Sistêmico da 30ª Subseção de São Carlos.
Esta coluna é uma peça de opinião e não necessariamente reflete a opinião do São Carlos Agora sobre o assunto.