O caso de violência urbana envolvendo a travesti Bruna, de 21 anos, ganhou um novo capítulo na tarde desta terça-feira, 2. Em primeira mão, a advogada voluntária Camila Marques, que orienta a família da vítima e é presidente da Comissão de Diversidade Sexual e Igualdade de Gênero da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) São Carlos, falou com a reportagem do São Carlos Agora.
No início da tarde, durante 20 minutos (visita restrita devido a pandemia da Covid-19), a advogada falou com Bruna, que está internada na enfermaria da Santa Casa de São Carlos.
“Ela está lúcida, mas muito machucada. Mas a recuperação está sendo boa e deverá ter alta ainda esta semana”, disse. “Nesta primeira conversa, obtive a informação que Bruna foi torturada por três desconhecidos. Ela afirmou que foi abordada por um desconhecido e forçada ir até um matagal onde havia outros dois comparsas. Por motivos ignorados ocorreu o espancamento. Ela foi torturada e disse que recebeu pauladas na cabeça. Na madeira havia pregos. Acredito que a intenção era matá-la”, afirmou Camila.
A advogada relatou ainda que Bruna é cabeleireira e mora com a mãe. Sua família, inclusive, a apoiaria em sua opção sexual.
POLÍCIA NÃO INFORMADA
Camila Marques afirmou ao SCA ainda que entrou em contato com as autoridades policiais de São Carlos e em todos os distritos obteve a informação que a Polícia não teria sido informada da tentativa de homicídio, ocorrido na tarde de sexta-feira, 26.
“A UPA Cidade Aracy, onde a Bruna foi inicialmente atendida, emitiu uma nota e disse que prestou todo o apoio a ela, inclusive encaminhando-a via Samu à Santa Casa. Já informes junto a esta instituição de saúde, fui informada que a responsabilidade de avisar a Polícia, seria da UPA. Enfim, vamos buscar apurar as responsabilidades”, afirmou.
O CRIME
Na sexta-feira, 26, informações iniciais dão conta que Bruna teria sido levada para o matagal por dois homens (mas na verdade são três) onde teve o cabelo (aplique) arrancado com as mãos. Os desconhecidos tentaram decepar suas orelhas e havia perfurações feitas por facas em seu pescoço, mãos, seios e nádegas. Desfalecida, foi abandonada no matagal, já que os agressores acreditavam que haviam matado a vítima, caracterizando um possível crime de.
Bruna recobrou a consciência e se arrastou até uma rua, próxima a sua casa onde uma testemunha ao ver a gravidade dos ferimentos, acionou o Samu. Ela foi encaminhada a UPA Cidade Aracy e posteriormente a Santa Casa onde permaneceu sedada até a tarde de domingo, 28, e não corre mais risco de morte.