sexta, 19 de abril de 2024
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Os sete tipos de amor e o desenvolvimento emocional

06 Fev 2020 - 15h53Por Anaísa Mazari
Os sete tipos de amor e o desenvolvimento emocional - Crédito: Arquivo Pessoal Crédito: Arquivo Pessoal

O desenvolvimento emocional pode ser comparado a uma escala de evolução quando se trata de amor e das diferentes formas de amar. Ao longo da vida, vamos sendo convidados a conhecer as diferentes maneiras de sentir e manifestar afetos em conformidade com as mudanças inerentes a cada fase do desenvolvimento. Compreender nossas formas predominantes de amar e transitar nos diferentes papéis afetivos que exercemos na vida, fazem-se extremamente importantes para o desenvolvimento emocional saudável e para a identificação de aspectos que precisam se transformar para a melhor qualidade dos vínculos afetivos.

Na língua portuguesa, costuma-se chamar de amor os diversos tipos de relacionamento vivenciados ao longo das diferentes fases da vida, de forma abrangente e indiferenciada. Já na língua grega, cada forma de amar ganha contornos específicos, havendo sete tipos de amor correspondentes a cada período do desenvolvimento e com diferenças em suas manifestações e possibilidades.

O primeiro tipo de amor é o amor Pornéia, sendo a forma de amar mais primária. É o amor do bebê pela mãe, sendo essa mãe um objeto de satisfação de quem se recebe afetos e cuidados. É a fase de abastecer-se constantemente sem trocas. O termo pornografia é derivado do termo Pornéia, exatamente por se tratar da satisfação imediata de desejos sem a obrigação de continuidade ou investimento afetivo de troca. Aparece na idade adulta em relacionamentos onde a necessidade afetiva dominante é o receber e não o compartilhar afetos de modo mais equilibrado.

Quebrando a simbiose entre mãe e bebê, surge a figura de um terceiro no relacionamento, o pai ou alguém que cumpra a função de ampliar as possibilidades relacionais da criança, trazendo o amor Storgè, do diferente da mãe, gradualmente estendendo -se a irmãos e demais parentes. A mãe, de forma inconsciente, autoriza ou não esta entrada do diferente no relacionamento que antes era apenas dela e do bebê. Dinâmicas familiares também interferem nessa e em todas as construções de cada tipo de amor.  As raízes dos preconceitos diversos ou de um bom relacionamento adulto com coisas e pessoas que diferem de nós mesmos, têm origem nessa fase e nas experiências e mensagens adquiridas na infância sobre amar o diferente.

As ampliações das possibilidades relacionais seguem em frente, abrindo as portas para o amor Philia, da amizade e vínculos fraternos agora para os não pertencentes à família. As trocas começam a se tornar necessidade a partir desse nível de amor, trazendo o prazer do dar e receber. Chegamos ao amor Eros, o próximo degrau da escada, quando se inicia a probabilidade de associação amorosa com parceiros de outros sistemas familiares para a constituição de um novo sistema familiar reinventado e passível de elaboração de vivências anteriores dolorosas visando a continuidade da família, o fortalecimento e evolução. No amor Eros a troca deve ser a mais igualitária possível para um relacionamento saudável.

Já no estágio do estabelecimento de relações eróticas, o indivíduo no mundo  adulto teoricamente  tem a capacidade de exercer as funções materna e paterna. Como são funções, esses tipos de amor independem de sexo ou gênero. Amar de forma materna e paterna compreende as habilidades de acolher, suprir afetivamente, colocar ordem e limites, bem como impulsionar outros indivíduos que estão hierarquicamente em outros estágios de desenvolvimento  para a vida, para a evolução, para as conquistas. Salienta-se que nesse degrau da escada, estamos já suficientemente abastecidos para doar, mais do que receber. Ou seja, funções maternas e paternas têm seu equilíbrio quando a doação é maior - de forma desprendida e natural.

No degrau mais alto da escada, está o amor ágape. O tipo de amor que nos faz ter profundos sentimentos de pertencimento à humanidade e à vida como um todo, fraternidade, empatia, cuidado, simplesmente motivados pela consciência de que somos partes de um todo muito maior e que as conexões são mais fortes e maiores do que possamos imaginar. Esse amor se manifesta pela doação sem nenhuma necessidade de recompensa. O doar-se traz o prazer quando se pratica esse tipo de amor.

A cada degrau alcançado, é maior a capacidade de amar. A cada estágio atingido, torna-se maior a capacidade de doação afetiva. Convém salientar que em cada função dentro da vida há as pertinências da manifestação de cada tipo de amor de forma saudável e adequada ao desenvolvimento.

A história de vida de cada um e de seu sistema familiar pode viabilizar níveis mais ou menos saudáveis no desenvolvimento emocional e mesmo nas vivências amorosas em suas diferentes manifestações. Emaranhamentos podem ser identificados e a consciência bem como mudanças de postura frente ao que é identificado pode trazer significativos ganhos na sua qualidade de vida emocional. Quanto mais consciência, maior a abertura dos portais para uma vida repleta de plenitude e libertações necessárias.

Anaísa Mazari, é graduada em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. CRP 06/100271, especialista em  Saúde da Família e Comunidade através do Programa de Residência Multiprofissional da UFSCAr,   Terapeuta e Consteladora Sistêmica através do Instituto Brasileiro de Consciência Sistêmica - IBRACS Ribeirão Preto. Atua como psicóloga clínica e Consteladora.

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