sexta, 29 de março de 2024
Direito Sistêmico

O que é Pedagogia Sistêmica?

28 Set 2018 - 06h59Por (*) Adv. Rafaela C. de Souza
O que é Pedagogia Sistêmica? -

Recentemente estamos recebendo notícias nos jornais de São Carlos-SP, sobre vários adolescentes que estão tentando o “suicídio” e não podemos deixar de considerar esse assunto como uma questão de responsabilidade social e dos poderes públicos e neste breve artigo, verificar as possibilidades de conexão entre os referidos temas.

Podemos verificar o conceito de Pedagogia Sistêmica da seguinte forma: “é uma corrente da psicopedagogia desenvolvida com bases no trabalho de Bert Hellinger com as constelações familiares e posteriormente desenvolvido por Marianne Franke GrickshAngelica Olvera e Alfonso Malpica que adaptaram suas percepções para a área educacional.[i]. Bert Hellinger é um terapeuta alemão e filósofo, responsável pelas Constelações Familiares, e nesse método o “todo” é o favorecido, a escola e família se integram, mas cada qual tem suas responsabilidades.

Na literatura especializada sobre o tema temos que a pedagogia sistémica possui quatro aspectos básicos para a função da escola, ou seja[ii]: 1. Independente da maior ou menor complexidade e justificativa, teórico-prático deste paradigma, se trata de um planeamento claramente centrado nos objetivos fundamentais da escola, gerando um espaço orientado para o aprendizado e o bem-estar dos alunos; 2. Para que estes objetivos centrais possam se desenvolver é indispensável que os pais dos alunos se sintam reconhecidos pela instituição e tenham um lugar de privilégio dentro dela; deve existir uma declaração explícita no sentido de que a área educativa começa pelos pais e que eles dão seu consentimento para que a escola possa se ocupar de seus filhos com respeito nos processos de aprendizagem; 3. A escola deve ser exclusivamente um espaço educativo em nenhum momento um espaço terapêutico, apesar de que há certas intervenções sistémicas com movimentos terapêuticos associados à educação; 4. No momento em que todos os protagonistas implicados na tarefa educativa (instituição, professores e os próprios pais) visarem com responsabilidade à direção da tarefa que lhes compete, os alunos aprendem e se desenvolvem sem maiores dificuldades.

Assim as três leis do amor ou ordens do amor, desenvolvidas por Bert Hellinger podem ser introduzidas no ambiente escolar e contribuírem muito, sendo: pertencimento, hierarquia (ordem) e equilíbrio entre dar e o tomar, e diante disso, pode haver a questão: quem é o primeiro na escola por meio dessas leis? Cada aluno quando entra na escola, ele leva seu sistema familiar, e isso, inclui suas crenças, seus valores, e quando respeitamos o aluno através de sua família, pode fazer uma enorme diferença. Essas crianças passam a serem vistas e se sentirem em “seu lugar” e com isso a confiança, a segurança, sentimentos tão necessários para o aprendizado quanto à caneta e os livros, posto que um aluno que sente essa integração em seu ser, desde muito pequeno, pode realmente tornar-se um adulto que lida saudavelmente com suas emoções e com as dificuldades que a vida nos traz, evitando assim, quem sabe, situações como o suicídio. O diálogo e um olhar mais profundo às crianças e aos adolescentes pode quem sabe, evitar essa dificuldade existencial.

Numa escola sistêmica, cada um exerce o seu papel, ou seja, não há inversões de papéis, os professores são tão somente professores e não o pai ou a mãe dos alunos e busca o equilíbrio e respeito à hierarquia. Imaginemos o quanto uma sala de aula pode ser grandiosa quando o professor que ensina, está ali consciente de que traz consigo toda a força de seu sistema familiar, e da mesma forma respeita e inclui os sistemas familiares de cada aluno, gerando o sentimento de pertencimento e de amor, ao invés de outros, como medo, ódio, vontade de não estar ali.

Essas percepções são novas formas também de introdução do pensamento sistêmico no ambiente escolar e com isso um novo paradigma nas próximas gerações, que têm o desafio de terem mais conhecimento, maiores chances de desenvolvimento intelectual e profissional, mas ao mesmo tempo menos tempo de “brincar”, de estar com os pais, de desenvolver relações amorosas, que são essenciais para o desenvolvimento de um ser humano adulto e equilibrado.

(*) A autoria é Advogada Sistêmica, inscrita na OAB/SP 225.058 e Presidente da Comissão de Direito Sistêmico da 30ª Subseção de São Carlos.

Esta coluna é uma peça de opinião e não necessariamente reflete a opinião do São Carlos Agora sobre o assunto.

 

[i] https://pt.wikipedia.org/wiki/Pedagogia_sistemica

[ii] http://www.cesppma.com.br/detalhes_artigo

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