quinta, 25 de abril de 2024
Qualidade de Vida

Lombalgia (dor nas costas)

20 Fev 2020 - 07h00Por (*) Paulo Rogério Gianlorenço
Lombalgia (dor nas costas) -

No Brasil, cerca de 13% da população sofre de lombalgia (dor na lombar), a segunda condição de saúde mais comum no país, ficando atrás apenas de hipertensão arterial. E, para as próximas décadas, prevê-se um aumento de dor lombar, em particular nos países de renda baixa e média, para agravar essa condição, um estudo publicado no periódico The Lancet, afirma que os pacientes estão recebendo tratamento errado para a dor lombar.

A lombalgia pode ser definida como uma dor na região lombar, ou seja, na região mais baixa da coluna perto da bacia. É também conhecida como "lumbago", "dor nas costas", "dor nos rins" ou "dor nos quartos", dor que ocorre na região lombar inferior, problema comum, que afeta mais pessoas do que qualquer outra afecção.

A lombociatalgia é a dor lombar que se irradia para uma ou ambas as nádegas e/ou para as pernas na distribuição do nervo ciático. Pode ser aguda (duração menor que 3 semanas), subaguda ou crônica (duração maior que 3 meses).

A lombalgia é um problema extremamente comum, que afeta mais pessoas do que qualquer outra afecção, sendo a segunda causa mais comum de consultas médicas gerais, só perdendo para o  resfriado comum. Entre 65% e 80% da população mundial desenvolve dor na coluna em alguma etapa de suas vidas, mas na maioria dos casos há resolução espontânea, 50% dos pacientes melhora após 1 semana; 90% após 8 semanas; e apenas 5% continuam apresentando os sintomas por mais de 6 meses ou apresentam alguma incapacidade.

A lombalgia não se trata de uma doença, mas sim de um conjunto de sintomas que podem, quando não há o tratamento correto, prejudicar permanentemente a qualidade de vida do paciente. Na maioria das vezes, é provocada por má postura e outras práticas não saudáveis.

Mais de 90% da população mundial sofre episódio de dor lombar em algum momento da vida e a lombalgia é a segunda causa mais frequente de procura pelos serviços médicos.

Um por cento dos pacientes com lombalgia aguda tem ciática, que é definida como dor irradiada para o território de uma raiz nervosa lombar, frequentemente acompanhada de sintomas como dificuldade para andar e formigamento.

As lombalgias podem ser classificadas quanto a duração em agudas e crônicas. Agudas quando apresentam duração de quatro a seis semanas e crônicas quando a duração é maior do que 12 semanas, de 65-90% dos adultos sofrerão um episódio de lombalgia aguda ao longo da vida, com pico de incidência ocorrendo entre os 35-55 anos de idade.

As lombalgias agudas não estão relacionadas a nenhum fator definido e geralmente ocorrem após um esforço físico excessivo levando o paciente a sentir uma sensação de “travar a coluna”. Cerca de 90% dos pacientes com dor lombar aguda apresentam melhora da dor em 4 semanas e apenas 2-7% evoluirão para sua forma crônica.

A dor crônica ocorre em qualquer idade e em aproximadamente 75-85% dos pacientes que se afastam do trabalho ela se torna recorrente.

Como existe um grande número de estruturas na coluna (ligamentos, tendões, músculos, ossos, articulações, disco intervertebral) há inúmeras causas diferentes para a dor. Somando-se a isso há inúmeras doenças sistêmicas não reumatológicas que podem manifestar-se com dor lombar.

A maioria das dores lombares é causada pelo “mau uso” ou “uso excessivo” das estruturas da coluna (resultando em entorses e distensões), esforços repetitivos, excesso de peso, pequenos traumas, condicionamento físico inadequado, ao levantar mais peso do que a pessoa consegue na academia, erro postural, posição não ergonômica no trabalho, ao carregar muito peso, empurrando armários, enfim, atividades corriqueiras que causem sobrecarga nas articulações da coluna e das vértebras e osteoartrose da coluna (com o passar do tempo, as estruturas da coluna vão se desgastando, podendo levar à degeneração dos discos intervertebrais e articulações). Outras causas incluem doenças inflamatórias como a espondilite anquilosante, infecções, tumores, bicos de papagaio, hénia de disco e etc.

Os sintomas da lombalgia são dores localizadas abaixo da décima segunda costela até a prega do glúteo, definida como a região lombar. As dores podem, ainda, irradiar para o meio da coxa e se estender as vezes ate´o calcanhar.

O paciente também pode se queixar de sintomas como: Contrações musculares; Limitação de movimentos dos quadris e pelve; Incômodo ao caminhar ou realizar outras atividades comuns do dia a dia; Dificuldade para dormir; Ansiedade; Depressão. Os três últimos sintomas estão associados principalmente a casos crônicos, se a dor na lombar vier acompanhada de outros desses sintomas e se persistir após 72h, o paciente deve procurar por um médico especialista em dor.

Em mais de 90% das vezes, o diagnóstico e a causa são estabelecidos com uma boa conversa com o paciente e com um exame físico bem feito. Exames complementares de imagem como raio X, ultrassom, tomografia computadorizada e ressonância magnética não costumam ser solicitados, mas podem ser pedidos apenas para a confirmação de uma suspeita para o diagnóstico da lombalgia.

Embora a lombalgia aguda melhore espontaneamente ao longo do tempo, uma variedade de intervenções terapêuticas estão disponíveis, tais como: analgésicos, anti-inflamatórios, corticoides e relaxantes musculares. O principal objetivo do tratamento da dor lombar aguda é aliviar a dor, melhorar a habilidade funcional e prevenir recorrência e cronicidade.

Quase todos os casos regridem com repouso relativo, fisioterapia, hidroterapia, academia terapêutica, pilates, acupuntura e outras medidas não medicamentosas sem que haja necessidade de cirurgia.

O primeiro e grande mito é: para melhorar a dor lombar, o ideal é fazer repouso e esperar passar. Esse é o pensamento da maioria das pessoas, mas o correto é tentar se manter ativo dentro do possível para que a recuperação seja melhor e mais rápida.

Outro erro comum é utilizar cintas, faixas e coletes para aliviar a dor lombar, de maneira frequente. Com o tempo, essa atitude pode prejudicar os movimentos da coluna e gerar dor, além de não estimular os músculos da coluna vertebral.

Em relação ao uso de gelo no local, não há indício, nem comprovação de que melhora os sintomas, além de ser desconfortável. Sempre reforço aos meus pacientes que o mais adequado é tentar trazer um pouco mais de conforto para a região.

A bolsa de água quente pode ajudar a relaxar a musculatura. Tenha em mente que a melhora pode estar relacionada ao conforto e a sensação de relaxamento causada pelo calor local e isso pode ajudar no movimento doloroso melhorando, assim, os sintomas e acelerando a recuperação.

Enquanto, no adulto, a maioria das lombalgias tem causas e tratamentos simples, a dor lombar no adolescente é incomum e com causas que devem ser investigadas cuidadosamente pelo médico reumatologista para afastar causas secundárias como doenças inflamatórias, como espondilite anquilosante.

Siga sempre à risca as orientações do seu médico e nunca se automedique. Não interrompa o uso do medicamento sem consultar um médico antes e, se tomá-lo mais de uma vez ou em quantidades muito maiores do que a prescrita.

Praticar atividade física regularmente, manter uma alimentação saudável, evitar sobrepeso, para evitar novas crises, recomendo o pilates regularmente.

A complicação principal é que as dores piores e se tornem crônicas e virem uma hérnia de disco. As dores praticamente param a vida do paciente, atrapalham o trabalho, a vida pessoal e a qualidade de vida se negativa.

Lombalgia tem cura? Sim. A fisioterapia, bem como a realização de alongamentos, é parte fundamental do tratamento para que o paciente consiga retomar as atividades normalmente.

(*) O autor é graduado em Fisioterapia pela Universidade Paulista Crefito-3/243875-f Especialista em Fisioterapia Geriátrica pela Universidade de São Carlos e Ortopedia.

Esta coluna é uma peça de opinião e não necessariamente reflete a opinião do São Carlos Agora sobre o assunto.

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