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Coluna de Tati Zanon: ideia para os próximos cartazes

26 Ago 2015 - 15h52Por Tati Zanon/Colunista
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Há quatro dias, o governo federal anunciou que cortará 10 dos 39 ministérios brasileiros. Mas, em minha opinião, formada por diversos comentários que ouvi a respeito do assunto, não temos muito que comemorar. O governo afirma que o corte dessa dezena de ministérios gerará uma economia de milhões de reais aos cofres públicos. No entanto, seria importante mencionar quantos dos cargos comissionados serão extintos nesse ínterim.

A esse respeito, é importante dizer que, no Brasil, o inchaço da máquina pública é assustador. Só para se ter ideia, em matéria publicada no portal da revista Época em outubro do ano passado, constatou-se, através de uma pesquisa realizada pelo Instituto Data Popular, que temos por aqui 600 mil cargos de confiança. Cada deputado federal, por exemplo, pode ter até 25 assessores; só em São Paulo, há 311 motoristas à disposição de juízes e; a cada governo, o número de pessoas contratadas com dinheiro público cresceu, passando de 2,5% no governo FHC para 9,4% durante Lula e (ainda bem) tendo queda no governo Dilma, totalizando 3,6%.

Outro motivo para indignação seria pensarmos na quantidade de áreas realmente importantes e estratégicas que carecem de funcionários e empregados públicos. Um ótimo exemplo são os milhares de professores que deixam de ser empregados e receber (neste caso, merecidamente) os altos salários que são pagos aos comissionados. A pesquisa do Instituto Data Popular também revelou que 1 em cada 4 professores de escolas públicas brasileiras são temporários, sendo que a proporção ideal neste caso seria de 1 para 10.

Há muitos outros dados que poderia colocar aqui para deixá-los ainda mais perplexos, queridos leitores. Mas direcionarei a indignação para outro ângulo: mais do que questionar a necessidade, qual a qualidade dos serviços prestados pelos servidores públicos comissionados? E qual seria, de fato, a importância e necessidade de cada um deles em nosso país? Será que realmente houve necessidade de contratação, em 2015, de 588 funcionários para cargos de Direção e Assessoramento Superior (DAS) no Senado Federal? Será que nosso Executivo realmente precisa de 22,5 mil funcionários em cargos comissionados? Nos Estados Unidos, esse número é de 4 mil, no Reino Unido 300 e na Alemanha e França 500 em cada um. A prova cabal e irrefutável de que "quantidade não é qualidade".

Com tantos problemas e deficiências que temos no país, em tantas áreas de grande importância, como saúde, educação, segurança, ciência e tecnologia etc., não é de se admirar que, em qualquer protesto que já tivemos nos últimos tempos, não tenhamos lido em nenhum cartaz "Corte aos cargos comissionados". Mas podem começar por aí as reivindicações dos próximos protestos, caso houver. Certamente, se não resolver completamente os problemas do país, deverá conter a grande e inadmissível quantidade de sanguessugas que vivem às nossas custas.

As informações acima são de total responsabilidade da autora.

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