sexta, 29 de março de 2024
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Artigo Rui Sintra: Um país que sangra

21 Nov 2017 - 16h43Por (*) Rui Sintra
Foto: Divulgação - Foto: Divulgação -

O escândalo que atingiu recentemente a ALERJ - Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, de fato não causa muita admiração, nem tão pouco causa estranheza o fato de seu presidente, Jorge Picciani e dos deputados Paulo Melo e Edson Albertassi terem tido a prisão preventiva decretada pelo Tribunal Regional Federal da 2ª Divisão (TRF-2), com carácter de flagrante - corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa, entre outras acusações.

Por outro lado, poderá não ser tão estranho assim, para alguns, o fato de que dos 58 deputados com assento na ALERJ, 39 "companheiros" terem decidido mandar soltar os ditos cujos, atendendo a que, uma vez mais, ficou provada aquela que poderá muito bem ser a verdadeira "organização criminosa", isto perante os olhos de um povo que deveria ser quem mais ordena.  O caricato desta verdadeira tragicomédia carioca é que deputados dos partidos da esquerda tradicional e os da esquerda mais radical - sim, todos aqueles que batem com as mãos no peito entoando a "Internacional Socialista" e que se apresentam como "alternativas democráticas" a lideranças regionais e nacionais -, estiveram exatamente no grupo da ALERJ que, "em consciência", mandaram soltar os que deveriam estar presos para prestar os devidos esclarecimentos.

Partidos que votaram pela soltura dos acusados: PMDB / PDT / DEM / PP/ PODEMOS / PSD / SOLIDARIEDADE / PT / PSDC / PSL / PTdoB / PSOL /PSDB.

Entretanto, novo pedido de prisão foi feito pela Justiça, com alegação óbvia de que a ALERJ não tem competência jurídica. Tudo isto é uma piada (e não é de portugas!)

O Rio de Janeiro precisa, com urgência, que se passe um pente fino cuidadoso sobre tudo aquilo que o tem delapidado ao longo dos anos, ao longo de décadas, aterrorizando as populações, atendendo a que o que se está descobrindo aos poucos é apenas um conjunto de pequenos "cacos" de algo muito mais grandioso que nem sequer passa por nossa mente. O tráfico de drogas e de armas, as lavagens de dinheiro, a corrupção e o enriquecimento ilícito não são apenas casos esporádicos ou de pequena monta. O traficante de armas ou de drogas parece configurar-se apenas como o número dois da hierarquia, atendendo, inclusive, à complexidade das inúmeras operações desencadeadas pelo conjunto de meliantes e que escapam totalmente ao controle e à inteligência das forças de segurança. A pergunta que fica é: Quem são os caras que estão no topo da hierarquia do crime no Rio de Janeiro? Quem controla o Rio, a ponto de transformar a cidade e o próprio estado em zona de interdição? Quem pode defender o Rio de Janeiro e quem é impedido de fazê-lo?

Contudo, não é só o Rio de Janeiro que sofre, é o próprio país que sangra perante a covardia de sua sociedade.

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