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Artigo Rui Sintra: Brasileiros não confiam nos partidos políticos

13 Jul 2017 - 09h51Por (*) Rui Sintra
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Uma pesquisa de mestrado em Ciência Política defendida recente pelo pesquisador Eduardo Gomes Lazzari, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, da Universidade de São Paulo, apresenta como certo que os brasileiros - independente de sua escolaridade, idade, raça ou gênero - não acreditam nos partidos políticos, mostrando-se, inclusive, hostis quando se fala deles. Segundo essa pesquisa (publicada recentemente no Jornal da USP), desde o final da ditadura que a confiança nos partidos políticos se mostrou muito baixa, caindo ainda mais com o decorrer dos anos até à presente data, tendo surgido uma espécie de "cultura de desconfiança" que imediatamente contaminou os próprios atores políticos em termos individuais.

Na pesquisa, o autor refere que o apoio à Democracia continua bem latente no seio do povo, contudo, a sociedade faz questão de separar a Democracia dos partidos políticos e de seus representantes: a fidelidade ao regime democrático, contudo, prevalece.

Esta pesquisa corrobora com o que se tem verificado ao longo dos anos: os partidos políticos brasileiros se cristalizaram no tempo com mensagens e discursos completamente defasados da realidade atual - como se não tivessem surgido novas gerações com outras demandas, urgências e preferências -, mantendo-se incompreensivelmente representados por personagens que pouco ou nada acrescentam aos anseios e necessidades da sociedade, como um todo, defendendo unicamente "a voz de suas cúpulas". A tentativa de assalto desmesurado ao poder, utilizando as mais diversas formas, tem sido uma constante nos últimos anos, a que se acrescenta o fato de alguns partidos políticos terem trilhado caminhos do ilícito e do crime em nome dessa ânsia de poder, com custos elevados para quem assumiu as responsabilidades inerentes a essas ações: com isso, o povo se afasta cada vez mais dos políticos ditos "tradicionais" e dos partidos, ficando susceptível em acolher outros atores que, embora sem experiência política, tenham condições de apresentar projetos e ideias oriundas de suas próprias experiências, sejam elas de vida ou da profissão, mas que se coloquem ao serviço da sociedade.

Por outro lado, alguns partidos políticos tentaram ao longo do tempo atrelar suas ideias a ações aos denominados "movimentos sociais", que, na sua maioria, mais não são que grupos arregimentados e devidamente organizados dentro das próprias estruturas partidárias no sentido de pressionar as massas, nas ruas, a aderir a suas ideias. Essa tem sido mais uma estratégia que não tem dado resultado, pois tem tido efeito contrário: em vez de atrair o povo, ela afasta-o por diversas razões, entre as quais se contam os casos de violência e alteração da ordem pública e prejuízos do foro profissional, econômico, familiar e de qualidade de vida.

A política no Brasil terá que ser reinventada e uma profunda faxina de longo prazo torna-se necessária para as novas gerações possam acreditar em seus representantes.

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