sexta, 29 de março de 2024
Direito Sistêmico

A relação com o cliente na Visão Sistêmica?

21 Set 2018 - 07h00Por (*) Adv. Rafaela C. de Souza
A relação com o cliente na Visão Sistêmica? -

No Direito a relação com o cliente é definida por meio da elaboração de um contrato de honorários. A Ordem dos Advogados de cada Estado estabelece uma Tabela de Honorários em que define parâmetros de cobrança de cada tipo de ação ou serviço jurídico.

Mas para muitos profissionais da área jurídica não é tão fácil esse momento da cobrança e muitas vezes deparamos com o cliente que não concorda com os valores propostos, que acredita que é um serviço simples, que até mesmo o “google” saberia informa-lo, e então questiona “para que uma cobrança daquele valor”. Mas por meio da visão sistêmica, podemos entender um pouco dessa dificuldade, que pode ser até mesmo de outras profissões autônomas.

Uma indagação que podemos nos fazer é: como está minha relação com o dinheiro e porque essa conscientização é importante? E poderá verificar que sim, é extremamente relevante essa informação se você somente está “recebendo” e não está entregando como deveria ser ao cliente, ou ao contrário, se você somente trabalha “doa, doa” e nada cobra, também não está equilibrado, ou seja, entre o “dar e receber”.

O filosofo e alemão “Bert Hellinger” responsável pelas Constelações Familiares, escreveu sobre as 3 (três) leis sistêmicas, e uma delas, é o “Equilíbrio” , ou seja, o mesmo nos ensina que: “O equilíbrio entre o dar e receber é a condição indispensável para um relacionamento bem-sucedido. Entretanto deve-se levar em consideração que nem todos podem dar tudo, e que também nem todos podem receber tudo. Cada um está limitado naquilo que pode dar e naquilo que pode receber. Em um relacionamento bem-sucedido também é preciso que dê somente tanto quanto o outro possa receber e que deseje e receba somente o tanto que o outro possa dar”.

E quantas vezes não vemos profissionais jurídicos desmotivados com os próprios colegas, que não por razões que desconhecemos, acabam cometendo essa situação de desequilíbrio na cobrança dos honorários, e assim podem prejudicara si mesmo e aos demais, posto que o mesmo serviço pode então ter diversos valores numa mesma comarca. A compreensão dessa Lei do “Equilíbrio” é extremamente importante, por que quando ela faz parte de nossa consciência, ela passará a reger não só nossa relação com dinheiro, mas principalmente os nossos relacionamentos como um todo, e isso gerará somente maiores benefícios em todos os nossos círculos, ou seja, familiar, profissional, entre outros.

Nessa semana tive a oportunidade de assistir diversas palestras acerca do assunto e recebi um áudio extremamente relevante em que a Dra.Thaiza Vinhas nos ensina de forma muito fácil e enfatiza que: “Nas dinâmicas de troca da vida o dinheiro é como o “ar”, ou seja, “você recebe você dá”, e que existe uma questão emocional muito grande quando o profissional faz a “cobrança de honorários”, e que escolhemos “não poder” ou “poder” em nossas vidas. Ela propõe um exercício a si mesmo que achei interessante compartilhar, bem simples, faça a si mesmo essa pergunta: “O que você muito desejou recentemente e o que você escolheu poder ou não poder”? Nós sempre estamos escolhendo, a decisão é sempre nossa nunca é do outro, então quando um cliente, propõe algo aviltante, é o profissional que decide  aceitar ou não e junto vêm as consequências dessa escolha, assim é em tudo na vida.

* A autora é Advogada Sistêmica, inscrita na OAB/SP 225.058 e Presidente da Comissão de Direito Sistêmico da 30ª Subseção de São Carlos.

Esta coluna é uma peça de opinião e não necessariamente reflete a opinião do São Carlos Agora sobre o assunto.

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