quinta, 28 de março de 2024
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PF prende Wesley Batista em investigação sobre informação privilegiada

13 Set 2017 - 13h30Por Guillermo Parra-Bernal e Pedro Fonseca/Reuters
foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil - foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil -

A Polícia Federal prendeu nesta quarta-feira o empresário Wesley Batista, presidente-executivo da JBS, em São Paulo, como parte de uma investigação sobre suspeita de que executivos do grupo se aproveitaram de informação privilegiada em decorrência dos próprios acordos de delação premiada para obter lucros no mercado financeiro.

Também foi decretada pela Justiça Federal de São Paulo a prisão de Joesley Batista, irmão de Wesley, que, no entanto, já está detido desde o fim de semana por decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin.

Segundo a PF, foram expedidos ainda dois mandados de busca e apreensão.

A operação deflagrada nesta quarta investiga o suposto uso indevido de informações privilegiadas em transações no mercado financeiro ocorridas entre abril e 17 maio deste ano, data de divulgação de informações relacionadas ao acordo de delação premiada de executivos da JBS com a Procuradoria-Geral da República.

Segundo a PF, são investigados dois eventos separados, sendo o primeiro deles a realização de ordens de venda de ações de emissão da JBS na bolsa de valores por sua controladora, a FB Participações, e a compra dessas ações, em mercado, por parte da própria JBS.

A operação no mercado, segundo a PF, foi uma manipulação por parte da JBS, "fazendo com que seus acionistas absorvessem parte do prejuízo decorrente da baixa das ações que, de outra maneira, somente a FB Participações, uma empresa de capital fechado, teria sofrido sozinha".

O segundo evento investigado é a intensa compra de contratos de derivativos de dólares entre 28 de abril e 17 de maio por parte da JBS, fora do padrão de movimentação comum da empresa, gerando ganhos decorrentes da alta da moeda norte-americana após a revelação da delação.

A ação desta segunda-feira é a segunda fase da Operação Tendão de Aquiles, que foi deflagrada inicialmente em 9 de junho, quando foram cumpridos três mandados de busca e apreensão e quatro mandados de condução coercitiva.

"Após a deflagração da primeira fase da operação, com intensa cooperação institucional com a Comissão de Valores Mobiliários, policiais federais analisaram documentos, ouviram pessoas e realizaram perícias, trazendo aos autos elementos de prova que indicam o cometimento de crimes e apontam autoria aos dois dirigentes das mencionadas empresas", disse a PF em comunicado.

Segundo a PF, os investigados poderão ser responsabilizados pelo crime de uso indevido de informação privilegiada, com penas de 1 a 5 anos de reclusão, e multa de até três vezes o valor da vantagem ilícita obtida.

O advogado dos irmãos Batista, Pierpaolo Cruz Bottini, afirmou ser "injusta, absurda e lamentável a prisão preventiva de alguém que sempre esteve à disposição da Justiça, prestou depoimentos e apresentou todos os documentos requeridos" pelas autoridades.

"O Estado brasileiro usa de todos os meios para promover uma vingança contra aqueles que colaboraram com a Justiça", acrescentou.

Procurada pela Reuters, a JBS não estava disponível de imediato para comentar.

A prisão de Wesley Batista ocorre três dias depois de seu irmão e sócio Joesley e o também delator do grupo Ricardo Saud terem se entregado à Polícia Federal após determinação de prisão temporária pelo ministro do Supremo Edson Fachin.

O ministro determinou ainda a suspensão dos benefícios da colaboração firmada por ambos ao afirmar que os elementos apresentados pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, indicam que os delatores entregaram provas de maneira "parcial e seletiva". (Reportagem adicional de Tatiana Bautzer, em São Paulo)

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