Polícia

"Mataram um inocente", diz delegado que esclareceu assassinato de motorista em São Carlos

Marcos Roberto Campanhone foi atingido por 18 golpes de facão após ser acusado de furtar um celular.

24 ABR 2021 • POR Redação São Carlos Agora • 07h50
Delegado Gilberto de Aquino - Maycon Maximino
Marcos Campanhone foi brutalmente assassinado

A Delegacia de Investigações Gerais (DIG) esclareceu o assassinato de Marcos Roberto Campanhone, de 50 anos, que aconteceu no final do ano passado, no Jardim Paulista. Dois homens foram indiciados pelo crime.

De acordo com o delegado Gilberto de Aquino, o caso é complexo e exigiu uma minuciosa investigação por parte da sua equipe. Tudo começou quando uma mulher identificada como Gabriela teve o celular furtado e desconfiou de duas pessoas que teriam adentrado dentro da residência dela para coletar material reciclável e levar para o ferro velho. Ela contou sobre o furto aos familiares, entre eles, dois filhos e vizinhos.

"Os familiares dela foram atrás dos dois que seriam os catadores de recicláveis e fizeram ameaças para que devolvessem o celular", contou o delegado.

Os dois homens negaram o furto, entretanto, os familiares da mulher insistiram dizendo que eles teriam subtraído o aparelho celular e ameaçaram um tal de baixinho. "Eles foram três vezes na casa e ameaçaram não só o baixinho, mas a esposa dele, os enteados, crianças...enfim, aterrorizaram os familiares do suspeito do furto".

Entre os que fizeram ameaça contra baixinho, estava Marcos Sassati, conhecido como Marcão, que é amigo do filho da mulher que teve o celular furtado.  Ele esmurrou a janela da casa e proferiu ameaças.

O delegado contou que durante uma busca na casa, a enteada de baixinho encontrou um aparelho celular dentro do imóvel, sobre a cama, ao lado da janela que tinha sido esmurrada por Marcão.

Percebendo que o celular poderia ser o furtado, baixinho pediu ajuda ao irmão, Marcos Roberto Campanhone. "Ele ligou para o Marcos e contou que estava sendo acusado e que o celular havia aparecido dentro de sua casa. O que eu faço?, perguntou ao irmão", narrou o delegado.

 Marcos Roberto Campanhone que era motorista de aplicativo pegou o celular e entregou no Plantão Policial. No momento da entrega apareceu a dona do aparelho e viu Marcos, mas não sabia que ele era irmão de baixinho.

Na ocasião, Gabriela não pode reaver o aparelho, pois não havia apresentado nota fiscal, então retornou para casa.

No dia seguinte ela foi até uma agência bancária realizar o saque do auxílio emergencial e percebeu que já haviam retirado o dinheiro através do aplicativo que estava instalado no aparelho celular que havia sido furtado.

De novo a mulher contou o ocorrido aos familiares que foram atrás de Marcos Roberto Campanhone, que havia devolvido o celular na delegacia. Eles estavam com o boletim de ocorrência da entrega do aparelho e por isso tinham o endereço de Marcos.

Local onde Marcos foi golpeado várias vezes. Foto Maycon Maximino

Cinco pessoas foram ao encontro de Marcos Roberto Campanhone, que ao ser encontrado recebeu 18 golpes de facão. Ele conseguiu correr e entrou em uma casa, onde pediu ajuda. Foi socorrido pelo Corpo de Bombeiros, mas morreu no dia seguinte.

Durantes as investigações, os policiais da DIG descobriram que quem furtou o celular foi Marcos Sassati, amigo do filho de Gabriela. Foi ele também quem realizou os saques do auxílio emergencial. Ele também jogou o aparelho sobre a cama, na casa de Baixinho, para incriminá-lo.

"Para que não caísse sobre ele a culpa do furto, ele acabou induzindo os familiares que o autores seriam os dois que foram buscar os recicláveis na casa. Infelizmente é essa a gravidade do fato", relatou Aquino.

"Eles agiram com extrema violência, mataram um inocente que não tinha nada a ver com a situação. O Marcos foi apenas ajudar o irmão"

Celular do esfaqueado foi furtado 

O delegado Gilberto de Aquino contou que no local onde Marcos Roberto foi atingido pelos golpes de facão, houve outro crime. O celular da vítima foi furtado pelo filho de Gabriela. Durante as agressões, o aparelho caiu e ele pegou. Em seguida deu para o filho de 8 anos.

O delegado alerta sobre fazer Justiça com as próprias mãos. Ele diz que em qualquer situação de crime a Polícia deve ser procurada, para que a verdadeira Justiça seja feito.

Após as investigações, César Estelino de Souza, filho de Gabriela, foi indiciado pelo crime de furto do celular de Marcos Roberto e também por envolvimento no homicídio.

Marcos Roberto Sassati, vulgão Marcão, foi indiciado pelo crime de furto do celular de Gabriela, pelos saques da conta dela e também pelo homicídio.

O delegado Gilberto de Aquino já representou junto a Justiça pela prisão preventiva dos acusados. "Eu não tenho dúvidas que eles sentarão nos bancos dos réus pelo hediondo crime", finalizou o delegado Gilberto de Aquino.

DIG viatura