
O número de usuários de cigarros eletrônicos, ou vapes, tem aumentado no Brasil, especialmente entre os jovens adultos. Apesar de terem sido inicialmente desenvolvidos para ajudar na cessação do tabagismo, estudos indicam que esses dispositivos não só falham nesse propósito, como também elevam a dependência de nicotina e causam danos à saúde.
Pesquisadores da Unesp, em parceria com USP e a Universidade de Santiago de Compostela, analisaram o impacto dos vapes na saliva e identificaram alterações preocupantes. O estudo, publicado no International Journal of Molecular Sciences, apontou que usuários apresentam um fluxo salivar reduzido, maior quantidade de metabólitos inflamatórios e uma alta concentração de cotinina, um biomarcador da exposição à nicotina. Essas alterações aumentam os riscos de cáries, doenças periodontais e inflamações na mucosa oral.
Além disso, os usuários de cigarros eletrônicos exibiram maior nível de monóxido de carbono no ar exalado e menor oxigenação do sangue, fatores que podem comprometer a saúde cardiovascular. Outro dado preocupante é que 76% dos participantes relataram o consumo concomitante de álcool, o que pode potencializar os efeitos nocivos dos vapes.
Os pesquisadores alertam que a aparência atrativa e os sabores dos dispositivos têm levado cada vez mais jovens ao consumo, aumentando os riscos de infarto e AVC precocemente. Embora a venda e o consumo de cigarros eletrônicos sejam proibidos no Brasil desde 2009, a adesão ao produto continua crescendo, tornando-se um desafio para a saúde pública.