terça, 23 de abril de 2024
Saúde

Novos leitos de UTI da Santa Casa estão sendo montados no pronto-socorro do hospital

Agora depende apenas da reformulação do fluxo de atendimentos da saúde no município para que a NOVA ALA COVID possa entrar em funcionamento.

30 Jun 2020 - 17h47Por Da Assessoria de Imprensa
Novos leitos de UTI da Santa Casa estão sendo montados no pronto-socorro do hospital - Crédito: Arquivo/SCA Crédito: Arquivo/SCA

A Santa Casa está reestruturando a Sala Verde do Pronto-Socorro do hospitalpara montar uma NOVA ALA COVID. No local, vai haver 10 novos leitos de UTI Adulto, com os respiradores cedidos pelo Governo do Estado. Os profissionais de saúde também estão em fase de contratação, com recursos do Governo Federal. O espaço foi escolhido por já possuir uma estrutura pronta para abrigar leitos de UTI, como rede de oxigênio e rede de ar, e assim, viabilizar os novos leitos o mais rapidamente possível. 

Para colocar a nova ala em funcionamento, a Santa Casa também vai contar com a equipe de assistência multidisciplinar do hospital, com profissionais como fisioterapeutas e nutricionistas; uma equipe de hotelaria (para a troca de roupas de cama, por exemplo), equipe de limpeza e farmácia. 

No entanto, para que essa NOVA ALA COVID possa ser usada, o fluxo de atendimento da saúde do município precisa ser referenciado, para que somente os casos mais graves, de alta complexidade, sejam direcionados para a Santa Casa. A partir desse referenciamento, os novos leitos podem ser entregues em 15 dias.“Essas mudanças são necessárias para não atender em um mesmo espaço, pacientes de baixa complexidade que poderiam ser atendidos em outras unidades (como as UPAs e Unidades Básicas de Saúde) e pacientes com suspeita de COVID, para não colocar em risco a saúde de quem procurou o hospital por outras doenças”, afirma o médico infectologista e diretor técnico da Santa Casa, Vitor Marim. 

O referenciamento é uma política pública do Ministério da Saúde e da Secretaria de Estado da Saúde. Quem teria que seguir essa política é o município. “Nós notificamos o município e comunicamos o Ministério Público sobre a inviabilidade de fazer funcionar a NOVA ALA COVID sem o devido referenciamento, considerando que nós não temos estrutura física montada e capaz de atender as duas demandas ao mesmo tempo, sem colocar em risco a saúde dos pacientes. Reforçamos que a Santa Casa, em momento nenhum, se negou a fazer nada. Ao contrário, sempre se colocou à disposição para as necessidades de quem depende do SUS. Se o município optar por não fazer o referenciamento, vamos continuar trabalhando para oferecer a melhor assistência em saúde para a região”, diz o provedor da Santa Casa, Antonio Valério Morillas Junior.  

A outra opção, para que o hospital não fosse referenciado neste momento, seria montar a NOVA ALA COVID em outro espaço dentro da Instituição. Mas isso só seria possível com reformas, que levariam pelo menos 2 meses. “Se a Prefeitura tivesse feito essa opção lá em março, quando alertamos sobre as consequências da pandemia, essa nova estrutura já poderia estar pronta”, lembra o provedor.

NEGOCIAÇÕES COMEÇARAM EM MARÇO

A Santa Casa de São Carlos esclarece que é um hospital filantrópico e que presta serviços para o SUS. Quando a COVID-19 ainda era um surto e não uma pandemia, a equipe do hospital já havia alertado o governo municipal sobre a necessidade de se montar uma ala exclusiva para atendimento COVID. Foram feitas 11 reuniões de lá para cá. 

A primeira reunião com a Secretaria Municipal de Saúde aconteceu no dia 4 de março. Mas não houve definições. 

Nessa época, sabendo da necessidade de atendimento, a Santa Casa tomou a iniciativa e montou a ALA COVID, com 8 leitos de UTI e 24 de enfermaria, com o apoio do HU que emprestou os respiradores. A secretaria de saúde também bancou o custeio desses leitos por 3 meses (abril, maio e junho). 

Em abril, a Secretaria de Saúde fez novo convite à Santa Casa para que fossem montados 10 leitos de UTI Adulto e 6 de UTI Pediátrica. A Santa Casa prontamente se colocou à disposição para que os novos leitos fossem viabilizados. Mas argumentou que, para isso, seriam necessários: 

1. Respiradores – que foram cedidos pelo Governo do Estado
2. Profissionais de saúde –Governo do Estado indicou uma OSCIP (organização que presta serviços de saúde)
3. Referenciamento – o Pronto-Socorro da Santa Casa deixaria de atender os pacientes classificados com as cores azul e verde (pacientes com sintomas leves). Esses pacientes passariam a ser atendidos exclusivamente pelas UPAs e Unidades Básicas de Saúde. 

No dia 4 de junho, foi realizada uma nova reunião entre representantes do Departamento Regional de Saúde de Araraquara (do qual São Carlos faz parte), Prefeitura e diretoria da Santa Casa, com a presença do Secretário de Saúde, Marcos Palermo, representantes da UPAS e representantes do HU. A partir daí, os protocolos foram validados pelos participantes do processo de referenciamento: Santa Casa, HU, UPAs, SAMU e Secretaria Municipal de Saúde e Departamento Regional de Saúde.

Na semana seguinte a essa definição, a Santa Casa já iniciou a readequação da Sala Verde para montar os novos leitos de UTI. Mas até o presente momento, não houve definição por parte da Secretaria de Saúde para o referenciamento. 

REFERENCIAMENTO É UMA EXIGÊNCIA ANTIGA 

A Santa Casa de São Carlos é um hospital de alta complexidade e faz parte do Departamento Regional de Saúde de Araraquara, que inclui 24 municípios do Centro Paulista. Dentro dessa área, a Santa Casa de São Carlos é responsável pelos atendimentos de média e alta complexidade (oncologia, neurologia e neurocirurgia, cardiovascular, oftalmologia e nefrologia) de 6 municípios – São Carlos, Dourado, Ibaté, Ribeirão Bonito, Descalvado e Porto Ferreira -, num total de 400 mil habitantes. E é o único hospital, nessa região, a não ter o atendimento referenciado. 

Importante ressaltar que a Santa Casa, ao se transformar em hospital referenciado, manteria todos esses atendimentos de alta complexidade, os atendimentos COVID e, no Pronto-Socorro do hospital, os casos de urgência e emergência. Apenas os casos mais leves, que hoje representam cerca de 70% dos atendimentos, seriam encaminhados para as UPAs e UBs para receber o primeiro atendimento. E, em caso de necessidade (uma cirurgia, um atendimento mais complexo, internação para tratamento), seriam direcionados para a Santa Casa. 

OCUPAÇÃO DA SANTA CASA – ALA COVID X OUTRAS DOENÇAS

A média de ocupação dos leitos de UTI, exclusivos para casos suspeitos e confirmados de Coronavírus tem sido de 90%. E a dos leitos de enfermaria (24 leitos), têm girado em torno de 20 a 30%. 

Mas os outros atendimentos continuam sendo realizados. Mesmo com a suspensão das cirurgias eletivas, a taxa de ocupação permanece alta. 

TAXA DE OCUPAÇÃO – OUTRAS DOENÇAS
UTI ADULTO – 100%
UNIDADE CORONARIANA (UTI PARA COMPLICAÇÕES CARDIOVASCULARES) – 90%
UTI PEDIÁTRICA E NEONATAL – 120%
LEITOS DE ENFERMARIA – 85%
Os pacientes têm chegado à Santa Casa em condições mais graves, provavelmente por conta da dificuldade das UBS e UPAs, em função da pandemia. Em média, 18 a 20 pacientes têm aguardado leito para internação no Pronto-Socorro. 

UTI PEDIÁTRICA
A estrutura da UTI Pediátrica COVID já foi montada com 6 novos leitos, ao lado da UTI Pediátrica. Para isso, estão sendo usados 6 respiradores cedidos pelo Governo do Estado. A Santa Casa agora está na fase de contratação dos profissionais de saúde.

O OUTRO LADO

Consultada pelo São Carlos Agora, a Prefeitura Municipal informou que não vai se pronunciar sobre o assunto neste momento. 

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