sexta, 29 de março de 2024
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Sepultado na capital sargento da PM que morreu em trágica ocorrência em Itirapina

22 Fev 2016 - 10h46Por Pedro Maciel
Sargento da PM foi morto porto Guarda Municipal em Itirapina. - Sargento da PM foi morto porto Guarda Municipal em Itirapina. -

O Secretário da Segurança Pública, Alexandre de Moraes e o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Ricardo Gambaroni, lamentaram na manhã de domingo, 21, a morte do 3º sargento Júlio Cesar Zorzete de Almeida, 40 anos , ocorrido na cidade de Itirapina. Eles estavam acompanhados de autoridades de Itirapina, Rio Claro, Piracicaba, São Paulo, estiveram presentes na cerimônia de honras militares ao PM que morreu no cumprimento do dever.

Durante o ato no Mausoléu dos Heróis Mortos da Polícia Militar, no cemitério do Araçá em São Paulo, também estavam presentes a esposa, o filho de pouco mais de 2 anos, que estavam residindo em São Carlos, para onde o sargento teria pedido transferência e pretendia terminar sua carreira no 38º Batalhão da Polícia Militar.

A morte do policial e do agente penitenciário Marcos José da Silva, 44, que estaria afastado dos serviços em decorrência de problemas psicológicos, ocorreu na madrugada de sábado, 20, no Jardim Nova Itirapina. A esposa de Marcos foi baleada na perna durante uma discussão familiar na noite de sexta-feira, 19. Ela foi medicada e pelo início da manhã do sábado foi liberada aos familiares com um filho de 11 anos.

"TRAGÉDIA DE ITIRAPINA"

A história envolvendo a "tragédia de Itirapina" como ficou conhecido o caso será apurada pelas corregedorias da Polícia Militar e da Secretaria de Administração Penitenciária (SAP), que deverão ouvir a esposa do agente penitenciário, testemunhas, policiais militares que participaram do cerco a casa do agente penitenciário que seria uma verdadeira fortaleza cercada por câmeras, na rua Bororós.

DESINTELIGÊNCIA FAMILIAR 

Na noite de sexta-feira, por volta das 21h, após discutir com a esposa, ocorridos agressão e ameaças de morte, bem como mataria o filho de 11 anos, que foi amparando pela mãe que conseguiu retirá-lo da residência e ambos se abrigaram na casa de um vizinho que teria sido impedido de chamar a PM. Minutos após Marcos José da Silva empunhando uma espingarda saiu para rua e tentava encontrar a mulher. Os moradores apavorados se trancaram e ele regressou para moradia fechando a casa que tinha três carros na garagem.

A esposa de Marcos saiu da casa de um vizinho e foi para moradia de conhecidos do casal que levaram mãe e filho para o hospital São José, onde a mulher ao dar entrada acabou informando que o esposo que sofria de uma depressão profunda e crises psicóticas estaria violento porque tomava medicamentos controlados com bebidas alcoólicas.

Ela recebeu os primeiros atendimentos e a Polícia Militar no final da noite foi comunicada e seguiu para o hospital, onde dois policiais do Rádio Patrulhamento, ao tomarem conhecimento do caso, solicitaram apoio da Força Tática, comandada pelo 3º sargento Júlio Cesar, que também esteve no hospital e conversando com a esposa tomou conhecimento que o agente penitenciário além de profissional da Secretaria de Administração Penitenciária (SAP), seria um caçador, bom de tiro e possuía armas grandes de grosso calibre em casa.

Para que a Polícia Militar pudesse tentar deter Marcos, a esposa forneceu ao sargento Júlio Cesar as chaves de sua casa.

NEGOCIAÇÃO

Na madrugada de sábado, por volta da 1h, as duas equipes de policiais militares seguiram para a residência do agente penitenciário e por cerca de uma hora ao lado de um portão alto tentaram negociar a rendição do agente penitenciário e fazer com que o mesmo entregasse as armas que estariam em seu poder. Sem ter como perecer que Marcos teria colocado o monitor da câmera de vigilância próximo da janela da casa onde observava cada passo dos policiais e teria se posicionado atrás de uma mureta de concreto com farta munição e espingardas calibres 22 e 44, dizia que não se entregaria e que mataria a esposa.

TIROS E MORTES

O sargento Júlio Cesar, estabeleceu uma conversa entre ele e Marcos, porém a cada palavra o agente penitenciário atirava contra a parede da garagem da residência, no portão e com estava na parte superior atirou para fora e tiros acabaram atingindo o vidro traseiro da Parati verde, de Itirapina de propriedade de uma dona de casa que estava dentro de sua moradia e ao perceber que alguns tiros também atingiram seu portão e muros. A PM isolou a rua e o sargento Júlio Cesar, com um dos policiais militares se abrigou atrás de um escudo balístico e foi para parte frontal do portão para tentar abri-lo com as chaves dadas pela esposa de Marcos e assim tentar evitar uma tragédia.

No instante que o sargento tentava alcançar a fechadura, recebeu um tiro no rosto dado por Marcos que atirou contra o portão de lata, cujo projétil calibre 44 transfixou sua cabeça e o PM caiu mortalmente nos braços do companheiro de trabalho que o arrastou para fora do alcance dos tiros e os PMs passaram a atirar para intimidar o carcereiro que recuou e ao perceber que um outro policial abriu o portão voltou a atirar e um dos PMs não tendo outra alternativa e para preservar outras vidas atirou contra o agente penitenciário que tombou ao lado de suas armas e tanto ele, quanto o sargento José Luís, foram socorridos por viaturas, porém ao dar entrada no hospital São José, os médicos plantonistas apenas constataram que ambos estariam mortos.

Alertado, o capitão Ademar Gregolin Junior, comandante da 2ª Companhia do 37º Batalhão da Polícia Militar do Interior (BPM/I), esteve no local e informou que os policiais militares agiram no estrito cumprimento dever legal. Ele disse que o caso foi registrado como homicídio doloso (morte com intenção) do 3º sargento Júlio Cesar Zorzete de Almeida, 40, morte do agente penitenciário Marcos José da Silva, 44, que foi registrado como morte em decorrência de intervenção policial, lesão corporal e tentativa de homicídio contra a esposa do agente penitenciário.      

SEPULTAMENTOS

O corpo do agente penitenciário Marcos José da Silva, foi velado e sepultado pela manhã de domingo, no cemitério municipal de Itirapina.

Também pela manhã de domingo por volta das 10h, com honras militares o corpo do 3º sargento Júlio Cesar Zorzete de Almeida, 40, foi sepultado no Mausoléu dos Heróis Mortos da Polícia Militar, instalado no cemitério do Araçá em São Paulo.

Através de nota o coronel Humberto Gouvêa Figueiredo, comandante do comando de Policiamento do Interior - (CPI-9), lamentou a morte do 3º sargento Júlio Cesar Zorzete de Almeida. O comandante disse que toda operação foi realizada para preservar vidas, porém devido ao estado emocional do agente penitenciário e a quantidade de armas e munições que estaria a sua disposição a ocorrência terminou e uma tragédia que ceifou a vida do agente e principalmente o sargento Júlio Cesar que parte deixando sonhos, expectativas de uma vida melhor no Interior, uma jovem esposa e um filho de 2 anos, além de pais, irmãos, sogros e demais familiares. "Aconteceu aquilo que nós, policiais militares, sabemos ser possível acontecer em nossa profissão, juramos assumir o risco, mas que, no fundo de nossa alma, torcemos para que nunca ocorra, porém foi dada uma vida em defesa da sociedade paulista", declarou.

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