sábado, 20 de abril de 2024
Região

Estudantes da Unesp de Araraquara fazem protesto e paralisam aulas

Expulsão de seis alunos de moradia, acusados de praticarem orgia, gerou o movimento

15 Mai 2013 - 08h44Por Araraquara.com
Fotos: Araraquara.com - Fotos: Araraquara.com -

A expulsão de seis alunos da moradia estudantil da Faculdade de Ciências e Letras da Unesp de Araraquara, acusados da prática de orgia sexual e de violar as regras de convívio da moradia coletiva, desencadeou protestos e decisão de paralisação entre os estudantes. 

Outras reivindicações também foram incluídas ao manifesto. Ao todo, o câmpus de Araraquara tem aproximadamente 4 mil alunos. 

Ontem, no primeiro dia de paralisação, manifestantes improvisaram barricadas, obstruindo com carteiras os principais acessos às salas de aula. 

Barracas de camping foram armadas em frente ao restaurante universitário. Durante a manhã, alguns alunos tocavam violão, circulavam pelo câmpus e faziam esquetes (pequenas peças) com crítica ao sistema educacional.

A expulsão dos seis alunos da moradia estudantil ocorreu no início deste ano. Eles foram denunciados por fazer sexo grupal em uma festa dentro do alojamento do câmpus, em agosto de 2012.

Representantes do movimento pró-paralisação admitem que o "estopim" foi a expulsão dos alunos da moradia estudantil, sem que fosse ouvida uma comissão local. "A questão foi de caráter pessoal e julgamento moral, sem se importar com a permanência estudantil", afirma Ricardo Polimante, 25 anos, aluno do último ano de letras e representante do movimento.

Contudo, eles ressaltam que outras questões estão sendo discutidas, como a política de permanência estudantil, o acesso a benefícios e a redução nas refeições servidas no restaurante. Eles também são contra a implantação do Programa de Inclusão com Mérito no Ensino Superior Público (Pimesp), o qual garante que 50% das matrículas em faculdades públicas paulistas sejam ocupadas por alunos que cursaram integralmente o ensino médio em escolas públicas, além de questionarem a estrutura hierárquica de decisão. "Atualmente, os votos dos professores têm peso de 70% e dos alunos e funcionários apenas 15% cada", diz a aluna Luisa Ghido, 19, aluna do 1º ano do curso de Letras.

http://media.saocarlosagora.com.br/uploads/imagens2/58e311dc-61b9-4feb-9d35-4eeae31a5def.jpgDo contra

Apesar da paralisação, alunos ouvidos pela reportagem disseram que professores ainda tentaram dar aula na parte externa, na grama. Bruno Teixeira Souza Barbosa, 21, 4º ano de letras, faz parte do "Movimento Reação", com quase 400 alunos. O estudante explica que o grupo defende o debate, mas diz que a forma escolhida para fazê-lo é arbitrária, sem levar em conta a decisão de quem prefere ter aulas. "A invasão do câmpus começou há um mês para tentar mudar a expulsão dos alunos. Depois, para ganhar legitimidade e adeptos, eles incluíram outras propostas. Algumas desatualizadas e equivocadas", afirma Bruno.

Outros câmpus da universidade paulista, como Ourinhos, Marília e Assis, estudantes também participam da paralisação unificada.

Direção diz buscar negociação

A assessoria de imprensa da Unesp, em nota, disse que a expulsão dos alunos da moradia estudantil ocorreu depois de sindicância, que determinou o desligamento dos seis alunos por infringirem o Regimento Geral da Universidade e regras de convivência do Programa de Moradia Estudantil. Ainda segundo a assessoria, os alunos tiveram direito a defesa, e, após decisão final, não recorreram à medida. Não foi divulgado a idade ou o sexo dos envolvidos.

Sobre a interrupção das aulas, a Faculdade de Ciências e Letras entende que a manifestação é legítima, mas afirma que vai cuidar para que seja assegurada a integridade do patrimônio público e dos alunos contrários.

Com relação aos alunos impedidos de assistirem às aulas por decisão em assembleia, a direção informou que está buscando uma negociação pacífica. Uma nova assembleia está marcada para amanhã. Já sobre o programa Pimesp, o Centro Universitário solicitará ao Conselho de Reitores (Cruesp) mais informações.

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