quinta, 28 de março de 2024
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Araraquara: Polícia diz que estupro coletivo não foi coincidência e pode ter sido vingança

04 Ago 2016 - 08h57
Foto: araraquaraja.com - Foto: araraquaraja.com -

A principal linha de investigação envolvendo o estupro coletivo cometido por três dos cinco homens contra uma jovem de 18 anos, no dia 23 de junho, é de que ela não foi abordada aleatoriamente e, sim, procurada por um dos rapazes que a conhecia por ter participado de um vídeo em que ela mantinha relação sexual com vários homens em um baile funk no ano passado. O motivo da abordagem e estupro, no entanto, ainda é um mistério, mas a Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) não descarta a possibilidade de vingança.

Acompanhada da delegada Meirelene de Castro, da DDM, e da advogada dela, Carla Missurino, que também é presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Mulher, em Araraquara, a garota fez a reconstituição do crime nesta quarta-feira. Ela não participou da festa no clube alugado por moradores de um condomínio fechado para uma quermesse particular. Ela estava na casa do caseiro juntamente com uma amiga desde o início da manhã. Ao deixar o local, segundo ela, no início da noite, cruzou com um rapaz que a encarou.

Esse homem, cuja descrição ela já passou à polícia, de acordo com o depoimento da garota, aparece no vídeo gravado dentro de um banheiro envolvendo uma relação sexual consensual dela com um grupo de meninos em uma festa funk. Na ocasião, não houve registro de Boletim de Ocorrência sobre o fato. O vídeo rodou as redes sociais e grupos de whatsapp. "Estamos esperando ela nos fornecer esse material para saber quem é o rapaz e, a partir dele, procurar os quatro amigos", diz a delegada sem descartar a vingança pela divulgação das imagens.

Na reconstituição, a jovem manteve a versão apresentada até então. Foi abordada no ponto de ônibus, levou um tapa no rosto pelo homem do vídeo e jogada no banco traseiro do carro, um Civic, prata. Ela, então, foi levada a uma mata entre a região do Jardim Paraíso e Cambuy. Lá, foi violentada. Abandonada e suja por ter sido jogada na terra, gritou por socorro e não foi acolhida. Voltou ao ponto de ônibus e pegou o transporte retornando para casa. Ela admitiu ter usado drogas e bebido, mas também reconhece ter ficado consciente a todo o momento.

Para a advogada, não existem dúvidas de que a garota foi vítima de um crime brutal. "Agora, é buscar entender como esse caso aconteceu, porque aparentemente ela não foi pega aleatoriamente". Tanto a delegada quanto a advogada enfatizam que mesmo se a garota tivesse combinado com um, mas, depois, negasse os demais, o crime é o mesmo. "Vamos procurar apurar a realidade dos fatos. Já colhemos uma série de depoimentos e, por enquanto, trabalhamos com a hipótese de autoria conhecida", frisa Meirelene.

A vítima voltou a pedir punição severa aos agressores. No dia do crime houve uma série de falhas de atendimento. Ela foi levada até a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e, depois, à Gota de Leite. Lá, foi medicada e liberada. O laudo não confirmou nenhuma lesão. Dois dias depois, outro lado do Instituto Médico Legal (IML) indicou uma marca nas partes intimas. O Centro de Referência da Mulher ofereceu acompanhamento, mas a vítima negou. Ela, segundo a advogada, aceitou conversar com uma psicóloga indicada por um grupo feminista da cidade. (araraquaraja.com)

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