sábado, 20 de abril de 2024
Polêmica

Trabalho escolar sobre LGBT e intolerância religiosa causa polêmica em São Carlos

19 Set 2018 - 13h33Por Abner Amiel/Folha São Carlos e Região
Trabalho escolar sobre LGBT e intolerância religiosa causa polêmica em São Carlos - Crédito: Divulgação Crédito: Divulgação

Após reclamações por parte de pais de alunos, um trabalho escolar sobre intolerância religiosa e Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais ou Transgêneros (LGBT) gerou polêmica na Escola Municipal Carmine Botta nesta terça-feira (18). Quatro vereadores se deslocaram até a escola a fim de questionar o conteúdo pedagógico.

Nas paredes do corredor da Carmine Botta havia cartazes com textos sobre intolerância, preconceito, ladeados por gráficos. Um cartaz reproduzia um desenho que ilustrava a imagem de um homem, com aparência de cristão e munido de uma bíblia, com o braço estendido na direção de duas mulheres seguidoras de religião de matriz africana, retratando um ato de intolerância, dizendo: “Sai, tolerância”.  Outros cartazes exibiam frases “Exu não é demônio”, “Somos Todos Iguais". Os trabalhos foram confeccionados por alunos do 9º ano.

O vereador Leandro Guerreiro arrancou os cartazes das paredes e os levou até a diretoria da escola. Os vereadores Edson Ferreira, Moises Lazarine e Lucão Fernandes também estavam presentes. Na ocasião foi realizada uma reunião com a diretora, coordenadora pedagógica e alunos.

O secretário de Educação, Nino Menghati, caracterizou o ato de Leandro Guerreiro de fascista. “É legítimo que vereadores fiscalizem o que ocorre na escola. Mas não estamos na ditadura, vereador não pode vir à escola de maneira fascista e nazista e arrancar cartazes, agredir diretor, aluno”.

Para o vereador Moisés Lazarine, a religião foi tratada de forma pejorativa.

A tensão refletiu na sessão da Câmara na tarde desta terça-feira. Leandro relatou o ocorrido. “Fui lá e arranquei os cartazes que fazem apologia à LGBT e que é contra o cristianismo. Cheguei arrancando, não rasgando. Levei o cartaz na sala da direção e passamos uma hora conversando e discutindo o assunto”, disse a seus pares. Guerreiro argumentou que foi impedido de entrar na escola, mas que na ocasião ameaçou chamar a Polícia e, na sequência, foi autorizado.

No plenário, Guerreiro alfinetou o secretário de Educação. “O secretário Nino disse que eu sou fascista. Ele deve ser um homossexual frustrado e não teve coragem de vir a público e falar. O secretário tem que vir a público e revelar para população que é gay”, exclamou o parlamentar.

Na sequência justificou o ato: “Os vereadores foram até a escola para defender as crianças e não combater os homossexuais. Os gays são respeitados nessa cidade, ou alguém viu algum gay massacrado em praça pública?”, questionou.

Os cartazes chocaram as pessoas que frequentam a escola, segundo o vereador Edson Ferreira. Ele recebeu a denúncia e as imagens dos cartazes e como elas não estavam visíveis se deslocou até a Carmine Botta.

A prefeitura se manifestou por meio de nota.

A Secretaria Municipal de Educação disse que os trabalhos desenvolvidos na rede municipal de ensino são pautados pelo princípio da ética, respeitando a diversidade ideológica, religiosa, cultural e de gênero.

A Secretaria defendeu que a escola é um ambiente de diálogo e debate de ideias e tem papel fundamental na formação dos alunos enquanto cidadãos.

"É papel da educação assegurar estes direitos a todos os profissionais e alunos do município de São Carlos", diz a nota.

A direção escolar e a docente responsável pelo trabalho exposto na Emeb Carmine Botta afirmam que temas como respeito e cidadania são discutidos frequentemente no ambiente escolar e são importantes na formação e pensamento crítico dos alunos.

A Secretaria de Educação garante que está preparada para o debate e a transparência das metodologias aplicadas e dos resultados obtidos, porém não aceitará truculência de ninguém.

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