Crédito: Marcos EscrivaniOs Jogos Abertos do Interior que serão realizados de 12 a 24 de novembro “esquenta” São Carlos com seguidas polêmicas, uma vez que a Secretaria Municipal de Educação e Cultura (Smec), por determinação da Prefeitura Municipal, cancelou as aulas em escolas municipais no período e elas serão repostas aos sábados (em 2h30) ou então até o dia 21 de dezembro.
Muitos pais se mostraram contra, uma vez que tal decisão prejudica a rotina, já que trabalham e não tem como pagar pessoas para olharem os filhos.
A polêmica promete ganhar novos capítulos, uma vez que, na sessão desta terça-feira, 4, o trabalhador (e pai de aluno) Levy da Silva Mattos foi até a tribuna da Câmara e protestou contra tal determinação, salientando que tal decisão prejudica milhares de famílias em São Carlos e os vereadores não se posicionam.
Levy disse que os milhares de atletas podem até aquecer e movimentar a economia, mas se seria injusto cancelar as aulas. “Em época de eleição, os candidatos dizem que vão brigar pela educação, segurança e saúde. Esta é uma grande oportunidade. Meu pai me dizia que se você quer conhecer uma pessoa, não é pelo que ela fala e sim por suas atitudes”, emendou.
Durante sua fala, Levy fez uma comparação interessante. “Se falar que irá levar atletas na Santa Casa, vão dizer que lá tem doentes; se for no presídio, porque tem presos. E tirar aulas das crianças pode? Não é um absurdo? Os valores são os mesmos”, disse.
MEDO DO SECRETÁRIO
Indignado, Levy disse que falou com vários vereadores e no geral, os parlamentares falam uma coisa, mas agem de outra forma na hora de defender a população. “Me falaram que não podem se levantar contra o secretário (Edson Ferraz, de esportes e lazer), porque tem força com o prefeito (Airton Garcia, PSB). Que tem medo. Isso nos decepciona, pois é a educação de nossas crianças”, enfatizou Levy.
Ele mostrou-se insatisfeito, pois a decisão tomada pela Secretaria de Municipal Educação, a reposição seria em 2h30 aos sábados. Mas durante duas semanas, não haveriam aulas. “Muda a rotina das famílias. Da escola. Nós, pais, trabalhamos em período integral. Não temos dinheiro para pagar alguém para olhar nossas crianças. Vocês (vereadores) tem filhos em escola particular, podem ter babás. Mas nós não temos como tirar do nosso salário. A Prefeitura determina que terão os Abertos e nós temos que nos virar. Sem contar que tem aquelas crianças que vão às escolas para ter a única refeição do dia”, pontuou. “Quem pensou nos jogos, não pensou na população”, emendou.
Por fim, Levy deixou claro que não é contra os Jogos Abertos. “Queremos um meio termo, que nossas crianças não sejam prejudicadas e que as aulas não sejam canceladas”, finalizou.
PROTESTOS
Duas mães que foram à Câmara também estavam indignadas. Mayara Baldin que tem um filho que estuda na E.E. João Jorge Marmorato, no Conjunto Residencial Castelo Branco disse que a reposição será aos sábados das 8h às 11h. “Mas meu filho tem dois cursos aos sábados. Ele tem 12 anos e irá perder as aulas? Mas a reposição será de conteúdos culturais? E a grade escolar como fica?”.
Mayara comentou ainda que ela até conseguiria dar um jeito em deixar o filho com alguém. “Mas aqueles pais que não tem como? Como irão fazer?”.
Segundo a reclamante seu filho pega a van logo às 6h da manhã. Contudo, o transporte não irá funcionar aos sábados. “Não quero que meu filho perca as aulas”.
Eramabile Spinardi possui um filho adotivo que estuda na E.E. Péricles Soares, na Vila Morumbi e mostrou-se revoltada. “Pagamos a van e não tem como deixar ele com alguém. Faltou comunicação e os vereadores dizem que não sabiam de nada. Estranho isso. Queria dizer que não sou contra os Jogos. Quero apenas que meu filho estude normalmente e que as aulas não sejam canceladas durante a semana”.
