sexta, 19 de abril de 2024
Política

Nildo Ouriques diz ser contra o sistema e que governa com minoria no Congresso

Pré-candidato pelo PSOL a presidência da República vem a São Carlos e é a favor de referendos e plebiscitos

05 Dez 2017 - 20h50
Foto: Marcos Escrivani - Foto: Marcos Escrivani -

As eleições de 2018 que irão definir o novo presidente da República, bem como novos senadores, governadores e deputados federais e estaduais movimentam os bastidores da política brasileira e muitos pré-candidatos se revelam como opções para o eleitorado.

Um deles visitou São Carlos na tarde desta terça-feira, 5, em busca de apoio. O economista Nildo Ouriques, 59 anos, é pré-candidato pelo PSOL, ao lado de Sônia Guajajara, Hamilton Assis e Plínio de Arruda Sampaio. Estava sem partido até abril, quando optou pela filiação ao PSOL.

Dizendo-se radical, concedeu entrevista à imprensa na sede da Apeoesp, no centro, e disse que é contra o atual sistema político e que compreende o asco que o eleitor sente quando é obrigado ir às urnas em dia de eleição.

Garantiu ainda que, caso eleito, consegue governar com minoria do Congresso e que, se for necessário, fará referendos e plebiscitos com a participação popular. "Quero ver um político ir contra a vontade do povo", explicou.

A ENTREVISTA

Abaixo, a entrevista concedida por Ouriques ao São Carlos Agora:

POR QUÊ PSOL?

"Hoje, a população não acredita no sistema político e tem razão. O PSOL não contribuiu com nada, mas paira desconfiança pública. Considero que são características saudáveis da atualidade e é um sentimento fundamental para sair do buraco. Hoje a corrupção é imensa e o partido faz parte do sistema. Com o impeachment da Dilma (Rousseff) optei por me filiar ao PSOL. Lembro que milhões votaram na Dilma para não votar no Aécio (Neves) e vice-versa. Mas milhões votaram nulo e/ou branco no segundo turno. Senti a população descontente e decidi abandonar a vida acadêmica e ser protagonista. Fui para o PSOL pois é um partido que não está comprometido com nenhum esquema dominante. É um partido jovem e pequeno. Tem tudo para chegar. O desafio é grande".

RADICAL?

"Sou um político radical, mas com uma proposta simples: reconciliar a política com a verdade. Ser ético e tudo preto no branco. Não sou do tipo Lula paz e amor. Temos uma crise econômica e política. Luto contra o sistema".

RESISTÊNCIA?

"Vou lutar contra o sistema 24h por dia, ser resistência. Indicar para o povo o que não é possível hoje, mas amanhã é necessário. Todos os Estados brasileiros estão quebrados, a crise é muito grande".

GOVERNA COM MINORIA NO CONGRESSO?

"Governo. Desde a era Collor, passando por todos presidentes seguintes ouve-se dizer que sem maioria no Congresso é impossível governar. Mas todos fracassaram com o tal apoio. Se for presidente, eu governo, mesmo sem apoio. Convoco cadeia nacional no rádio e na TV e explicarei detalhadamente o papel dos deputados nos projetos e leis. Duvido que os parlamentares não irão acatar os eleitores".

GOVERNO TEMER?

"Simples! Liberal e corrupto".

ELEITORES?

"Nove entre dez eleitores tem asco da atual política brasileira. A população detesta o atual sistema. Na verdade os atuais políticos tentam matar o presidencialismo. Desde FHC, Lula, Dilma e Temer, dizem que há necessidade de uma coalisão e administrar com o Congresso. Penso que o presidencialismo tem que ter independência total e arriscar o pescoço. Particularmente sou contra o Senado e deveria ser extinto. Sou a favor do sistema unicameral. Nenhum político pode ter carta branca de 8 anos".

RICO MAIS RICO, POBRE MAIS POBRE

"O governo Lula/Dilma deixou um legado de desigualdade patrimonial que cresceu muito neste período. O rico está mais rico e o pobre, mais pobre. A tendência é piorar se continuar o sistema. Hoje, o rico não paga impostos no Brasil. 84% da carga tributária está nas costas do povo. Aqui é um paraíso fiscal".

SISTEMA CORRUPTO

"Como deputados acusados de corrupção podem votar a reforma da Previdência Social? A Consolidação das Leis do Trabalho? PEC dos Gastos Públicos? Considero isso inadmissível, pois o sistema é corrupto. O certo seria referendos populares, plebiscitos e a população decidir. Se o Congresso não se curvar perante a vontade popular, qual a razão da democracia? Do jeito que está a política brasileira, votar para mais quatro anos, não seduz o eleitor. Temos que fazer retornar a fé positiva na política. Reafirmo: sou contra o sistema".

CRISE ECONÔMICA

"É necessário tomar medidas urgentes. O Brasil está em crise. Hoje o déficit brasileiro é de R$ 170 bi e em 2018 deve alcançar 192 bi. Juros da dívida interna é de R$ 482 bi. A Lei Orçamentária Anual, é R$ 1,3 trilhão. Os juros são renegociados. Então, quanto mais pagamos, mais devemos. Nos 13 anos do PT, 12 foram de superávit. Todavia a dívida crescia, bem como o arrocho fiscal. A dívida indexada ao câmbio e a Selic. Não há esforço fiscal que contemple o financeiro. Para estancar a crise é necessário impedir fuga de capital, uma política cambial diferente e auditoria da dívida".

BOM MOCINHO

"Horário eleitoral gratuito todos os políticos são bons mocinhos. Prometem austeridade fiscal, mas prometem tudo ao eleito (que acredita). Mas isso não combina".

ACEITAÇÃO IMENSA

"Estou satisfeito com o que ouço. Meu nome tem boa aceitação e por este motivo luto para ganhar dentro e fora do PSOL".

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