quinta, 28 de março de 2024
Cuidar dos nossos melhores amigos

Forte calor maltrata animais domésticos e médica veterinária passa dicas importantes

09 Out 2020 - 07h04Por Marcos Escrivani
Julyenne durante atendimento em domicílio: "nesta época de calor, é importante dar uma atenção especial aos peludos" - Crédito: Marcos EscrivaniJulyenne durante atendimento em domicílio: "nesta época de calor, é importante dar uma atenção especial aos peludos" - Crédito: Marcos Escrivani

Para muitas famílias, cães e gatos deixaram de ser a muito tempo, animais de estimação ou domésticos. Passaram a ser membros da família, com direito a ter “papai e mamãe”, “irmãozinho(a)”, e ainda titio(a) ou vovó(ô).

Com isso, o amor e carinho para com os cães e gatos aumentaram sensivelmente e com o passar dos anos, a ponto de ganharem atenção extra tanto na alimentação e, principalmente, cuidados médicos.

“Muitos tutores tratam de forma diferenciada seus animais, proporcionando qualidade de vida e muito amor”, disse a médica veterinária Julyenne Christynne Escrivani, especializada em clínica comportamentalista, aromaterapia, terapia floral e zoopsiquiatria, em entrevista ao São Carlos Agora.

E nesta época de forte calor, que se estenderá, segundo a meteorologia até o mês de fevereiro de 2021 (na primavera e verão), ela informou que os cuidados têm que ser redobrados.

Por exemplo, nas quatro últimas semanas, a temperatura em São Carlos bateu os 40 graus centígrados. “Sufocante para os peludos”, adiantou Julyenne. “Os cães e os gatos sofrem muito”, complementou.

A temperatura média de um cão saudável por exemplo, é de 37,5 a 39,3 graus. Dos gatos, um pouco maior. De 37,5 a 39,3 graus, com um agendo: pode chegar a 39,5 graus, extrapolando em dias mais quentes.

Como os dias estão com temperaturas altas, consideradas acima do normal nas últimas décadas, a médica veterinária afirmou que os cuidados com a alimentação e com o ambiente tem que ser muito maiores.

DICAS IMPORTANTES

Indagada qual seria a melhor maneira para cuidar dos cães e gatos, Julyenne passou várias dicas que poderão proporcionar mais conforto. Abaixo, as orientações da médica veterinária:

“Este ano as temperaturas estão mais altas do que o esperado e se nós sofremos, imagina os nossos pets, principalmente aqueles que possuem muita pelagem. Fique de olho no comportamento dele e, se perceber alguma mudança como prostração, falta de apetite, vômito ou diarreia, leve-o o quanto antes ao veterinário para saber a causa. Pode ser um simples mal-estar ou pode ser algumas das doenças intensificadas pelo forte calor.

De forma geral, é preciso garantir que nossos peludos fiquem em locais frescos, ou seja, abuse da água (com gelo). Para os cães, faça sorvete de frutas picadinhas como mamão, pera, maçã, melão e banana. Basta acrescentar um pouco de água e colocar no freezer. Depois é só servir. Já para os gatos, pode ser servido mais sachê do que o habitual, com um pouquinho de água gelada. Esse mesmo sachê pode ser congelado e oferecido em forma de picolé assim como as frutas para os cães.

Além da água com gelo, você pode encher uma bexiga com água e congelar, fazendo uma “bola” de gelo. Eles adoram, se refrescam e ingerem mais água. É muito importante garantir a hidratação.

Não deixe os cães presos em quintais desprovidos de sombra e água fresca. Com esse calor isso pode ser considerado maus tratos. Separe um local dentro de casa que esteja fresquinho para ele e deixe o ventilador por perto. Ao contrário do gato que não toma banho (somente indicado em tratamentos), os cães podem ser banhados com shampoos neutros (de preferência os de bebês com o mínimo de cheiro) e deixar que eles se sequem sozinhos. Isso ajuda a refrescar. Os que são muito peludos, podem ser tosados, mas não na raiz, ao contrário do que a maioria pensa. Baixar muito o pelo só expõe a pele a queimaduras solares e aumenta o calor, pois a pele tenta compensar a falta de pelo e aumenta o metabolismo. Para eles, os tapetes refrigerados são uma boa opção. Os gatinhos podem usar, mas a maioria prefere seu local seguro dentro de casa (O famoso “Saved Place” segundo a American Association of Feline Practitioners, AAFP). Se for passear com os cães, opte pelo início da manhã e à noite, para não queimar as patinhas e expô-los a um estresse térmico desnecessário. Por exemplo, os tutores já andaram descalço no asfalto esses dias? Pois é. Tente ficar um minuto apenas e ver se consegue. As patinhas dos cães são ainda mais sensíveis. Eles sentem mais.

Já para os gatos que não tomam banho (somente banhos medicamentosos pontuais indicados por veterinários), eles podem se beneficiar de escovações diárias para remoção de pelos mortos e para os mais peludos, a tosa pode ser feita, mas seguindo a regra dos cães: nada muito curto se não o tiro sairá pela culatra. Sem inventar modismos para esta espécie. Respeitar esse comportamento inato do gatinho (de tomar banho se lambendo três vezes ao dia) é dever de todo tutor de gato. Abuse da escovação e locais fresquinhos. Ao contrário dos cães, eles têm os seus locais favoritos de descanso em casa, pois ali tem o cheirinho deles. Cabe a nós levar a refrigeração até esse local, seja com climatizadores, ventiladores e para os que podem ar condicionado.

Outra forma de refrigerar o gatinho, é pegar uma toalhinha (ou um paninho) colocar no freezer, deixar gelar e dar. Normalmente eles amam e até brincam para se refrescar. Mas nada de banho, ok?

CUIDADO COM DOENÇAS

Nesta época, algumas doenças podem ser intensificadas. Então sempre cuide da sanidade do seu animalzinho. Mantenha a vermifugação, a vacinação e os remédios para ectoparasitas como sarnas, carrapatos e pulgas em dia e seu pet curtirá o dia a dia mais feliz com você!

As principais doenças são

Sarnas e micoses: através do contato direto com outros animais e solo contaminado, esses problemas podem surgir além de que muitas micoses podem ser provocadas pelo calor e excesso de umidade.

Doenças infectocontagiosas: transmitidas através de vírus como parvovírus, coronavírus e leptospirose, essas doenças são muito comuns no calor e podem ser ocasionadas principalmente em animais que não estejam com as vacinas em dia.

Doenças gastrointestinais: O aumento da temperatura também pode causar alteração no alimento do seu pet, por isso, deixe o pacote da ração bem protegido de umidade para evitar o mofo, o ideal é armazenar dentro do pacote original (não é indicado o fracionado) e ao abrigo de calor e umidade.

Doenças causadas por ectoparasitas: existem vários produtos que protegem contra ácaros, pulgas, carrapatos, moscas, mosquitos, pernilongos, mas nunca medique por conta própria, sempre consulte o médico veterinário.

PANDEMIA MUDA ROTINA

Em março, a pandemia da Covid-19 atingiu o Brasil e as autoridades sanitárias ordenou isolamento social para que fosse evitada a propagação do novo coronavírus (Sars-CoV-2). Com isso, uma rotina que atingia cães e cachorros foi alterada.

Anteriormente, os pets eram levados em clínicas veterinárias e devido a quarentena obedecida por muitos tutores, muitos veterinários(as) passaram a fazer atendimentos em domicílio para consultas de rotina e vacinas. Além de consultorias.

É o caso de Julyenne. “Os serviços domiciliares aumentaram muito. Os tutores notaram que seus pets se sentem mais confortáveis, pois estão em seus territórios e não ficam estressados. Da nossa parte, seguimos um rígido protocolo de segurança e muita higiene. Tiramos os sapatos, utilizamos álcool em gel, máscaras e luvas. Tudo para transmitir calma para quem solicita nossos préstimos”, comentou. “Quando os pets não saem do seu ambiente, o stress diminui sensivelmente”, sintetizou.

Julyenne informou ainda que, devido a pandemia, os serviços online e as redes sociais evoluíram em meses e colocaram em prática o que deveria ocorrer nos próximos anos. “Fazemos o marketing pessoal nas redes sociais (Facebook, WhatsApp, Instagram - @julyenne.fel) e os tutores procuram informações. Ainda passamos algumas dicas construtivas”, finalizou, salientando que isso proporcionou o aumento nos seus trabalhos.

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