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Artigo Rui Sintra: Oh... bar chato!!!

5 JAN 2018 • POR (*) Rui Sintra • 05h19
Foto: Divulgação

Sinceramente, o pequeno vídeo mostrando o prefeito de São Carlos sentado num bar, bebendo cerveja em pleno período laboral, não me chocou nem um pouco, até porque essa imagem é uma das mais inocentes que tive a oportunidade de ver ultimamente, no que diz respeito a figuras públicas da política, quer elas sejam de índole local ou nacional. Contudo, enquanto servidor público, o exemplo que deveria dar aos seus subordinados não poderia ser pior - uma pausa para uma cervejinha e para um bate-papo descontraído. Nesse caso, se o prefeito pode fazer isso, qualquer servidor público - independente do cargo - pode seguir o exemplo, ou seja, fazer uma "pausa" no trabalho.

Isto vem a propósito de como os cidadãos ainda têm muito que aprender quanto a escolher alguém que efetivamente os represente - sejam eles candidatos a prefeito, vereador, governador, etc. -, da mesma forma que muito têm a aprender quanto à forma como devem agir quando esses servidores públicos mostrem uma total inoperância e incompetência para levarem a cabo as promessas que um dia lançaram. As pessoas continuam, ingenuamente, a acreditar em simples palavras, apenas elaboradas para caçar votos, mostrando-se, por outro lado, pouco ou nada atuantes quando, mais cedo ou mais tarde, constatam que foram atraídas por mentiras: assim, enquanto sociedade organizada, incompreensivelmente ela se mostra incapaz de cobrar os responsáveis por sua inércia, abrindo espaço para que outros "representantes", certamente com interesses muito próprios, conquistem unitariamente o palco e assumam o lugar de "críticos conscientes" e "alternativas de poder". Passados quatro anos, o círculo se fecha para novamente se abrir no mesmo sentido e na mesma velocidade, mas com atores diferentes. E ninguém aprendeu nada nesses quatro anos.

Nesse pequeno vídeo é óbvio constatar que o prefeito de São Carlos não estava dialogando com a população, como ele próprio afirmou após a exibição do filme, mas sim com três pessoas devidamente posicionadas em duas mesas, com ar descontraído, num puro bate-papo informal (quem sabe, político-partidário?). Quando um prefeito decide que a melhor forma de levar seu programa eleitoral em frente é dialogar com a população, faz isso de forma muito natural, embora devidamente planejada. Identifica o problema, convoca o secretário e os técnicos relacionados com esse problema, bem como o departamento jurídico da prefeitura, avisa a população local (bairro, etc.) anunciando que irá estar presente em tal dia, e ali mesmo escuta a opinião das pessoas, dá as suas diretrizes e inicia a resolução do problema, responsabilizando os respectivos serviços pela execução. Isso é dialogar com a população, isso é trabalhar em prol da comunidade, isso é fazer política autárquica, com tempo até para tomar uma cervejinha gelada no bar da esquina, acompanhado por quem quiser estar ao seu lado, inclusive jornalistas.

Não me parece ter sido esse o caso do prefeito de São Carlos. Aliás, constata-se que não só este, como outros que o antecederam, pouca ou nenhuma formação autárquica têm para gerir não só as situações cotidianas de uma urbe, como também as situações de crise, provocando, por isso, graves prejuízos ao município através de inoperância ou de ações de improviso. Também não vale a pena vociferar contra os jornalistas, já que esses cumprem (e bem) sua missão. A estratégia inteligente seria atrai-los como aliados e não tratá-los como inimigos (que não são e jamais serão). Enfim, para estes que almejam ser gestores da coisa pública e que estão convictos que enrolam todos com o discurso político fácil, falta-lhes o essencial - formação e educação: e o povo sente isso, embora sempre tarde demais.

Esta coluna é uma peça de opinião e não necessariamente reflete a opinião do São Carlos Agora sobre o assunto.