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Greve na Casale completa oito dias

Cerca de 30 trabalhadores se reuniram na frente da empresa na manhã de hoje.

5 MAR 2012 • POR Tiago da Mata • 13h54
Trabalhadores se reuniram na manhã de hoje em frente a empresa: (Foto: Milton Rogério/SCA).

Na manhã desta segunda-feira (05) funcionários da Casale Equipamentos completam oito dias de greve, e estão parados na frente da empresa juntamente com membros do Sindicato dos Metalúrgicos.

Cerca de 30 trabalhadores da Casale e alguns membros do sindicato se reuniram na manhã desta quinta-feira em frente à empresa para manifestarem contra as decisões e endurecimento por parte da empresa. A Polícia Militar compareceu ao local.

Segundo Vanderlei Strano, vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, a greve é pelo fato já conhecido da negociação da Participação de Lucros e Resultados (PLR), que os trabalhadores e o sindicato vêm tentando negociar com a empresa e pelo fato da demissão de alguns funcionários que participaram das manifestações.

"Por conta de um PLR, que a gente está tentando negociar com a empresa desde novembro do ano passado, quando no final do ano a empresa se negou a fechar a negociação, quando ela já tinha tido o compromisso com os trabalhadores de fazer esta negociação." afirmou Vanderlei. "E também por conta da demissão de alguns funcionários, entre eles, duas lideranças que ajudaram no movimento grevista." - completou.

Segundo vice-presidente do Sindicato, em janeiro foi instaurado uma greve de dois dias por conta deste PLR, aonde foi feito uma negociação por intervenção do TRT (Tribunal Regional do Trabalho) e os trabalhadores voltaram ao serviço, com o compromisso da empresa de não fazer retaliação dos trabalhadores.

Um mês depois a empresa mandou alguns trabalhadores embora, dentre eles, duas lideranças que ajudaram no movimento grevista e então os trabalhadores tomaram a decisão de fazer dois dias de protesto por conta desses trabalhadores.

"No primeiro dia foi votado o aviso de greve, a empresa não quis saber de negociar e acabou acontecendo o movimento grevista." Afirmou Vanderlei.

O fato que revoltou os trabalhadores na manhã desta segunda-feira foi à notícia de que maquinários da Casale estão sendo transferidos para outra empresa do mesmo proprietário.

"Hoje para nossa surpresa o proprietário da Casale está transferindo máquinas para a empresa do lado, que também é de sua propriedade, mas que é outro CNPJ, e os trabalhadores estão se revoltando com a situação. Vamos tomar medidas possíveis para tentar proibir que isso volte acontecer." Comentou Vanderlei.

Vanderlei ainda comentou de um fato que vem ocorrendo dentro da empresa com os trabalhadores pós-greve. Segundo ele, algumas lideranças da empresa tem mudado o tratamento com os trabalhadores dentro da empresa e chegou a denunciar assédio moral.

"Lideranças da empresa tem endurecido com os trabalhadores e depois do movimento os trabalhadores vem sofrendo com assédio moral por conta da chefia da empresa." Denunciou.

A greve já dura oito dias e segundo ele permanecerá por tempo indeterminado. "E vamos permanecer em greve até que os companheiros que foram demitidos sejam reintegrados novamente". Finalizou Vanderlei Strano.

Casale esclarece sobre greve dos trabalhadores

Em nota enviada pela Casale Equipamentos Ltda à redação do São Carlos Agora, a empresa esclarece a greve dos trabalhadores e rebate as acusações feitas pelo Sindicato dos Metalúrgicos de São Carlos.

Em resposta à deflagração de uma greve abusiva iniciada em 23 de fevereiro e que dura até o momento, patrocinada pelo Sindicato dos Metalúrgicos de São Carlos e região, a CASALE não encontrou outra alternativa senão a de levar o caso a apreciação do Tribunal Regional do Trabalho em Campinas.

É conhecido o direito de greve assegurado por nossa Constituição Federal, a todos os trabalhadores. Como em todo o mundo democrático, o exercício desse direito está condicionado ao preenchimento de alguns requisitos previstos na lei, requisitos esses estipulados para evitar que os prejuízos da paralisação não levem o empregador ao encerramento total e irreversível de suas atividades, permitindo organizar seus compromissos junto a fornecedores e clientes, de maneira a permitir a retomada de suas atividades tão logo o movimento grevista se encerre.

Infelizmente, o sindicato dos metalúrgicos de São Carlos e região ao patrocinar a greve, violou todos os requisitos da citada lei, tornando-a ilegítima e abusiva. É que ao definir pela greve, na manhã do dia 23 de fevereiro, iniciando o movimento às 7:00 daquele mesmo dia, o sindicato deixou de atender à lei que impõe o comunicado ao empregador com antecedência de 48h (parágrafo único do artigo 3º., da Lei 7.783/89, a Lei de Greve), impedindo a CASALE de promover o necessário ajuste de sua produção e compromissos, prejudicando muito a empresa.

Também não foi atendida a exigência legal de esgotamento da fase negocial. Toda greve, para ser considerada como legítima, deve ser precedida do esgotamento de todas as tentativas de negociação, é o que determina o artigo 3º., da Lei 7.783/89. Contudo, a pauta de reivindicações do sindicato só foi conhecida pela empresa, no dia 24 de fevereiro, um dia após o início da greve.

Em audiência realizada junto ao TRT de Campinas, no último dia 02, a empresa requereu, novamente, o retorno dos empregados ao trabalho e o encerramento deste ilegal movimento grevista, mas não obteve a resposta esperada dos representantes sindicais presentes.

O que se viu, ao contrário, foi uma postura inadequada por parte dos representantes sindicais que, não tendo outra alternativa diante da flagrante ilegalidade do movimento, mentiram em juízo ao afirmar ao Desembargador Lorival Ferreira dos Santos, que a greve na CASALE  havia se iniciado em 27 de fevereiro, quando todos sabem que a greve começou em 23 de fevereiro (conforme Boletim de Ocorrência juntado ao processo e notícias veiculadas naquele dia).

A afirmação, feita pelo Sr. Erick, presidente da entidade sindical, tem o objetivo claro  de tentar fugir da inevitável sentença que declarará a ilegalidade da greve diante da violação dos requisitos previstos na Lei 7.783/89. Assim, espera a CASALE ter restabelecido a verdade dos fatos, e informa que a empresa só veio a público nesse momento para revelar a verdade dos fatos à opinião pública e aos funcionários da CASALE que merecem ser esclarecidos a respeito, diante das afirmações inverídicas lançadas pelo sindicato dos metalúrgicos".