Eleições 2026

Eleição de deputados são-carlenses depende de "articulação regional"

Gleidylucy Oliveira afirma que, como o limite de cadeiras nos parlamentos é restrito e não contempla os 645 municípios, elas geralmente são ocupadas por lideranças regionais.

15 DEZ 2025 • POR Da redação • 16h20
ALESP - agência brasil

A eleição de deputados estaduais e federais são-carlenses no próximo ano depende muito mais da articulação regional do que do prestígio dos políticos no município de São Carlos. A avaliação é da professora doutora Gleidylucy Oliveira, cientista política e coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Ciência Política (PPGPol/UFSCar). Ela afirma que, como o limite de cadeiras nos parlamentos é limitado e não contempla os 645 municípios, elas geralmente são ocupadas por lideranças regionais.

“Para disputar eleições proporcionais, mesmo que seja para a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, não há condições de termos a eleição de um deputado para cada município. Temos um limite. Então, a eleição se torna tanto municipal quanto regional. Não dá para termos um deputado estadual para cada cidade, mas, sim, um deputado para um conjunto de municípios. Assim, é importante que esses candidatos tenham uma presença forte de votos tanto em seus municípios como também na política regional. Essa pode ser uma das questões que os políticos possam pensar. A questão é: como se articular regionalmente para termos nomes do município que também tenham impacto regional”, avalia Gleidylucy.

A especialista também avalia que os pleitos passam pelos partidos, que desempenham um papel importante nessas disputas pelos votos. “É importante também pensar que, nas eleições proporcionais, apesar de o voto ser destinado aos candidatos, elas também são organizadas a partir dos partidos. Então, não é só votar no candidato da cidade, mas ter candidatos nas cidades que possam formar um conjunto de votos capaz de garantir uma quantidade de vagas na Assembleia Legislativa ou na Câmara dos Deputados. Há uma relação cidade–região–partido, que muitas vezes também é organizada pelos objetivos partidários, os quais não podem ser retirados dessa conta quando avaliamos os pleitos legislativos”, conclui.

CANDIDATOS “PRIME” – Para o jornalista João Marcos Gomide, ter uma votação maciça em São Carlos é importante, mas não é o fator determinante para que um candidato a deputado estadual ou federal seja eleito em 2026.

Segundo ele, muito mais fundamental do que isso é o candidato ser colocado como “prime”, ou seja, como prioridade do partido, o que leva a agremiação a organizar recursos, cabos eleitorais importantes e estratégias que destaquem esse concorrente. Gomide atuou no Grupo Globo por mais de 30 anos e é estudioso do tema.

Ele cita o caso da deputada estadual Thainará Faria, de Araraquara. Ela recebeu 91.381 votos no Estado de São Paulo, sendo apenas 17.871, ou 21% do total, em Araraquara. Thainará conquistou, somente na capital paulista, 27.086 votos — expressivos 30% do total de sua votação e quase 10 mil votos a mais do que em sua cidade.