Engemasa fecha acordo com Sindicato garantindo manter empregos durante 60 dias
A manutenção dos postos de trabalho durante os próximos dois meses foi uma das condições impostas pelos trabalhadores para o fim da paralisação que durou quatro dias.
26 NOV 2025 • POR Da redação • 16h59Durante as negociações que resultaram no fim da greve na Engemasa, que durou quatro dias, um dos pontos do acordo entre a empresa e o Sindicato dos Metalúrgicos de São Carlos e Ibaté foi a manutenção dos postos de trabalho por 60 dias, período em que a empresa se compromete a manter o número atual de trabalhadores.
A Engemasa foi uma das empresas mais atingidas pela guerra comercial e pelo chamado Tarifaço do presidente dos EUA, Donald Trump. Em julho deste ano, a empresa demitiu 50 trabalhadores, 10% do total.
Os cortes foram diretamente causados pela guerra comercial promovida por Trump. Cerca de 80% das receitas da Engemasa são provenientes das exportações, e metade disso vem dos Estados Unidos. As demissões foram divulgadas em 15 de agosto pelo Jornal Nacional, da Rede Globo.
O diretor-geral da Engemasa, João Baroni, disse ao Estadão que, no início, acreditava-se que o Brasil poderia ser beneficiado, já que japoneses e europeus enfrentavam tarifas maiores. “Acreditávamos que haveria uma retomada de projetos engavetados, mas, com a imprevisibilidade, o cliente parou de tomar decisão de investimento”, destaca ele. Segundo Baroni, até outubro a fábrica estaria ainda operando em quase toda sua capacidade. “Depois, não sei o que vai ser”, afirma, claramente preocupado com o futuro.
CONQUISTAS DOS TRABALHADORES — A proposta aprovada pelos trabalhadores na manhã desta terça-feira, 25 de novembro, com validade de dois anos, assegura o reajuste do ticket, o aumento da PLR e o abono de 50% dos dias parados, sendo que as horas restantes deverão ser compensadas pelos trabalhadores até o final do ano de 2026.
Durante os quatro dias de greve, o Sindicato não apenas liderou a mobilização, como também denunciou práticas inaceitáveis por parte da Engemasa, como o uso de mão de obra terceirizada para tentar manter a produção, em clara tentativa de esvaziar o movimento.
Também foram relatados problemas sérios envolvendo saúde e segurança, com equipamentos fora das normas da NR-12 e EPIs inadequados, uma realidade que precisa ser corrigida com urgência.
O cenário começou a mudar na segunda-feira (24/11), quando, pressionada pela firmeza dos trabalhadores, a empresa procurou o Sindicato para uma reunião e apresentou a contraproposta que foi levada ao debate coletivo no Clube de Campo.
Na votação realizada na terça-feira (25/11), em frente à fábrica e com grande participação, os trabalhadores aprovaram a proposta, garantindo o fim da greve e o retorno imediato às atividades.
O Sindicato dos Metalúrgicos de São Carlos e Ibaté reitera que seguirá vigilante no cumprimento de todos os compromissos assumidos pela empresa e continuará atento às denúncias apresentadas ao longo do movimento, especialmente no que diz respeito à terceirização, às condições de trabalho e à valorização profissional.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Carlos e Ibaté, Vanderlei Strano, ressaltou a importância histórica da mobilização. “Os trabalhadores da Engemasa mostraram organização, unidade e determinação. Saímos vitoriosos desta greve. Parabenizo cada companheiro que permaneceu firme, não recuou e defendeu os direitos de todos e todas. Vocês mostraram coragem, compromisso e consciência de classe. É graças a essa união que conquistamos avanços importantes”, afirmou Strano.