De volta ao trabalho

Metalúrgicos aceitam nova proposta e encerram greve na Engemasa

A nova proposta foi construída em reuniões durante toda a tarde de ontem, segunda-feira, 24 de junho, entre diretores da empresa e o Sindicato dos Metalúrgicos

25 NOV 2025 • POR Da redação • 15h15

A paralisação das atividades na Engemasa, deflagrada há oito dias pelos trabalhadores, chegou ao fim na manhã desta terça-feira, 25 de novembro. Durante assembleia realizada pelo Sindicato dos Metalúrgicos de São Carlos e Ibaté, por volta das 7h, uma nova proposta da empresa para pagamento da PLR (Participação nos Lucros e Resultados) e ticket-refeição foi apresentada e aprovada pelos metalúrgicos, que decidiram voltar ao trabalho, encerrando o movimento.

A nova proposta foi construída em reuniões durante toda a tarde de ontem, segunda-feira, 24 de junho, entre diretores da empresa, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Vanderlei Strano, e seus diretores. A assessoria de imprensa do Sindicato divulgará nesta quarta-feira, 26 de novembro, detalhes do acordo firmado entre as partes.

TARIFAÇO – A Engemasa, empresa que tinha 500 trabalhadores, foi uma das que mais sentiram os efeitos do “Tarifaço” de Donald Trump. Acuada pela queda no número de encomendas, a empresa teve que demitir 50 deles, ou seja, 10% do seu quadro funcional.

As dispensas foram diretamente provocadas pela guerra comercial promovida pelo presidente norte-americano. Cerca de 80% das receitas da Engemasa são provenientes das exportações, e metade disso vem dos Estados Unidos. As demissões foram divulgadas na noite da sexta-feira, 15 de agosto, pelo Jornal Nacional, da Rede Globo, e também na edição do jornal O Estado de S. Paulo.

Criada há 50 anos e considerada a primeira empresa de alta tecnologia de São Carlos — característica que depois se tornou marca da cidade —, a Engemasa é uma das cinco empresas do mundo que produzem equipamentos com ligas metálicas especiais desenvolvidas para a indústria pesada, como petroquímica, óleo e gás, fertilizantes e siderurgia.

O maior problema da Engemasa é que os equipamentos que fabrica são feitos sob encomenda e demoram de seis meses a um ano para serem produzidos. Os problemas começaram em abril deste ano, quando Trump passou a falar em tarifar diferentes países. Diante das incertezas, as encomendas foram diminuindo cada vez mais.

O diretor-geral da Engemasa, João Baroni, disse ao Estadão que, no início, acreditava-se que o Brasil poderia ser beneficiado, já que japoneses e europeus enfrentavam tarifas maiores. “Acreditamos que haveria uma retomada de projetos engavetados, mas, com a imprevisibilidade, o cliente parou de tomar decisão de investimento”, destaca.