Américo Brasiliense

Cidade da região tem surto de diarréia com 2 mil casos confirmados

16 NOV 2025 • POR Da redação • 09h40
Homem com dor na barriga - IA

A cidade de Américo Brasiliense, na região de Araraquara, enfrenta uma situação de emergência sanitária após registrar 2.111 casos de diarreia aguda e uma morte associada ao surto, que começou no final de setembro. Com população estimada em 33 mil habitantes, o município viu um aumento alarmante de atendimentos em unidades de saúde, especialmente durante o mês de outubro.

Segundo boletim divulgado pelo Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE) e pelo Centro de Vigilância Sanitária (CVS) do Estado de São Paulo, análises laboratoriais realizadas em outubro apontaram falhas no processo de cloração da água distribuída à população, com detecção de coliformes totais e da bactéria Escherichia coli em pontos do sistema de abastecimento público.

Os registros oficiais mostram que, apenas em outubro, 1.780 casos foram notificados — um crescimento de mais de 290% em relação aos 453 casos registrados em setembro. Os sintomas relatados pelos pacientes incluem diarreia intensa, vômitos, febre e desconforto abdominal. Casos de reincidência também foram observados pelas equipes de saúde.

Diante do cenário, o governo estadual distribuiu 6 mil frascos de hipoclorito de sódio a 2,5% à prefeitura, para que seja feita a purificação caseira da água, enquanto os problemas identifciados no sistema de abastecimento são corrigidos. A administração municipal e o Departamento de Água, Esgoto e Meio Ambiente (Daema) foram autuados pela Vigilância Sanitária por falhas na operação dos sistemas de captação e distribuição.

A equipe técnica do estado informou ainda que amostras clínicas coletadas em pacientes apresentaram 100% de positividade para vírus gastroentéricos, como norovírus e rotavírus, além de bactérias. Outras amostras foram encaminhadas ao Instituto Adolfo Lutz para análises detalhadas.

Apesar das evidências e notificações, a Prefeitura de Américo Brasiliense tem negado qualquer irregularidade no sistema de abastecimento, afirmando que todas as medidas necessárias estão sendo tomadas para garantir a segurança da água distribuída à população.

Moradores também relataram à reportagem mau cheiro vindo de pontos da cidade, principalmente durante a noite. A empresa São Martinho, responsável pela Usina Santa Cruz, foi advertida duas vezes pela Cetesb por emissão de substâncias odoríferas que causaram incômodo à população. Em nota, a empresa informou que adotou medidas corretivas e que não há risco à saúde pública.

Enquanto o abastecimento não volta à normalidade, especialistas recomendam que a população ferva a água antes do consumo ou adicione duas gotas de hipoclorito de sódio por litro, aguardando 30 minutos antes do uso. Também orientam a evitar alimentos crus ou malcozidos e reforçar a higiene das mãos, principalmente antes das refeições e após o uso do banheiro.

O caso segue sendo acompanhado de perto por autoridades sanitárias e provoca preocupação em municípios vizinhos, que reforçam a necessidade de vigilância constante sobre a qualidade da água e investimentos em saneamento básico.