Trabalhadores da Engemasa podem iniciar greve na segunda-feira
A Engemasa foi uma das empresas do setor industrial de São Carlos mais duramente atingidas pelo "Tarifaço" do presidente dos EUA, Donald Trump
14 NOV 2025 • POR Da redação • 18h46Os trabalhadores metalúrgicos da Engemasa poderão paralisar as atividades da empresa na próxima segunda-feira, 17 de novembro. A greve já foi aprovada pelos funcionários. Porém, caso haja a apresentação de uma nova proposta, o Sindicato dos Metalúrgicos de São Carlos e Ibaté deve realizar uma assembleia na manhã de segunda-feira, em frente à fábrica, no Distrito Industrial Miguel Abdelnur, para avaliar qual rumo as negociações irão tomar.
O pacote tarifário, que impõe uma sobretaxa de 50% sobre vários produtos brasileiros, impactou diretamente a empresa. A Engemasa, que tinha 500 trabalhadores, teve que demitir 50 deles, ou seja, 10% do seu quadro funcional.
As dispensas foram provocadas pela guerra comercial promovida por Trump. Cerca de 80% das receitas da Engemasa são provenientes das exportações, e metade disso vem dos Estados Unidos. As demissões foram divulgadas na noite desta sexta-feira, 15 de agosto, pelo Jornal Nacional, da Rede Globo, e também na edição do jornal O Estado de S. Paulo.
Criada há 50 anos e considerada a primeira empresa de alta tecnologia de São Carlos — característica que depois se tornou uma marca da cidade — a Engemasa é uma das cinco empresas do mundo que produzem equipamentos com ligas metálicas especiais desenvolvidas para a indústria pesada, como petroquímica, óleo e gás, fertilizantes e siderurgia.
O maior problema da Engemasa é que os equipamentos fabricados são feitos sob encomenda e demoram de seis meses a um ano para serem produzidos. Os problemas começaram em abril deste ano, quando Trump passou a falar em tarifar diferentes países. Diante das incertezas, as encomendas foram ficando cada vez menores.
O diretor-geral da Engemasa, João Baroni, disse ao Estadão que, no início, acreditava-se que o Brasil poderia ser beneficiado, já que japoneses e europeus enfrentavam tarifas maiores. “Acreditávamos que haveria uma retomada de projetos engavetados, mas, com a imprevisibilidade, o cliente parou de tomar decisão de investimento”, destaca.