Cidade

Guardião do Tempo: são-carlense mantém relógios históricos funcionando de forma voluntária

Ele cuida, restaura e ilumina os relógios das principais igrejas da cidade, preservando a memória e o funcionamento de verdadeiros marcos do tempo são-carlense.

12 NOV 2025 • POR Jessica Carvalho R • 08h25
Relógio da antiga estação ferroviária - arquivo pessoal

O são-carlense João Lucas é um exemplo de dedicação e amor pela história da cidade. Responsável pela manutenção de grande parte dos relógios públicos de São Carlos, ele realiza um trabalho silencioso e voluntário que garante que o tempo continue sendo marcado nas torres de igrejas e prédios históricos — símbolos que fazem parte da identidade do município.

Segundo João Lucas, a paixão por mecanismos e pela preservação do patrimônio o levou a se envolver com a restauração e manutenção desses relógios. Ele já realizou serviços nas paróquias Santo Antônio, São Benedito e nos Salesianos, além de ter feito a instalação de sistemas de iluminação em LED nas torres, valorizando ainda mais o visual noturno desses pontos históricos.

“Hoje mantenho quase todos os relógios públicos da cidade funcionando, realizando manutenção periódica, tudo de forma voluntária. O que mais tenho apreço é o da paróquia São Benedito — vou semanalmente até lá dar corda e verificar se está tudo certo”, contou.

O último relógio a passar por manutenção, foi o da Igreja Santo Antônio, no último sábado (08),que estava sem bater os sinos desde 2022. Segundo João Lucas, foi necessário recuperar três peças danificadas para que o mecanismo voltasse a funcionar plenamente.

Além do cuidado técnico, João também faz questão de preservar a memória das máquinas e suas histórias. Uma das curiosidades que ele compartilha é que o mecanismo do relógio da igreja Santo Antônio pertenceu à antiga Matriz de São Carlos, demolida no início dos anos 1940 para a construção da atual Catedral. “A máquina foi guardada e depois instalada na Santo Antônio no final da década de 1940. Existem até recortes de jornais da época que contam sobre a instalação do ‘novo’ relógio na antiga matriz”, explica.

João lembra ainda que algumas dessas estruturas, como o teto da igreja Santo Antônio, estão em situação preocupante, mesmo sendo tombadas. Para ele, é fundamental que órgãos como a Fundação Pró-Memória se atentem à conservação do patrimônio histórico local.“É manter a história viva”, resume João Lucas, que costuma registrar com fotos suas subidas às torres e o trabalho nos mecanismos centenários.

Com sua dedicação, ele se tornou uma espécie de guardião do tempo em São Carlos, garantindo que cada badalada continue a marcar, não apenas as horas, mas também o compromisso de uma cidade com sua história.