Cardiologista da Santa Casa alerta para o AVC, que mata uma pessoa a cada seis minutos
Custo hospitalar com internações foi de quase R$ 1 bi em seis anos; hospital registra média de um AVC por dia em São Carlos
21 OUT 2025 • POR Da redação • 14h40O acidente vascular cerebral (AVC), popularmente conhecido como derrame, figura atualmente como uma das principais causas de morte e incapacidade física no mundo. Dados da consultoria especializada em gestão de saúde e custos hospitalares Planisa indicam que, a cada 6,5 minutos, uma pessoa morre em razão do AVC no país. Em 2024, a Santa Casa registrava uma média de um AVC por dia no hospital.
Os números revelam ainda os custos hospitalares relacionados ao tratamento do AVC no sistema de saúde brasileiro. Entre 2019 e setembro de 2024, foram contabilizadas 85.839 internações, com permanência média de 7,9 dias por paciente, resultando em mais de 680 mil diárias hospitalares.
Desse total de diárias, 25% foram em unidades de terapia intensiva (UTI) e 75% em enfermarias. No período analisado, os gastos acumulados chegaram a R$ 910,3 milhões, sendo R$ 417,9 milhões em diárias críticas e R$ 492,4 milhões em diárias não críticas. Apenas em 2024, até setembro, o montante já ultrapassava R$ 197 milhões.
O médico cardiologista da Santa Casa de Misericórdia de São Carlos, Vicente Matinatta, destaca que o AVC é, sim, uma das principais causas de morte da população. "O AVC pode ser causado de duas maneiras. O AVC isquêmico pode ser causado por uma arritmia, conhecida como fibrilação atrial, em que uma região do átrio não bate, mas treme e acumula coágulos de sangue. Esse coágulo pode se desprender, ir para a cabeça e obstruir uma artéria, causando o sintoma no paciente", comenta.
Segundo Matinatta, a outra forma é através de placas de gordura, chamadas de arteriosclerose, que podem se formar nas carótidas, por exemplo. "Em determinado momento, essas placas se rompem, causando o AVC. No caso da placa de gordura, a mesma que pode causar o infarto quando ocorre no coração, os principais fatores de risco não modificáveis são a idade do paciente, o sexo masculino embora, após a menopausa, o risco aumente também para as mulheres e o histórico familiar. Os outros são modificáveis, como o sedentarismo, o diabetes, a pressão alta e o colesterol. Esses problemas não causam sintomas, e o diagnóstico só é feito por meio de exames. O tabagismo, a obesidade e a má qualidade do sono são também fatores de risco importantes", destaca.
Matinatta ensina como identificar uma vítima de AVC. "O que é importante aqui? Observar se o paciente apresenta sintomas. Quais são eles? Fraqueza em um lado do corpo e dificuldade para falar são os principais. Mas ele pode ter dor de cabeça, alteração na visão. Diante disso, é fundamental procurar um pronto atendimento com urgência para realizar uma tomografia e confirmar o diagnóstico de AVC. E por que isso? Porque ele pode receber um medicamento intravenoso chamado trombolítico, que afina o sangue e desentope a artéria obstruída, podendo reverter ou reduzir os sintomas. O AVC tem alto grau de mortalidade e pode causar morbidade. O paciente pode ficar acamado, totalmente dependente. Portanto, o AVC pode tanto matar quanto causar complicações irreversíveis", conclui.
O levantamento mostra que, ao longo dos anos, houve crescimento constante dos custos, que praticamente dobraram entre 2019 e 2023, passando de R$ 92,3 milhões para R$ 218,8 milhões. O aumento acompanha a alta no número de internações por AVC, que saltou de 8.380 em 2019 para 21.061 em 2023.
ENTENDA De acordo com o Ministério da Saúde, o AVC acontece quando vasos que levam sangue ao cérebro entopem ou se rompem, provocando a paralisia da área cerebral que ficou sem circulação sanguínea. O quadro acomete mais homens e, quanto mais rápido for o diagnóstico e o tratamento, maiores as chances de recuperação.
A pasta destaca a importância de estar atento a sinais e sintomas como confusão mental, alteração da fala e da compreensão, alteração na visão (em um ou em ambos os olhos), dor de cabeça súbita, intensa e sem causa aparente, alteração do equilíbrio, tontura ou dificuldade para andar, e fraqueza ou formigamento em um lado do corpo.
O diagnóstico do AVC é feito por meio de exames de imagem que permitem identificar a área do cérebro afetada e o tipo do derrame cerebral isquêmico ou hemorrágico. A tomografia computadorizada de crânio, segundo o ministério, é o método mais utilizado para a avaliação inicial, demonstrando sinais precoces de isquemia.
Os fatores de risco listados incluem hipertensão, diabetes tipo 2, colesterol alto, sobrepeso, obesidade, tabagismo, uso excessivo de álcool, idade avançada, sedentarismo, uso de drogas ilícitas, histórico familiar e ser do sexo masculino.